Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


sexta-feira, 31 de março de 2006

Divirta-se!

O fim de semana promete
por Thaíse Torres

Neste fim de semana, só vai ficar parado em casa quem quiser. As opções são extensas e tem atração para todo gosto.

Nos cinemas estréia hoje a esperada continuação de A era do Gelo, A era do gelo 2 (no original “Ice age 2: the meltdown”)! Com a divertida saga de Many, Sid, Diego e é claro, o carismático e muito azarado Scrat, aquele bichinho engraçado que só se dá mal. Para quem gosta de Queen Latifah a dica é ‘As férias da minha vida’ ( no original “The last Holiday”), comédia que também promete.

Outro destaque das estréias dessa semana é o Drama ‘Crianças invisíveis’ ( “All the Invisible Children”), filme dividido em sete segmentos cujo objetivo é mostrar várias realidades da infância.

Mas não é só o cinema que está polvoroso neste fim de semana. Quem curte música também tem diversas opções: Festa no Lago Norte (Boate Landscape, hoje, 23h, R$5 até 1h e R$8 após. Sets de The Killers, Placebos, Scissor Sisters, Tiga, Madonna e outros), música eletrônica em Taguatinga (Metrópolis Lounge, hoje, 22h, R$5 para mulheres até 0h e R$10 para homens e mulheres após 0 h.) e no Lago Sul, Asa Sul e Café Cancun, é só procurar!

Temos também a festa de pré-lançamento do Festival de Música Independente com as bandas Mundo Livre SA (PE), Cadabra (DF), João Ninguém (DF), Manofatura (DF) e Pirâmidi (DF). A festa será no Centro Comunitário da UnB, amanhã, à partir das 22h com ingressos de R$30 a inteira e R$ 15 a meia. Os primeiros 1800 ingressos ganharão CDs ‘CaçaBandas’ ou ‘Beats and Bites’.

E o outro destaque da música neste fim de semana é a festa ‘A volta aos anos 80’. A festa, por onde já passaram mais de 80 mil pessoas de acordo com os organizadores, promete não apenas relembrar como também fazer com que você reviva os anos 80. Dedé Santana e Gretchen foram os convidados da última e esta terá um convidado surpresa, que mesmo não revelado está causando expectativa. Se você é daqueles que teve seu primeiro beijo numa matinê da Zoom, ou que até hoje não saiu daquelas matinês, seu lugar é com certeza na festa “A volta aos anos 80”! A festa será no Salão Social da AABB, amanhã dia primeiro de abril, à partir da 22h. Os ingressos estão (até hoje) a R$25 (a meia) para a pista, R$ 30 (a meia) para a mesa, e R$ 40 (a meia) para o camarote. Maiores informações podem ser obtidas pelos telefones 3481-8181 e 3223-0078 e no site www.paulinhomadrugada.com.br

Se mesmo com todas essas opções você preferir ficar em casa, te aconselho alugar um filme, fazer um capuccino e aproveitar. Bons filmes para se assistir são ‘O Jardineiro fiel’ (Drama, EUA, 2005), e ‘Tudo acontece em Elizabethtown’ (Comédia Romântica, EUA, 2005). E para assistir com toda a família ‘Harry Potter e o Cálice de Fogo’ (Aventura, EUA, 2005) , que mesmo não tendo sido fiel ao livro (muitas coisas tiveram que ser cortadas e algumas mudadas por causa do tamanho do livro), é com certeza o melhor dos quatro filmes feitos até agora e garantia de diversão. Espero que com essas dicas o fim de semana seja ao menos gratificante. E... Divirta-se! Porque o fim de semana promete!

Thaíse Torres reveza esta coluna com Marco Prates às sextas-feiras.

A história que não se apagou

Mais de 40 anos depois, a ditadura militar ainda é assunto polêmico e cheio de lembranças ruins para quem a vivenciou
por Adriana Caitano

“Prisão, tortura e morte”. São essas as palavras que vêm à mente de milhares de brasileiros ao recordarem-se do regime militar, como o jornalista e professor da UnB, Hélio Doyle. 42 anos após o golpe que levou os militares ao poder, as lembranças da chamada Ditadura Militar ainda permanecem marcadas na cultura do Brasil e na vida de todos os espectadores e atores dessa história que jamais será esquecida.

Ao tomar posse, em 1961, o presidente João Goulart instaurou uma política de abertura a movimentos sociais. Estudantes, organizações populares e trabalhadores ganharam espaço, causando a preocupação das classes conservadoras, como os empresários, os banqueiros, a Igreja Católica, os militares e a classe média. Eles temiam que o poder chegasse às mãos do povo ou que o comunismo tomasse conta do país.

Para evitar tal situação, em 19 de março de 1964, os conservadores organizaram a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu milhares de manifestantes na capital paulista. A tensão pairava sobre o país, até que, no dia 31 de março, tropas militares invadiram as ruas. Acuado, o presidente foge para o Uruguai, deixando o caminho livre para os militares tomarem o poder na mesma noite.

Durante 20 anos, de 1964 a 1985, o regime fez vítimas e obras. O período entre 69 e 73, sob a presidência do general Emílio Garrastazu Médici, ficou conhecido como o milagre econômico. Este nome foi dado devido ao crescimento do PIB de quase 12% ao ano, a queda da inflação, os investimentos internos em infra-estrutura, a geração de milhares de empregos e a construção da Rodovia Transamazônica e da Ponte Rio-Niterói. No entanto, todo esse avanço custou caro e a dívida externa do Brasil foi às alturas. Ainda nessa fase, a Seleção Brasileira de Futebol conquistou o tricampeonato mundial na Copa de 70, o que serviu de publicidade para o espírito patriota instalado pelos militares.

Mas o país não vivia de alegrias. Os Atos Institucionais (AI) vinham como bombas para a democracia. Tratavam-se de um ato de força não previsto juridicamente com poder de alterar a constituição. Francisco Campos, autor do AI-1, dizia que “a revolução não precisa ser legitimada, ela se auto legitima”. O lema “Ame-o ou Deixe-o” era o símbolo do nacionalismo e do repúdio àqueles que eram contra a revolução, como o regime era chamado pelos militares, e eram “convidados” a retirarem-se do país.

A censura e a repressão marcaram com mãos de ferro os brasileiros mais reacionários. Agrupar-se para uma simples roda de viola já não era permitido. Qualquer movimentação de duas ou mais pessoas era vista como ação subversiva e os envolvidos eram presos, interrogados e submetidos à tortura. “É tempo de meio silêncio, de boca gelada e murmúrio, palavra indireta, aviso na esquina”, dizia o poeta Carlos Drummond de Andrade.

Jornalistas, intelectuais e artistas eram os maiores opositores da ditadura, também os que mais sofriam com sua violenta forma de calar. O acesso às informações era restrito e, quando as tinham, não podiam noticiá-las por medo da censura. Os escritores e compositores tiveram que aprender a falar sem dizer, ou seja, utilizavam-se de metáforas para expressarem sua revolta sem correrem o risco de serem presos e censurados. Toda essa pressão originou uma das melhores fases criativas da música brasileira. Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Geraldo Vandré e outros foram consagrados pela coragem de colocarem “o bloco na rua”, como diziam os mais revolucionários. Suas canções foram lemas da juventude indignada da época e ainda hoje são regravadas.

Na memória dos que viveram naquela época, ficou um rastro de medo. Na mente dos que a estudam hoje, uma sensação de desconforto e revolta. Hélio Doyle, o jornalista, preso várias vezes naquele período, afirma: “o Brasil seria muito melhor hoje se não houvesse a ditadura em sua história”.

quinta-feira, 30 de março de 2006

Novas regras para o trancamento de matérias

O aluno não poderá trancar a disciplina após assistir a algumas aulas. O trancamento deverá ser feito até 10 dias após o ajuste de matrícula
por Aerton Guimarães

Uma má notícia para aqueles alunos indecisos: a partir do próximo semestre, primeiro de 2006, o trancamento de matrícula será diferente. Até o ano passado, o estudante iniciava a disciplina e, se não gostasse ou não pudesse continuar cursando, podia trancá-la até concluir 50% da mesma. Porém, a Câmara de Ensino de Graduação estabeleceu que a partir de agora o prazo é muito menor: até dez dias após o ajuste de matrícula.

A informação é do coordenador de graduação da Faculdade de Comunicação, Carlos Eduardo Esch. De acordo com ele, a nova regra é necessária para impedir o alto índice de desistência por parte dos alunos. “A universidade perde muitas vagas. O custo para manter cada disciplina é muito alto”, afirma.

Um dado preocupante que o professor apresenta é a quantidade de vagas que surgem, semestralmente, devido aos trancamentos: doze mil em toda a universidade. Esch acredita que o motivo da desistência é o abandono da disciplina quando o aluno percebe que o professor de tal disciplina é muito exigente.

Serviço
A oferta de disciplinas estará disponível a partir de amanhã no endereço www.matriculaweb.unb.br.

A matrícula online poderá ser feita entre 0h do dia 7 de abril e às 22h30 do dia 10. E o ajuste de matrícula nos dias 12 e 13.

quarta-feira, 29 de março de 2006

Coluna - Futebol

The Champions…
por Guilherme Rocha

Olha (sem querer desprezar o nosso próprio futebol), não dá pra agüentar os campeonatos estaduais. Em São Paulo, o favorito a ganhar é um time sem um jogador brilhante sequer. Em Minas Gerais, um dos finalistas está sabe-se lá em que divisão do Campeonato Brasileiro (e o Galo mal das pernas…). No Rio de Janeiro, bom… deixa pra lá…

Então, o jeito é babar pelos elencos dos clubes estrangeiros. A Liga dos Campeões da Europa continua nesta semana na sua etapa de quartas-de-final. Vejamos as chances de cada um.

Villarreal e Benfica são dois azarões. Suas campanhas já podem ser consideradas excelentes (ambos eliminaram o Manchester United e o Benfica passeou contra o atual campeão, o Liverpool). Porém, esses dois times não têm jogadores para almejar o título.

A Inter de Milão tem um grupo muito bom. Adriano pode estar sem confiança, mas já mostrou crescer nas decisões. Figo e Recoba são jogadores experientes e a defesa é de confiança. Se todos estiverem afinados, é uma candidata.

A Juventus é aquele time que ganha todos os jogos de um a zero e é campeão nos pontos corridos. Entretanto, em um mata-mata, é preciso de mais. O futebol da Velha Senhora é muito pragmático: falta um jogador diferente, criativo, que tire um coelho da cartola quando o time precisar.

Já o Arsenal, não é o mesmo de antes. Henry não poderá resolver sozinho. Os ingleses devem ficar pelo caminho. A eles junta-se o Lyon. O Campeonato Francês é uma coisa, Liga dos Campeões é outra. Juninho não é aquele jogador que carrega o time nas costas, que pede a bola a todo momento e faz com que os companheiros cresçam de produção. Não se pode depender só dele.

Finalmente, os favoritos. De um lado, a magia de Ronaldo Assis. Do outro, a eficiência de Ricardo Izeckson. O Barcelona cria muitas chances de gol para si, mas as cria para o adversário também. Puyol e Oleguer são zagueiros comuns e sempre há um lateral atacando. No meio, só Edmílson marca. E Eto’o já mostrou não ser jogador decisivo (vide suas últimas atuações na Seleção Camaronesa).

Pois eu aposto no Milan. A defesa é segura (Dida não vai comprometer em uma decisão), o meio é equilibrado e o ataque é goleador (salve Shevchenko!). E, os leitores vão me condenar, Kaká é melhor que Ronaldinho.

Guilherme Rocha reveza esta coluna com Vítor Matos às quartas-feiras.

terça-feira, 28 de março de 2006

Nota do editor

Com o recesso da UnB, o Blog do CACOM funcionará parcialmente. As colunas continuarão, acompanhadas de textos opinativos. O ritmo de produção de matérias voltará com o primeiro semestre de 2006, a partir de 17 de abril.

segunda-feira, 27 de março de 2006

A nova L3 - transtorno e melhorias

Pista em obras incomoda pedestres; nova via deve melhorar o trânsito para quem estuda na UnB
por Gabriel Castro


Obra em andamento na L3

As obras de duplicação da L3 norte continuam em andamento. Quando estiver pronta, a nova pista vai aliviar o trânsito no local, por onde passam 30 mil carros diariamente. Até lá, quem sofre são os pedestres.

Planejada para atender principalmente à necessidade dos estudantes da UnB, a nova L3 custou R$ 5,7 milhões. Iniciada no segundo semestre de 2005, a obra deveria ter sido concluída no dia 20 de março . Porém, as chuvas atrapalharam e, segundo a Novacap, em maio a via estará liberada para o tráfego.

Três empresas diferentes coordenam a obra, que emprega 20 operários. Ao término das obras, a nova L3 terá três faixas em cada sentido. O trânsito na via costuma ficar lento nas proximidades da UnB, principalmente durante o início da manhã, a hora do almoço e o fim da tarde. Com a obra, o trânsito deve passar a fluir melhor. Entretanto, enquanto as máquinas trabalham, os pedestres se incomodam.

É o caso de Isabela Veiga, aluna de Comunicação Social na UnB. Moradora da 409 norte, ela precisa atravessar diariamente a L3 em obras. E reclama: “Quando não chove, tem poeira. Quando chove, tem lama”. Ela reclama da dificuldade em atravessar a pista em obras, e da sujeira causada pelo barro. E endossa uma reclamação constante entre os pedestres: em alguns trechos, a calçada foi retirada, e as pessoas precisam andar pelo asfalto, aumentando o risco de acidentes.

domingo, 26 de março de 2006

Ombudsman

por Wagner Humberto Durães

O blog do Cacom, além de inserir-se no contexto das novas mídias, é um espaço de experimentação. Daí a aposta em pautas variadas e formatos diferentes – como notícias propriamente ditas, artigos e colunas. No entanto, a fórmula não se desvincula por completo do dito jornalismo online, que deve primar por textos leves e no geral, breves. Enfim, instantaneidade. Nesse sentido, o blog ainda peca pelo tamanho dos textos. E ao serem “blogadas” na interminável coluna, as matérias parecem ser ainda maiores. Dá impressão de que a barra de rolagem nunca vai atingir a conclusão da matéria.

Ainda sobre a forma, alguns parágrafos contrastam demais em tamanho no mesmo texto. E as fotos, onde estão elas? A propósito, os leitores, num afã de curiosidade ou vouyerismo, adorariam ver a foto da manifestação instantânea dos peladões. Mas passaram tão rápido que nem os novos jornalistas de plantão puderam ver. Resta saciar a curiosidade com a explicação que, aliás, demora a surgir na matéria. Uma estudante opinou que, a princípio, parecia coisa de quem quer chamar atenção. Bom, da leitura da matéria, concluímos que esse não era exatamente o fim, mas foi um pelo menos um meio.

Alguns textos, além de compridos, trazem frases imensas, como a dos atos de vandalismo na UnB. Já bastam os rolos de papel higiênicos “afogados” e os espelhos que somem. Não cansemos, pois, a beleza dos leitores sumindo também com os pontos. Aqui caberiam ainda outras divagações, como a obviedade da “conseqüência de uma causa”. Mas falemos de conteúdo. A matéria cumpre seu papel ao chamar atenção para um problema tão grave na universidade. Vamos concordar com o coordenador da DSG. Já está mesmo na hora na hora de usar a educação que a mamãe deu. Ela, certamente vaidosa, devia ficar furiosa se lhe quebrassem ou sumissem um espelho do banheiro.

Na série de reportagens sobre as empresas Júnior da UnB, nesta semana foi a vez da Socius. Para quem não sabe o que é isso, acreditem, está tudo lá em poucos parágrafos. Ah, eu quero saber mais! Pois bem, lá está um link. Clique e confira. A consultoria é deles, não do blog do Cacom. Já a coluna de futebol continua um primor. Chama atenção até de pessoas que, como este ombudsman, não têm o costume de ler sobre esportes. A pontuação das frases curtas torna o texto leve e agradável. Com o perdão do trocadilho, ponto para o colunista! Além disso, o assunto transcende o campo de futebol e tira o protagonismo da bola. Vida longa ao Vitor. E ao blog do Cacom!

Wagner Humberto é estudante do 7º de Jornalismo na UnB.

sábado, 25 de março de 2006

Lembra deles?

Descoberto o motivo da corrida de estudantes nus há algumas semanas
por Juliana Braga

Há alguns dias os estudantes da UnB foram surpreendidos por uma manifestação incomum. Por volta do meio-dia, cerca de quinze pessoas atravessaram o prédio do Minhocão, trajando nada além (nada além mesmo!) de panos no rosto. Rapidamente surgiram os mais variados rumores tentando explicar o porquê da corrida. Alguns afirmavam que a manifestação era um flash mob, espécie de evento mais comum nos Estados Unidos, no qual um grupo de pessoas vai de repente a um lugar público, desenhando movimentos pré-coreografados e sem sentido aparente e se dispersam tão rapidamente como aparecem. Outros acreditavam se tratar de divulgação de uma peça teatral intitulada “Toda nudez será castigada”. Uns diziam até que não passava de um trote de mau gosto com calouros.

Minutos após a corrida, indagados sobre o sentido da corrida, os “corredores” responderam, ironicamente que era sentido “norte-sul”. Diante de tantas hipóteses e do anonimato dos envolvidos parecia impossível descobrir qual era de fato a motivação de tal acontecimento.

O Blog do CACOM conseguiu conversar com um dos envolvidos, o qual não quis se identificar. Ele esclareceu que a idéia surgiu durante uma conversa em um dos CAs da UnB e tinha por objetivo questionar a obediência a normas que limitam a sociedade. Acreditam que a universidade não deve ser apenas um local de repetição de idéias e que nela há um clima de estagnação. Segundo ele, “foi uma canalização da força criativa dos estudantes que queriam mostrar a possibilidade e a importância da subversão”. Disse ainda que “é uma forma de criar novos moldes de comportamento, acabar com o tradicional”. Apesar de estarem também buscando uma liberdade individual, cobriram os rostos para passarem uma idéia de coletividade. O ato não precisava ter uma cara; assim, representaria qualquer pessoa.

Muitos alunos, ao saber o real motivo da corrida, espantaram-se. Janaína Lazzaretti, estudante de Comunicação Social disse que, a princípio, parecia coisa de quem quer chamar atenção. “Com certeza, fizeram muitas pessoas refletirem sobre esse tipo de atitude, mas não é suficiente para que elas mudem de comportamento”, afirma a estudante.

sexta-feira, 24 de março de 2006

Cultura

Algumas dicas para o começo do recesso
por Marco Prates

Pode-se falar em jornalismo cultural como a publicidade dos eventos que ocorrem numa cidade, com críticas, comentários, ou mesmo apenas indicando os lugares e horários dos acontecimentos. No entanto, num site sem fins lucrativos, a agenda cultural fica à mercê das preferências do mediador, no caso, quem vos fala. Para não parecer injusto, aqui estão os endereços para quem quer se informar sobre todos os eventos musicais e cinematográficos, exposições e espetáculos teatrais da cidade.

A seguir, comentários sobre dois eventos que merecem destaque e que não pesam nada no bolso do pobre estudante:

Nação Farkas – A aventura documental de Thomaz Farkas
Numa época em que o Brasil não conhecia o Brasil, e o Brasil pouco conhecia o cinema documentário, Thomas Farkas foi o responsável pelo que ficou conhecido como Caravana Farkas, uma gigantesca expedição pelo país com grandes documentaristas (na época não tão grandes) entre 1964 e 1971. A mostra reúne filmes deste período e dum posterior de Farkas, que é visto nas obras ora como produtor, ora como diretor, ora como fotógrafo, ou todos. Com metragem entre 8 e 80 minutos, há três sessões por dia, cada uma com mais de um filme, com entrada franca. Recomendo a todos as obras que viraram clássicos do cinema nacional, e que ajudaram a descobrir um Brasil desconhecido, como Viramundo (de Geraldo Sarno); Subterrâneos do Futebol (de Maurice Capovilla), onde a paixão nacional é tratada sob várias frentes – na mesma sessão se inclui Todomundo, sobre os torcedores; Memória do Cangaço (de Paulo Gil Soares) e Nossa escola de Samba (de Manuel H. Gimenez). No Centro Cultural Banco do Brasil.

IXº Francofonia
Todo ano acontece o evento da Francofonia, onde Brasília tem a oportunidade de conhecer mais sobre a cultura dos países de língua francesa (seja a França, o Canadá, países da África como Senegal). Desde palestras diversas a filmes individuais e amostras temáticas, de shows e concertos a exposições, a programação é muito rica. Iniciada no dia 14, está marcada para terminar no dia 02 de abril. Os locais variam: o Cine Brasília e o cinema da Academia de Tênis, o auditório da Aliança francesa e a Livraria Cultura, entre outros. Programação.

Para os cinéfilos, merece destaque a mostra “O Melhor do National Film Board of Canada (NFB)”, com 28 curtas-metragens, um média e três longas, no Cine Academia, um dos únicos pagos eventos da mostra. Atenção às animações, experimentais e com um notável histórico de indicações e conquista de Oscars, geniais. A NFB é a entidade governamental que produz e distribui fitas canadenses há quase 70 anos.

Para finalizar e para quem se interessar: Ensaio geral e abertura da temporada 2006 da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional
Ensaio – dia 24, hoje, às 20h
Abertura – dias 25 e 26, às 20h (5ªSinfonia de Mahler)
Entrada Franca.

quarta-feira, 22 de março de 2006

Empresa Júnior

Prosseguindo com a série de matérias sobre as empresas júnior da UnB, o Blog do CACOM apresenta hoje a empresa do curso de Ciências Sociais, a Socius
por Diogo Alcântara

Trata-se de uma consultoria júnior formada por alunos de Sociologia e Antropologia que, desde a graduação, adquirem experiência profissional na área que pretendem atuar. Como qualquer consultoria em Ciências Sociais, eles realizam trabalhos como pesquisas de opinião, avaliações institucionais, perfis sócio-culturais, dentre outras coisas, a partir de técnicas de pesquisa e entrevista. Seu público-alvo é bastante vasto, formado principalmente por mestrandos e doutorandos que demandam alguns dados que a empresa pesquisa. Outra característica importante da Socius é que eles possuem um código de ética, sendo prevista nele, por exemplo, a não aceitação de clientes com poder aquisitivo suficiente para contratar uma empresa sênior.

A equipe

A Socius possui um quadro de 23 membros que foram treinados para realizar as atividades básicas e passaram por um mês de estágio probatório, além da participação de três professores conselheiros, que são substituídos anualmente. A empresa, assim como as organizações convencionais, é dividida em departamentos e diretorias, como recursos humanos, administrativo financeiro e outros.

Para a estudante de Sociologia Kelly Queiroz, que está no segundo semestre, trabalhar na Socius é uma grande oportunidade para os estudantes, é uma maneira de aplicar as técnicas de pesquisas na prática.

Para participar desta empresa júnior é necessário cursar Ciências Sociais, não importando o semestre em que o aluno esteja. A participação traz experiência, mas não é remunerada.

Para mais informações a respeito da Socius, acesse www.socius.org.br .

Coluna - Futebol

Vida longa aos reis?
por Vítor Matos

Diz a sabedoria popular que quem foi rei nunca perde a majestade. É verdade. Aquele que um dia já sentou num trono debaixo de uma coroa, mesmo deposto de sua elevada posição, carregará para sempre consigo a superioridade régia que o faz especial dentre os mortais. Luís XVI, por exemplo, perdeu o reinado, o prestígio e a cabeça; a majestade, contudo, manteve até o fim. Napoleão, por sua vez, perdeu a Guerra. Lula perde peso. A lista não pára por aí. Pepino, o Breve, rei dos francos na Alta Idade Média, perdeu a honra, mas não perdeu a piada. Adotou um epíteto que até hoje faz a alegria da rapaziada nas aulas de História.

No futebol não poderia ser diferente. Pelé, rei supremo do esporte, sempre perde uma chance de ficar calado. Suas gafes já são tão famosas quanto seus gols e, se continuar nesse ritmo, vai superar novamente a barreira dos mil, dessa vez no quesito “mancadas”. Outra coisa que Pelé perdeu ― e há muito tempo ― foi a conta de quantos filhos tem (Ele não perde tempo).

Adriano, o Imperador de Milão, perdeu a confiança. O que antes era uma perna canhota certeira e avassaladora agora não passa de um membro desengonçado e sem personalidade. Adriano está destro nos dois pés. Não acerta um bom chute há semanas. Parece que na Quaresma resolveu fazer jejum de gols. Todavia, ainda que seja ruim a fase que atravessa o jogador, não há motivos para pessimismo. Ele vem participando como titular de todos os jogos da Inter e, embora sem brilho, busca as jogadas, se apresenta pro jogo, chama a responsabilidade. Adriano está psicologicamente abalado, mas é jovem e já demonstrou inúmeras vezes o potencial que tem. É questão de tempo até o seu bom futebol voltar.

Já Ronaldo ― o Rei Momo ― perdeu mobilidade, arranque, habilidade e senso do ridículo. Ainda não perdeu a majestade, mas ela está hipotecada. O que surpreende é que só agora a imprensa e o grande público atinaram para o estado deplorável do futebol apresentado pelo ex-craque. O Fenômeno vem dando sinais claros de sua decadência há anos, basta analisar suas partidas a olhos frios. Desde sua contusão ― a não ser pela última Copa ― Ronaldo nunca mais foi o jogador brilhante de arremates precisos, passes inteligentes e de incrível explosão muscular que conquistou o mundo no final da década de 90. É difícil para o povo brasileiro reconhecer as deficiências de um ídolo, por isso é corrente entre nós a idéia de que o Fenômeno crescerá nos momentos decisivos, afinal “ele é um jogador de Copa do Mundo”. Que tal pararmos de tentar bloquear o sol com a peneira e começarmos a considerar um novo centroavante para o ataque da Seleção? Nos dois últimos torneios vencidos pelo selecionado de Parreira ― Copa América e Copa das Confederações ― Ronaldo não esteve presente (inclusive pediu para ser dispensado daquele último), e não fez falta alguma.

Um rei terá para sempre seu nome escrito na História, seus feitos serão lembrados com louvor ao longo dos anos. Suas conquistas, seu carisma, seu brilho, (sua majestade), são virtudes as quais ninguém jamais poderá negá-las. No entanto, assim como para todo ser humano, o tempo também passa para um rei. É nessa hora que, num último ato nobre de seu reinado, ele percebe que o cetro deve ser passado adiante. Um rei que vive só de batalhas passadas perde a serventia. Delendus Ronaldo!

Vítor Matos é estudante de Comunicação Social na UnB e reveza esta coluna com Guilherme Rocha às quartas-feiras.

terça-feira, 21 de março de 2006

Artigo

O mito do super-homem
por André Souza

O super-homem é um ser fascinante. Tem uma visão que não se limita à luz visível, audição acurada, super força, não fica doente, pode se locomover no vácuo sem nenhuma proteção, suporta frio e calor, é veloz, e, o mais importante, consegue voar. Que ser humano nunca quis voar como um pássaro? Pois o super-homem (que, apesar de tecnicamente ser um extraterrestre, vive como um ser humano) consegue. Uma beleza. Se não bastassem todas essas qualidades e o fato de ser desejado por todas as mulheres heterossexuais, homens homossexuais e mulheres e homens bissexuais que convivem com ele nesse mundo virtual, o cara é um exemplo de boa pessoa. Salva a mocinha do vilão, prende os bandidos, não usa sua força para espancar ninguém, evita desastres, e volta-e-meia salva o mundo. Com um currículo desse, não há dúvida: o super-homem é o cara.

Talvez seja melhor não ser tão precipitado. Há dúvida sim. Todos sabem que o super-homem é um personagem e que existe apenas nos quadrinhos, televisão, cinema e outras mídias quaisquer. Não é real, nem poderia ser com todos os seus poderes. São praticamente nulas as chances de um extraterrestre vir à Terra em tempo curto devido às grandes distâncias no cosmos. Altamente improvável esse extraterrestre ser espantosamente parecido com um homem normal. Ridículo propor que um sol amarelo seja capaz de lhe dar aqueles super-poderes. Mas vá lá. A história do super-homem não foi criada para representar a possibilidade de um evento real, mas para ser uma fonte de entretenimento. A verossimilhança não é essencial, mas a qualidade da história.

Antes de continuar preciso deixar bem claro algumas posições minhas. Revelá-las me torna mais imparcial do que se pretendesse sê-lo sem torná-las públicas. O fato é que eu gosto muito mais do Bruce Wayne. Está certo que o Clark Kent é jornalista, mas eu não sou corporativista. O Batman é mais perturbado, mais complexo, mais humano. Enfim, mais real. Sim, eu disse que a verossimilhança não é essencial, mas creio que deve haver um mínimo de coerência com o mundo verdadeiro. O Batman, fora a fantasia ridícula de morcego e a figura mais ridícula ainda do Robin, se aproxima do real. Já o super-homem é inconcebível seja fisicamente seja moralmente.

Alguém que tenha tantos poderes se sentirá tentado a usá-los para fins particulares. Isso é fato fartamente comprovado pela história. Ainda assim, muitos adoram pensar na figura do ditador bonzinho. O super-homem, em suma, é isso, um ditador bonzinho. Mas ditadores bonzinhos não existem. Apenas em situações hipotéticas, como a do personagem que estou analisando. Se um homem entre nós adquirisse todos os poderes fantásticos de que dispõe o super-homem, ele sem dúvida os usaria em proveito próprio. Claro que ele poderia ter boa índole e ajudar mocinhas em perigo, mas com o passar do tempo suas barreiras morais seriam empurradas cada vez mais. Em algum tempo teríamos um Stalin piorado. Quem não precisa se submeter a ninguém ou a nenhuma regra ficará livre para fazer o que quiser.

Talvez alguns possam achar que eu seja descrente quanto aos seres humanos. Só posso dizer que essas pessoas estão corretas. Acho que o ser humano é, na média, desprezível. Só não é menos desprezível que os outros seres vivos, que conseguem ser mais medíocres ainda. Posso gostar de uma ou outra pessoa, mas temos que admitir: nós não prestamos. Imagine agora um ser desprezível com poderes absolutos. É o fim.

Definitivamente, o super-homem não é o cara.

Publicado em 28 de janeiro de 2006 em www.jogodeideias.blogspot.com

André Souza é estudante de Comunicação Social na UnB.

segunda-feira, 20 de março de 2006

Atos de vandalismo na UnB

por Camila Louise e Thaíse Torres
Foto de Thaíse Torres

Um dos banheiros da UnB


Patrimônio público sempre foi vítima de vandalismo. E, como tal, a UnB não poderia estar fora
dessa. Freqüentemente ouvimos reclamações de estudantes quanto à ausência de papel higiênico e espelhos nos banheiros. Acontece que essa falta é conseqüência de uma causa. Explicamos: comportamentos como roubar espelhos ou tampas de vaso sanitário (qual a lógica nisso?) e quebra de
torneiras e “afogamento” de rolos de papel higiênico, quando não são usados para fazer serpentina,
provocam essa tal ausência, além de não serem atitudes que motivem o reabastecimento desses
produtos.

Quanto à tentativa de contenção desses atos, existem algumas idéias como soldar cadeiras de
duas a duas para evitar a quebra das mesmas, mas o que se espera é que as pessoas que tem esse tipo de comportamento, usem o bom senso e se eduquem.

Quando descoberto, o vândalo recebe a devida punição. Em caso de pichação, o indivíduo é “convidado” a limpar o seu feito. Em outras situações, a pessoa pode ser levada à delegacia para responder por atentado à patrimônio público. Em casos graves, se for funcionário do quadro, o
indivíduo pode ser demitido; se for aluno, pode chegar a ser jubilado.

O coordenador do Departamento de serviços gerais (DSG), Weglisson Medeiros, diz que, com
o uso do método de identificação de pessoas na entrada da universidade após às 23h e durante
feriados e finais de semana, o número de roubos diminuiu. Alega também que os banheiros voltam a ser “abastecidos”, mas pede a participação da comunidade para evitar o vandalismo. É isso aí: já está na hora de usar a educação que a mamãe deu...

domingo, 19 de março de 2006

Editorial

A matéria sobre a senadora Heloísa Helena teve grande repercussão e gerou grande polêmica. O nosso objetivo, que era o de cobrar da senadora, uma presidenciável, a ética que ela tanto prega, foi alcançado, ainda que não tenhamos obtido as respostas pretendidas. E, neste ano eleitoral, publicaremos informações sobre os demais candidatos. Nossa função não é de perseguição, é de cobrança. Cobramos de Heloísa Helena e cobraremos de quem mais estiver a frente do poder.

Também foi uma grata surpresa a quantidade de comentários na matéria. Até mesmo um outro endereço eletrônico publicou a matéria na íntegra (www.midiasemmascara.org), demonstrando apoio à iniciativa. Assim como a imprensa tem papel fiscalizador, ela deve ser fiscalizada, principalmente por quem lê. Então, leitor, diga-nos o que acha do nosso trabalho, critique, cobre. Os meios de comunicação precisam ouvir a sociedade e abrir espaço para ela, seja nas páginas virtuais, nas rádios ou na tela da televisão.

sábado, 18 de março de 2006

O jovem e a política

Pesquisa mostra a relação de alunos do ensino médio com a política
por Marco Prates

O jovem hoje não parece se interessar muito por política. Política consegue ser incrivelmente chata ao mesmo tempo em que se coloca distante da sociedade que deveria estar representando. Já foi mais marcante no passado, com suas honrosas ditaduras e guerras, talvez daí nascendo a maior participação de gerações anteriores. Há sim os que se alimentam dela, mas até que ponto os mais novos se importam?

Uma pesquisa realizada pelo cientista político Humberto Dantas, publicada junto a sua entrevista na revista Discutindo Política 01, da editora Escala Educacional, permite traçar uma pequena primeira abordagem de como os jovens do ensino médio vêem hoje o bicho-papão, a política.

Entre outras funções, Dantas é conselheiro da ONG suprapartidária Movimento do Voto Consciente, cujo último projeto chama-se Valores nas Escolas. Nas palestras desenvolvidas em 12 escolas da Zona Sul de São Paulo, públicas e privadas, alunos eram selecionados aleatoriamente para responder a um questionário com o objetivo de medir o grau de envolvimento dos jovens paulistanos em questões públicas e políticas. Foram entrevistados 1191 futuros vestibulandos, com idade média de 16 anos.

Apresento aqui alguns dados: mesmo com o direito legal, 80% dos jovens não se interessaram em tirar o título de eleitor; quase 75% não apresentavam afinidade com nenhum partido, e o restante se dividia, num reflexo da política brasileira contemporânea, entre PT (116 “votos”) e PSDB (96); cerca de 13% não se informam sobre política, o restante o faz, podendo escolher mais de uma opção, principalmente pela TV (95%), pelo jornal (60%) e por conversas (57%).

Eu duvidaria que 60%, dos 87% que se informam sobre política, leiam jornal. Parece-me um dado demasiado alto para nosso estimado veículo impresso. Que o leiam raramente, vá lá, mas não me surpreenderia se o número fosse menor. Talvez os ensinos médios variem em alienação, dependendo do estado.

Estão se criando cidadãos passivos? Com índices que variavam entre 83 e 96%, os jovens nunca haviam participado – ou nem sabiam do que se tratava – de uma ONG ambiental ou política, de associações de bairros, sindicatos, partidos, manifestações, passeatas ou reuniões de gestão participativa. De fato, sindicatos e cia parecem ser um pouco distante da realidade de jovens em sua maioria da classe média, mas grêmios estudantis e atividades voluntárias não tiveram resultado muito melhor (acima de 72% para cada um). Mas acima de 85% deles freqüentavam ou já haviam freqüentado academias e clubes esportivos, que a saúde os tenha.

Numa segunda etapa do questionário, foram mostradas várias sentenças a que os jovens podiam concordar ou discordar, ou ainda fazê-lo parcialmente. Não seria nada impressionante saber que “minha vida pessoal é mais importante que minha vida pública” teve uma adesão imensa. Humberto Dantas citou Rousseau e sua falência do Estado. Conversas de cientista político – até os representantes do povo parecem, secretamente, pensar o mesmo. Interessante também é a adesão dos jovens a mais duas sentenças: “a democracia é o mais importante dos sistemas” e “a educação política deveria estar presente nas escolas”. A primeira revela a crença naquela que é o paradigma do pensamento ocidental, e a segunda envia um sutil recado ao nosso sistema educacional. Esta disciplina não faria mal nenhum ao país.

A melhor das descobertas fica para o final: na sentença “eu venderia meu voto por dez reais”, a maioria dos alunos simplesmente escolheu discorda. Com o acréscimo de dois zeros ao numeral da mesma frase (“1000 reais”), a resposta mudou para discorda em parte. Quem pode culpá-los? Passa eleição, volta eleição, seus pais sempre reclamam, a mídia sempre reclama: nada parece fazer uma real diferença pelo voto. Ninguém nega que, para um jovem, R$ 1000 faz diferença. E das grandes.

Para não ser injusto com os entrevistados, as sentenças restantes revelam pessoas não necessariamente alienadas, mas desiludidas com a atual situação da democracia representativa do país. Não estão sozinhos.

sexta-feira, 17 de março de 2006

Casa do Estudante

por Beatriz Olivon
Agradecimento a Luar de Morais Torres

Com apenas 20 minutos de caminhada a partir do Ceubinho, chega-se à casa do estudante (CEU), também conhecida como “aquário” devido às longas janelas de vidro que expõe a sala e cozinha dos moradores para os voyeur. Originalmente projetados para serem alojamentos do Centro Olímpico (CO), os dois blocos que compõe a CEU possuem 2 andares e em cada um há 46 apartamentos, pequenos e seguindo o modelo “duplex”: no primeiro andar, banheiro, sala e cozinha integradas e no andar superior o quarto, tudo ao estilo modernista, obviamente.

Os blocos possuem porteiros e controle de entrada de visitantes, mas não há nada que impeça os moradores de expressar sua personalidade, seja através da decoração das portas (com desenhos estilo parede de C.A., placas ou adesivos) ou pela música alta, que pode ser ouvida a alguns apartamentos de distância. Cada apartamento é dividido por 4 estudantes, e há ainda a possibilidade de uma 5ª vaga, se todos os moradores concordarem.

Os estudantes possuem acesso ao almoxerifado e podem garimpar coisas por lá para mobiliar o apartamento. Além disso, há o serviço de moradia estudantil (SME), que administra os blocos, faz a manutenção e acompanha a situação dos moradores. Eles também contam com o serviço de apoio psicológico (SAP) que oferece atendimento clínico, orientação para o mercado de trabalho e discussões em grupo e há assistência médica (no HUB).

Ao contrário do que muitos pensam, a moradia não é inteiramente gratuita há um valor simbólico cobrado como aluguel: R$3,00 para os integrantes do grupo I e 6 para os do grupo II. Além de R$2,00 mensais para quem quiser usar o laboratório de informática (que, segundo, moradores, fica aberto em horários inconstantes). Há um ponto de ônibus em frente, para facilitar o transporte dos estudantes, mas só há esse serviço até às 23h45 min. Há ainda a associação de moradores da CEU, uma entidade privada, sem fins lucrativos, cujo objetivo é representar os moradores, que elegem por voto direto, seu diretor, além de poderem se candidatar ao cargo.

Para morar na CEU é necessário ser de baixa renda (preferencialmente de fora do Distrito Federal). É feito um processo seletivo pelo Serviço de Programas de Desenvolvimento Social, que estuda o perfil sócio-econômico e classifica os alunos em grupo I ou II. O número de alunos selecionados para moradia depende da quantidade de vagas existentes.

quinta-feira, 16 de março de 2006

Roubo na UnB

Polícia prende ladrões de carro no estacionamento da BCE. Investigadores precisaram atirar para impedir fuga de criminosos que roubavam carros na UnB
por Manuel Carlos Montenegro
Colaboração e foto: Leyberson Lelis


O estacionamento da Biblioteca Central dos Estudantes (BCE) virou cenário de filme de ação na noite da última sexta-feira (10/3), quando policiais prenderam dois ladrões de carro em flagrante. Para evitar que um deles deixasse o estacionamento no carro que acabara de roubar, a polícia atirou nos pneus e parou o automóvel. Os disparos dos investigadores da Delegacia de Furtos e Veículos (DRFV) também deixaram marcas na lataria do veículo. O ladrão foi preso em seguida, dentro do carro.

O segundo ladrão tentou fugir em direção à Ala Sul ao ver a prisão do parceiro, mas foi detido pelos policiais. Segundo o relato de dois investigadores que participavam da operação, a dupla de criminosos tentou roubar primeiro um carro no estacionamento da Ala Sul do Minhocão por volta das 19h30. Como não encontraram o carro que queriam, os dois se deslocaram para o estacionamento da Ala Norte, vigiados de longe por agentes da polícia à paisana. Ao todo, nove policiais circulavam disfarçados pela UnB.

Na Ala Norte, próximo à lanchonete Faculdade do Lanche, um dos ladrões abriu a porta de um Fiat Pálio (modelo 2000) com a ajuda de uma chave micha (foto), que se encaixa facilmente em vários tipos de tranca. Mas o alarme tocou e o afugentou. Mesmo assim, não desistiu da “missão”. A alguns metros dali, ele usou a mesma chave para furtar um VW Gol (modelo 1991). O ladrão chegou a dar ignição no automóvel, mas a tranca de marca Mult-Lock travou o câmbio e impediu que o carro fosse levado. Frustrados, os dois seguiram para a biblioteca, onde seriam
presos em flagrante pouco depois das 20h.

Ladrões usaram uma chave micha como essa para abrir os carros com facilidade


Um carro por noite
A operação da DRFV já vinha acompanhando a ação da dupla há duas semanas. A UnB é o local preferido dos ladrões de veículos. “De 20 dias para cá, pelo menos 20 carros já foram furtados. Praticamente,um carro por dia”, conta o agente Sávio. Segundo a polícia, deve haver uma quadrilha por trás dos furtos de veículos na universidade. “Esse tipo de crime normalmente envolve muita gente. A noite é longa. Acho que eles vão contar tudo no depoimento na delegacia. Mas depois de hoje, eles devem dar uma parada”, afirma o agente Sávio, que revela o modus operandi dos criminosos. “Normalmente, eles já vêm para cá furtar um carro ‘encomendado’ por um receptador”, detalha o agente.

Em geral, os ladrões não parecem perigosos. “Esses dois aparentavam ser alunos. Eles ficam dentro de um carro, com caderninho na mão. Dão a impressão de que estão estudando”, diz o agente Santana. Os policiais alertam que a UnB também é um lugar propício para seqüestros relâmpagos, facilitados pelo descuido dos estudantes. “Uma vez, contei no relógio uma menina levar dois minutos para entrar no carro. Depois de abrir o carro, ficou dois minutos colocando o som no carro”, recorda o agente Sávio.

“Ganhei o dia”
Após a prisão, a delegacia entrou em contato com os donos dos veículos, que foram ao estacionamento da Ala Norte conferir a tentativa de roubo. O estudante de Ciências Contábeis, Adriano Cavalcanti, tem aulas até 22h50, mas nunca teve medo de ter seu Fiat Pálio roubado, apesar das histórias que ouvia sobre os furtos no estacionamento pouco iluminado dos pavilhões Anísio Teixeira e João Calmon. Ele e uma estudante da Comunicação, dona do Gol,foram acompanhados à Delegacia de Furtos e Veículos, onde o flagrante foi registrado até altas horas da madrugada. Enquanto aguardava, no estacionamento, respirava aliviado o fato de seu carro não ter seguro, primeira providência a ser tomada no fim de semana. “Ganhei meu dia”, comemora.

Manuel Carlos e Leyberson Lelis são estudantes de Comunicação Social na UnB.

Eleições no CACOM

Já começou o processo de inscrição de chapas para a eleição da diretoria do CACOM (Centro Acadêmico de Comunicação). O prazo se estende até o dia 27/3, último dia letivo do segundo semestre de 2005. As chapas devem enviar, para cacomunb@gmail.com, nome completo e matrícula de seus componentes . O estatuto não limita número máximo de membros.

No dia 18/4, logo após o retorno às aulas, haverá reunião das chapas para entendimento do processo eleitoral e iniciar a divulgação das propostas. Há um debate programado para o dia 24/4. As eleições se dão nos dias 26-27/4 e a posse no dia 28/4.

Caso haja apenas uma chapa inscrita, os eleitores (todos os estudantes do curso têm direito a voto) devem votar a favor ou contra, ou seja, devem aprová-la. Se não for aprovada por mais de 50% dos votos, a atual gestão tem três dias úteis para convocar novas eleições. Em caso de duas ou mais chapas, ganha aquela que tiver a maioria simples dos votos. Só há segundo turno em caso de empate.

A diretoria eleita tem um ano de gestão com possibilidade de reeleição. Qualquer dúvida pode ser solucionada com os integrantes da Comissão Eleitoral: Bárbara Libânio (primeiro semestre), Gabriel Castro (segundo semestre) ou Jairo Faria (primeiro semestre).

Tecnologia sem fronteiras

Interatividade e convergência são as palavras-chave do primeiro seminário realizado no Brasil sobre a Comunicação multimídia
por Carolina Menkes

Qual será o futuro do jornalismo? O profissional de comunicação terá que ser multimídia nas redações de terceira geração? Estes foram alguns dos temas discutidos durante o 1º Seminário Internacional de Imprensa Multimídia, realizado pela revista Imprensa, de 13 a 15 de março no Espaço Caixa Cultural. O evento trouxe nomes de destaque que, além de abordarem seus respectivos temas de forma esclarecedora, abriram espaço para perguntas e debates com o público formado, basicamente, por estudantes e profissionais de comunicação.

A conferência inaugural do seminário foi ministrada por Ethevaldo Siqueira, colunista do Estado de São Paulo e especializado em novas tecnologias. Além de abordar a rapidez da evolução das comunicações via internet, ele falou do impacto da TV digital nas novas mídias e explicou em detalhes as vantagens e desvantagens desta nova tendência no Brasil. “A TV digital terrestre possibilita a prestação de novos serviços: som, interatividade, operação com novas redes, venda direta ao usuário, oferecimento de jogos”, afirmou Siqueira. “Ela é dinâmica e pode ser personalizada, algo impensável em uma TV anabólica”, ressalta. Também no primeiro dia, mereceram atenção as palestras sobre a maneira da universidade tratar o novo profissional multimídia, tendo inclusive a participação da Professora Dácia Ibiana, diretora da Faculdade de Comunicação da UnB.



Já o segundo dia do evento teve destaque com a presença de Alberto Luchetti e Paulo Henrique Ferreira, que discutiram a forma da tecnologia impulsionar os novos dispositivos da comunicação de massa. O moderador deste painel, o jornalista Armando Rollemberg, acredita que romper paradigmas é a característica principal das novas mídias, que estão em intenso e constante movimento de mudanças.Participou também o jornalista Ricardo Noblat, por telefone, que esclareceu muito sobre a nova mídia do “Blog”, muito utilizado como meio jornalístico na atualidade, inclusive pelo próprio Noblat.

O encerramento no terceiro dia ocorreu pela manhã e tratou de temas importantes como o Cross Media e as estratégias do mercado publicitário para a produção multimídia. Mônica Rebello, da agência de publicidade Publicis, diz ser importante despertar o interesse espontâneo do público desejado, já que “anunciantes querem inovar, mas precisam de retorno dos consumidores”. Também falou do custo-benefício da mídia na internet que, por ser bem fragmentada, é mais barata que outras mídias.

O seminário, ainda que em sua primeira edição, conseguiu “abordar temas abrangentes sobre a mídia digital, envolvendo práticas jornalísticas, grandes grupos de mídia e novas tendências", segundo resumiu Walter Lima, coordenador temático do evento. O que se anuncia como o futuro dos profissionais de comunicação deve ser entendido cada vez mais por aqueles que participam deste universo, que, apesar de assustador, faz parte de mais um ciclo de transformações da história mundial.

Carolina Menkes, do Jornal Impresso do CACOM.

Nota do editor

Na matéria "Heloísa Helena: 'Meu amigo terrorista'", as aspas sobre a expressão "meu amigo terrorista" não significam palavras da senadora. É um recurso utilizado pelo repórter para expressar ironia.

quarta-feira, 15 de março de 2006

Coluna - Futebol

Pobre futebol brasileiro pobre
por Guilherme Rocha

A Seleção Brasileira é referência de futebol-arte no mundo inteiro. Os jogadores brasileiros são os mais caros e mais disputados no mercado da bola. Desde sempre, temos gerações e mais gerações de craques, muitos deles antológicos, e cujo futebol valeram (ou valem) milhões. Então... por que o nosso futebol é tão pobre?

A maioria dos nossos clubes deve à Receita Federal, a jogadores, a treinadores. Atrasos de salários são freqüentes. Não há estrutura nos estádios. Os craques estão no exterior e temos que nos virar com juvenis e veteranos. Como esta máquina de fazer dinheiro que é o futebol brasileiro é falida enquanto a Espanha, por exemplo, que nunca ganhou uma Copa e nunca teve jogadores tão brilhantes quanto os nossos, tem o time mais rico do mundo e o melhor atleta no seu campeonato?

Bom, a resposta está na única coisa que os estrangeiros têm melhor que nós: os dirigentes. Os administradores europeus conseguem patrocínios milionários, mantêm projetos de sócios-torcedores, investem a verba arrecadada no clube (e não nos seus próprios bolsos) e, assim, formam grandes elencos e estádios monumentais lotados. Por outro lado, no Brasil, homens enriquecem após entrar no clube, como é o caso de Eurico Miranda, presidente do Vasco. Aqui o dirigente assume um clube com grande torcida (e, logo, potencial financeiro) e o deixa endividado, como é o caso de Edmundo Santos Silva, ex-presidente do Flamengo. Os administradores brasileiros entregam o clube em mãos cujo dinheiro é duvidoso (MSI, Hicks Muse), como é o caso da gestão Dualib no Corinthians. Lógico que há exceções como o Goiás, mas esta minoria, mesmo assim, não tem o porte do Barcelona ou da Juventus.

Então, os times de Zico, Garrincha, Rivellino, Ademir da Guia, antes tão gloriosos, agora agonizam financeiramente. São reféns das cotas de televisão e colocam ingressos caros nas bilheterias. Vendem os jogadores antes deles fazerem sua história com a camisa do time. E a CBF enche os cofres, levando a Seleção aos lugares mais absurdos, fazendo com esse dinheiro só Deus sabe o quê.

Já o torcedor... é... o torcedor tem que assistir aos campeonatos estrangeiros para ver os seus ídolos, enquanto se acostuma com a penúria do seu time.

Guilherme Rocha reveza esta coluna com Vítor Matos às quartas-feiras.

Apenas um dia?

Grupos feministas atuam na UnB o ano inteiro
por Ana Carolina Oliveira e Carolina Martins

Muitas pessoas só se atentam à discussão sobre a igualdade de gênero na sociedade no Dia Internacional da Mulher – 8 de março. O que a maioria desconhece é que durante todo o ano, grupos feministas da UnB se reúnem para debater vários assuntos pertinentes ao papel social da mulher.

Um desses grupos é o FILOGENIA, que significa cumplicidade e amor entre as mulheres. Fundado por cinco amigas do curso de História, a intenção é discutir teoria feminista e lutar ativamente pela causa que defendem. Por exemplo, m dezembro de 2005, as meninas militaram no Congresso Nacional durante uma audiência pública para debater a questão da descriminalização do aborto.

Segundo Alaise Beserra, integrante do projeto, o grupo conta com aproximadamente vinte meninas. Muito restrito, o grupo não aceita novos integrantes e nem a participação masculina. “Pode parecer radical, mas é uma questão de auto-organização”, esclarece Alaise.

Um outro grupo de cunho feminista é o CIRANDA, que se originou após o encontro de mulheres da UNE (União Nacional dos Estudantes). Além de debates teóricos, as meninas trocam experiências entre si e tem a característica de militância. Elas também atuam na universidade através de cartazes informativos com o intuito de conscientizar e participaram de forma ativa na manifestação do dia 8 de Março na Esplanada dos Ministérios em prol da aposentadoria das donas de casa. Este coletivo existe há aproximadamente um ano e conta com a participação de cerca de vinte meninas, que se reúnem toda semana no Restaurante Natural. Todas as mulheres podem participar.

Em se tratando de pesquisas acadêmicas, existe o Núcleo de Estudo e Pesquisa sobre a Mulher, fundado em 1987 pelas professoras Tânia Montoro (Comunicação Social), Mireya Suarez, Lia Zanotta (ambas de Antropologia) e Lurdes Bandeira (Sociologia). O Núcleo realiza várias análises e aborda a mulher na sociedade em muitas áreas. Tem como principal linha de pesquisa as relações de gênero e atuam no setor de segurança pública e criminalidade. A área de conhecimento predominante pauta-se na Sociologia visando conscientizar a população sobre o crime sexual contra a mulher. Outro assunto abordado é o papel da mulher na mídia, explorado pela professora Tânia Montoro em sua mais recente pesquisa, Construção da Imagem da Mulher na Mídia. Além disso, o grupo também auxilia e orienta diversas teses de mestrado.

Portanto, apesar das dificuldades que a mulher enfrenta, o meio universitário é um espaço aberto a todos os pontos de vista e permite o debate de várias correntes de pensamento. O feminismo é uma dessas vertentes e ganha cada vez mais notoriedade.

Ana Carolina Oliveira e Carolina Martins, do Jornal Impresso do CACOM.

Pérolas Cinematográficas

Mostra organizada por alunos de audiovisual da UnB apresenta produções da FAC ao público
por Bárbara Rosa e Carolina Menkes

A 5ª Amostra – Mostra dos Alunos de Cinema e Audiovisual exibiu, durante os dias 8 e 9 deste mês, dezesseis projetos audiovisuais realizados por alunos da FAC [Faculdade de Comunicação]. A mostra anual aconteceu no Cine Dois Candangos, próximo da Faculdade de Educação, com entrada franca, sob a organização de uma comissão organizadora composta pelos estudantes de Comunicação da UnB: Otavio Chamorro, Mendoza, Rafael Santos de Gusmão Lobo, Mariana Costa, Leonardo Martins e Bruna Ferreira. “A mostra é meio que um encontro entre amigos de cinema; todo mundo que tem filme se junta e apresenta”, explica Otavio, o organizador geral desta edição do evento. “Não é uma coisa fechada”, completa.

A maioria das obras exibidas concorreu entre si por prêmios de várias categorias, sendo os jurados cineastas de Brasília. Mas também foi concedido ao público presente o direito ao voto, sendo distribuídas cédulas de votação na entrada. Ao vencedor, o prêmio de melhor filme segundo a audiência. O DEA (Diretoria de esporte, Arte e Cultura) deu apoio ao evento, mas o patrocínio exclusivo ficou por conta de uma locadora (outra locadora deu apoio cultural também).

Várias das obras exibidas estiveram presentes no 38º Festival de Brasília. Um exemplo é o filme Seqüestramos Augusto César, que foi o grande vencedor da noite; além de melhor filme segundo o júri oficial, também levou os prêmios de melhor atuação para Lauro Montana e de melhor filme segundo a audiência. Oiticica também obteve destaque, com o prêmio de melhor fotografia e segundo lugar na votação do júri popular. Cícero Bezerra, premiado por Oiticica, comenta que “a mostra começou junto com o curso de cinema e é uma oportunidade de mostrar aos alunos do curso e à universidade o que estamos fazendo”. Além dos projetos finais e laboratoriais, também foram exibidos alguns filmes fora da mostra competitiva, como os curtas vencedores do OBAVídeo (filmes feitos por calouros do curso de Comunicação), A Mosca e Chiclete.

Devido à greve em 2005, o evento do ano passado não foi realizado e só veio a acontecer neste mês. O coquetel que normalmente encerra a Amostra foi substituído pela 22ª Festa dos Calouros da Comunicação, realizada em 10 de março. “A Mostra é divertidíssima. A apresentação dela é ótima, muita engraçada e vale muito a pena comparecer”, conclui Otavio.

Bárbara Rosa e Carolina Menkes, do Jornal Impresso do CACOM.

terça-feira, 14 de março de 2006

Ombudskivinna

por Zélia Leal

Descobri, graças ao convite do Aerton [Guimarães, coordenador-geral da Equipe de Imprensa do CACOM] para fazer o papel de ombudsman, o Blog do CACOM. Excelente idéia. Parabéns. Mas falta divulgar. Nem nosso jornal laboratório Campus 1 (on-line) falou no assunto. Muito interessante a idéia de abrir um Blog para discutir questões da atualidade que tenham relações com a Universidade. Do cotidiano do aluno nos corredores do Minhocão (quem viu os alunos pelados ? Só vocês mesmo) às grandes questões políticas que preocupam o país em ano de carnaval e Copa do Mundo.

Excelente a matéria sobre as relações da senadora Heloisa Helena e o caso Achille Lollo. Muito bem lembrado... Gostei também desta espécie de meta-jornalismo usado pelo repórter que conta o processo de produção da notícia, ao mesmo tempo em que a notícia. O Blog tem isso, de ser jornalismo de informação e opinião, no limite das fronteiras híbridas dos gêneros. Mais do que um site noticioso puro e simples, o Blog pode fazer jornalismo de autor, com grife. Sem perder a busca pela noticia nova, quente, original.

Numa primeira leitura, que abrange um rápido resgate do Blog desde suas origens, percebe-se uma busca de equilíbrio entre texto e imagem. Há fotos expressivas, links que remetem a leituras complementares, matérias que aliam descrições com depoimentos, situações e personagens. Em outras palavras, as matérias são variadas e as opiniões, polêmicas. O que gera discussão e enriquece o conhecimento.

Por exemplo, a matéria sobre a revista Veja, assinada por André Souza, merecia ser mais discutida. Por que não fazer outra, contrária a opinião do André? A mim, surpreende como um estudante de jornalismo possa ter opinião positiva sobre uma publicação que tanto rebaixa nosso jornalismo... ponto de partida para um novo artigo.

Sugestões: Divulgar o Blog, abrir espaço para comentários tipo “Comunique-se”, e criar uma sessão para repercutir as reuniões da FAC [Faculdade de Comunicação] e de seus respectivos departamentos. Vocês, que participam como representantes dos alunos, poderiam ampliar as discussões internas. Isso certamente resultaria em melhorias para a faculdade como um todo, alunos e professores. E conversem mais com os professores, cobrem deles e da diretoria da FAC... talvez seja esta a melhor militância nos dias de hoje. E o Blog do CACOM será uma caixa de ressonância da FAC.

Zélia Leal Adghirni é doutora e professora da UnB e chefe do Departamento de Jornalismo da Faculdade de Comunicação.

Correção

Os dois últimos links da matéria "Heloísa Helena: Meu amigo terrorista" estão trocados.

O correto é:

Um dos artigos de Achille Lollo no site oficial do PSOL:

http://www.psol.org.br/portal/index.php?option=com_content&task=view&id=37&Itemid=27

Artigo de Achille Lollo no site do PSOL de São Paulo:

http://www.psolsp.org/?id=548&PHPSESSID=4b7a28a8cbbc069dcfe0c723d4fa4a43

Instrumentos clássicos: ruído anarquista

Rochael Alcântara faz “barulho” na aula da Comunicação
Colaboração de Alaise Beserra

“Música é comunicação”, a afirmação foi jogada no ar para começar uma conversa memorável. E o que era para ser uma aula comum de jornalismo, na última quinta-feira, dia 9 de março, resultou num espetáculo à parte para os alunos de Oficina de Texto. Chamado para falar de música, comunicação e vocação, Rochael Alcântara, que é professor da Escola de Música de Brasília (EMB), filosofou sobre o tudo e o nada e prendeu durante duas horas a atenção dos alunos. Fugindo ao padrão do palestrante convencional, ele falou de sua música, que de acordo com ele próprio, seria “muito estranha”.

Teatral, fez da sala um palco e quis saber de cada estudante presente, o porquê da escolha pelo curso de comunicação. Depois de ouvir atentamente a todas as respostas, acrescentou que só faz sentido fazer qualquer coisa se for pelo outro. Se for pensando em “salvar vidas”, seja da morte, seja do tédio.

O convidado do professor Luis Martins cantou várias vezes durante a aula. A letra de “É meu, é meu é meu”, música de Roberto Carlos que embalou gerações, foi lembrada para exemplificar a inexpressividade de canções que ajudam a promover idéias que ele, indignado, chama de podre. Seu refrão diz: “Tudo que é seu meu bem/ Também pertence a mim/ Vou dizer agora tudo /Do princípio ao fim /Da sua cabeça até a ponta do dedão do pé”. Mas a música de Rochael, ao contrario de romantizar o sexismo, tem conteúdo radical: “Pare já com essa guerra: mulher de um lado, homem de outro/ Trabalha babaca/ Cheira, cretino /Toda propriedade é roubo/ Toda propriedade é roubo”. Anarquista convicto, o músico e compositor formaram, em 2001, uma banda que mistura rock, jazz e outros ritmos. “João Ninguém” tem promessa de lançamento do primeiro CD para o próximo mês de abril.

Para fazer entender sua música, Rochael buscou explicação acadêmica na subversiva escola do “ruidismo”. Surgido na Itália, o movimento que tentou reconstruir o conceito de ruído e estudar o significado do silêncio, reinventou a música. Na década de 50, a composição “Silêncio para piano”, de John Cage provocou polêmica, sinalizando uma nova era para os estudiosos da música erudita. Rochael também apresentou o seu “Um minuto e nove segundos de flauta” e, numa menção ao toque, se congelou como uma estátua para soprar apenas o silêncio. O músico, que estudou composição e regência na Universidade de Brasília, já chamou muita atenção ao compor música em forma de arquitetura. “O que eu quero é um retrato, não um filme, o que eu fiz é um poema, não é um livro”, insistia Rochael ao tentar se defender da crítica taxativa de seus professores, que disseram estar “faltando desenvolvimento” na composição das chamadas “A Catedral de Brasília”, “O Congresso”, “A Esplanada dos Ministérios”e “Memorial JK”. Usando as notas esteticamente distribuídas nas pautas da partitura, as composições formam um desenho perfeito de cada monumento. Mas tanta inovação na música, não é facilmente aceita, principalmente pelos acadêmicos mais ortodoxos.

Até os anarquistas, já torceram os narizes para Rochael. Segundo conta ele, num encontro que aconteceu na UnB, uma música que foi feita para ser cantada em sexteto, acabou virando solo. Tanto incômodo, afinal, soa genialidade. E a biografia dos gênios não deixa dúvidas quanto ao preço que todo visionário paga por ser o que é. Mas se a intenção desse “João Ninguém” era mesmo comunicar, o recado está dado. Sua banda também esta na agenda de shows da próxima Feira de Musica Independente (FMI). E, no próximo dia 01 de abril, fará um show no Centro Comunitário da UnB ao lado de bandas como Mundo Livre S.A. , de Pernambuco e Cadabra de Brasilia.

Alaise Beserra é estudante de Comunicação Social na UnB.

segunda-feira, 13 de março de 2006

Heloísa Helena: “Meu Amigo Terrorista”

A senadora teria muito a explicar, fosse este um país sério. Como não é, ela prefere calar-se. E fica tudo por isso mesmo
por Gabriel Castro

Em outubro, o país vai mais uma vez escolher seu presidente. Os pré-candidatos já fazem o possível para ter o máximo de exposição. Obviamente, há coisas que eles nunca contariam. Acostume-se com isto: nenhum político é confiável.

Há algumas semanas, o PSOL apresentou-se oficialmente à comunidade da UnB. Fiz a cobertura do evento (http://cacom.blogspot.com/2006/01/psol-na-unb.html), junto com os estudantes Marco Prates e Vitor Freire. Consegui falar com a senadora Heloísa Helena. Ela não quis conversar na hora, mas passou-me o número de seu celular. Liguei para a senadora e acertei uma entrevista com ela: eu enviaria as perguntas por e-mail. A equipe do Blog do CACOM discutiu a respeito e, então, enviamos as perguntas: uma sobre o PT, duas sobre a universidade pública e uma sobre a posição ideológica do PSOL. A quinta pergunta, a última, era a seguinte:

“A senhora e seus companheiros de partido têm sido criticados por serem colegas de Achille Lollo, que foi condenado por assassinato naItália. Até onde é possível separar a vida pessoal da militância política de cada um, na opinião da senhora ?”


Lollo hoje

Achille Lollo é italiano. Em 1973, seu país vivia os Anos de Chumbo e ele militava no Partido Operário. Num episódio que chocou a Itália, Lollo e dois companheiros de partido jogaram 5 litros de gasolina por baixo das entradas do pequeno apartamento onde Mario Mattei, sua mulher e seus seis filhos moravam na rua Bibbiena, no bairro operário de Primavalle em Roma. E atearam fogo. Mattei trabalhava como gari e era secretario da seção do MSI (Movimento Social Italiano, de direita) no bairro. O casal conseguiu escapar, junto com quatro filhos. Mas Virgilio, de oito anos, não conseguiu sair de seu quarto. Seu irmão Stefano, 14 anos mais velho, tentou salvá-lo. Ambos morreram queimados.



A casa de Mattei após o incêndio

O filho mais velho de Mattei, durante o incêncio, ainda vivo

O atentado ficou conhecido como Rogo di Primavalle (incêndio de Primavalle). Em 1987, Achille Lollo e dois companheiros de partido foram julgados e condenados a 18 anos de prisão. Porém, Lollo fugiu da Itália para, anos depois, reaparecer no Brasil. Em 1993, o governo brasileiro se negou a extraditá-lo e ele vive até hoje no país. Em 2004, Achille participou, junto de Heloísa Helena, da fundação do PSOL, partido do qual é um dos principais ideólogos. Não há notícia de que algum dirigente da legenda se incomode com sua militância. A senadora critica o presidente Lula por ser aliado de José Dirceu. Nada mais justo do que perguntar a ela sobre sua cooperação com Achille Lollo.

Lollo, na época do atentado

Mas seus assessores não pensam da mesma forma: depois de muitas tentativas, consegui ser respondido. Não da forma que esperávamos:

“Este jornal é realmente da UNB? E você é o editor?O publico alvo desde jornal são estudantes, funcionários e professores?Agora o seu público conhece o Achilles, e que ele tem haver com a Senadora?O seu Público sabe quem é Olavo de Carvalho?Assim fica difícil agente fazer alguma coisa”. (os erros de escrita originários da Assessoria da senadora foram mantidos)

Olavo de Carvalho é articulista de alguns jornais de grande circulação. Ele critica pesadamente a senadora e seu partido, inclusive por causa da aliança com Achille Lollo. Mas eu não citei Olavo de Carvalho na entrevista e ninguém precisa concordar com ele para exigir respostas da senadora: uma breve pesquisa na Internet basta para se encontrar informações sobre o caso Mario Mattei.

Então, respondi à Assessoria:

“Certamente a maioria do meu público não conhece o senhor Achille e isto é até um fator que reforça a importância desta pergunta; a senadora é presidente do partido e candidata à Presidência daRepública; Achille Lollo é não só colega de partido, como foi co-fundador e parceiro militante da senadora. Sem dúvida a relação existe.”
(...)
“Não sei se, por sermos estudantes e por escrevermos para um jornal vinculado ao Centro Acadêmico (embora nem eu nem a maioria dos repórteres sejamos membros do CA), os senhores esperavam que fôssemos apenas elogiar a senadora e deixá-la discursar, algo que de fato ela faz bem. Mas definitivamente, não é o tipo de proposta que nós buscamos.”
(...)
“Não vou retirar esta pergunta e continuo esperando que a senadora cumpra o combinado e mande as respostas. Mas se a incomoda a pergunta 5, não precisa responder. Tenho certeza de que ela sabe que este tipo de incômodo é apenas um indício de que vivemos numa democracia, e que mal seria se isso nunca acontecesse”

Esta mensagem não foi respondida. A equipe do Blog decidiu, então, esperar mais uma semana pelas respostas da entrevista. Eu enviei uma mensagem ao e-mail da senadora para informá-la do prazo. Escrevi:

“(...) aviso que (...) vamos colocar no ar a matéria, com ou sem as respostas. Não é uma ameaça, é só um aviso.”

Desta vez, a própria senadora respondeu. E pôs em dúvida sua capacidade de interpretação: ela entendeu pelo contrário o que eu disse. E, claro, não perdeu a oportunidade de usar seu discurso de perseguida:

“(...) Ameaça?? Acha V.Sa. que eu tenho medo de alguma coisa??? Passei a vida como sobrevivente tendo que engolir meus próprios medos, entendeu???”

Ainda respondi, explicando o mal-entendido. Mas completou-se o prazo que estipulamos e a senadora (e sua Assessoria) nada mais disseram. As respostas da entrevista não chegaram. Conforme o nosso compromisso, estamos publicando este esclarecimento.

Por que será que a senadora, propagadora tão insistente da ética e da transparência, não se sentiu à vontade para responder à pergunta sobre Achille Lollo? Fosse esta uma acusação falsa e sem sentido, com certeza ela não se preocuparia em responder. Mas preferiu se esquivar. Achille matou duas pessoas e foi condenado a 18 anos de prisão. Isso são fatos, não são produtos da opinião do Blog. Que tipo de pessoa não se incomodaria ao ser acusado de aliar-se a um assassino de crianças? A senadora Heloísa Helena, ao omitir-se, dá-nos o direito de fazer todo o tipo de suposição (inclusive as mais graves. Principalmente, aliás).

Em 2003, o crime de Achille Lollo completou 30 anos e, pelas leis italianas, prescreveu (sua pena deixou de ter efeito). Entretanto, familiares das vitimas e grupos políticos italianos recolheram assinaturas e pressionaram a Justiça, que no ano passado declarou inválida a prescrição do crime. Ou seja: Lollo ainda tem uma pena de 18 anos para cumprir na Itália. Contudo, continua livre no Brasil (a leniência da Justiça brasileira não é novidade. Vide o caso Ronald Biggs).

O abaixo-assinado

Heloísa Helena vai se candidatar à Presidência da República. Tomara que seja mais transparente na campanha do que demonstrou ser conosco. Para mim, já não há dúvidas: quando um entrevistado foge e não responde a uma pergunta, sem querer ele diz muito mais do que se houvesse respondido.

Até o fechamento desta matéria, a senadora não enviou as respostas.

Links relacionados:

Cronologia do caso Mattei Fratelli (página em italiano):

http://redazione.romaone.it/4Daction/Web_RubricaNuova?ID=63379&doc=si

Páginas cobrando Justiça para os assassinos dos irmãos Mattei (em italiano) :

http://www.azionegiovani.org/modules.php?name=News&file=article&sid=35

http://www.lisistrata.com/2005politicainterna/002vergognalatitanti.htm

Relato do ataque à casa dos Mattei (em português):

http://www.italiamiga.com.br/noticias/artigos/quello_spaventoso_rogo_di_30_ann.htm

Um dos artigos de Achille Lollo no site oficial do P-Sol:

http://www.psol.org.br/portal/index.php?option=com_content&task=view&id=37&Itemid=27

Nota: todos os artigos de Achille Lollo no site oficial do P-Sol foram apagados após a publicação desta matéria

Artigo de Achille Lollo no site do P-Sol de São Paulo:

http://www.psolsp.org/?id=548&PHPSESSID=4b7a28a8cbbc069dcfe0c723d4fa4a43


domingo, 12 de março de 2006

Crédito de extensão

DCE e DEX trabalham com objetivos similares. Definição do PIBEX ainda depende de discussão entre alunos e decanato
por Guilherme Rocha

O Diretório Central dos Estudantes (DCE) e o Decanato de Extensão (DEX) estão com objetivos parecidos quanto à implementação do Crédito de Extensão na UnB. Segundo Talita Victor, integrante do Diretório, a decana de extensão Leila Chalub “é uma aliada”. Ela afirma que as discussões estão evoluindo e que as propostas (implementação do crédito, criação de grupos de extensão, interação de projetos) do DEX são próximas às do DCE.

Porém, há certas divergências. A política da atual gestão do DCE é de priorizar estudantes de baixa. Entretanto, Leila Chalub falou, em entrevista ao Blog do CACOM, achar ser importante que os critérios de seleção, neste caso (o do PIBEX), seja puramente acadêmico.

Quanto ao remanejamento das bolsas, ou seja, diminuir o número de bolsas para aumentar o seu valor, Talita reconhece a boa intenção do DEX, mas acha que “não vai adiantar muito”, pois ela acredita que os bolsistas de um projeto dividam as bolsas com os voluntários.

Toda essa mobilização estudantil pelo Crédito de Extensão começou, segundo Talita, desde, no mínimo, o ano de 2003 e teve o seu auge na ocupação do gabinete do reitor durante a última greve das universidades federais. “Nós achamos a concepção da universidade de extensão muito ampla”, diz Talita. “Tem muita coisa que é considerada extensão que nós não achamos que seja, como palestras e cursos pagos”. Ela coloca que a extensão significa produção para a sociedade, ainda mais quando se trata de universidade pública.

A expectativa é de que haja uma reunião na quarta, 15/3, da decana com representantes dos Centros Acadêmicos para discutir o edital do PIBEX. Leila Chalub quer formalizar todas as medidas no dia 22/3.

Passe livre: os próximos capítulos

Proposta do GDF não agrada aos estudantes, que prometem continuar manifestações
por Gabriel Castro

Segue a discussão sobre a implementação do Passe Livre nos ônibus do Distrito Federal. Há muitas propostas e pouco consenso. O governador Joaquim Roriz apresentou uma proposta restrita: o Passe Social, que garantiria a estudantes de escolas públicas e a filhos de desempregados o não-pagamento da passagem; porém, o Movimento Passe Livre (MPL) não concordou com o projeto. O governador havia ainda vetado um projeto de lei aprovado na Câmara Legislativa que dava a todos os estudantes o livre acesso aos ônibus. O projeto é do deputado Pedro Tadeu (PT) e será novamente posto em votação. Se for aprovada novamente, a proposta não pode mais ser vetada pelo governador.

Mesmo com a discordância entre os manifestantes e o governo, a tendência é que o Passe Livre seja assegurado, pelo menos entre os alunos carentes. Entretanto, o MPL promete não parar de atuar. Segundo Rafael Ayan, membro do grupo, o Movimento do Passe Livre é organizado nacionalmente e vai atuar mesmo que alcance seu objetivo principal. “Temos outras reivindicações, como o Transporte Inclusivo e a redução do preço das passagens”. Para Rafael, o MPL ganha cada vez mais força, inclusive com uma participação significativa de vários setores da população (não só dos estudantes).

O MPL existe nas principais cidades do país e movimenta estudantes e trabalhadores no DF desde junho de 2005.

sexta-feira, 10 de março de 2006

Artigo

Defendendo a Veja
por André Souza

A revista Veja é alvo de muitas críticas. Acusam-na de ser manipuladora, tendenciosa e parcial. Um lixo jornalístico. Boa parte dessas críticas, no entanto, tem fundamentos frágeis. Assim, este artigo não será somente uma defesa da revista Veja, mas também uma crítica a um tipo de argumento egocêntrico constantemente aplicado contra qualquer tipo de idéia, pessoa, grupo ou coisa.

Devemos esclarecer primeiramente que a Veja pratica o jornalismo opinativo. Isso significa que ela apóia algumas posições. Tais posições estão claras ao longo da revista e, caso alguém não consiga identificá-las, o problema está mais na capacidade mental do leitor que na publicação. Dizer que a revista é manipuladora, tendenciosa e parcial já é bem diferente. Alguns desses adjetivos podem até ser aplicados, mas com ressalvas. Ora, se a revista tem uma opinião, é claro que ela tem uma tendência, pende para um lado. Assim, de certa forma ela seria tendenciosa e parcial (mas não manipuladora). O problema do uso dessas palavras é que elas implicam a existência de um tratamento pouco jornalístico com os fatos. E é claro que há um grande equívoco nisso, pois opinar a favor de uma causa ou idéia não significa ignorar os fatos que depõem contra elas.

Não sou inocente a ponto de afirmar com certeza de que a revista segue todos os preceitos éticos. Tampouco posso dizer que a revista os desrespeite freqüentemente. Porém, as críticas feitas à revista não passam por esse ponto. São dadas justamente ao caráter opinativo da revista, críticas essas que acabam lançando dúvidas também sobre o tratamento dado aos fatos.

Não ignoro que haja críticos mais sérios, que não lançam dúvidas a respeito da imparcialidade com os fatos. Eles simplesmente não gostam do modelo de revista opinativo e preferem algo mais neutro. E, de fato, a Veja exagera em alguns pontos, como nos elogios constantes ao Chile. Esses críticos sérios (e todos nós), no entanto, têm a opção de procurar uma publicação que lhes agrada mais. Não são obrigados a ler a Veja nem a concordar com ela. E é aí que está o ponto frágil dos críticos menos sérios: “a Veja é ruim porque a opinião expressa por ela é diferente da minha e, assim, não me agrada”, embora ninguém diga isso explicitamente. Ora, a Carta Capital também é opinativa (e uma boa revista, embora eu esteja mais próximo das posições da Veja), mas não é tão criticada pelos que adoram falar mal de sua concorrente.

André Souza é estudante de Comunicação Social da UnB.

Cultura

Veja as estréias nos cinemas de Brasília
por Marco Prates

Uma Mulher Contra Hitler chega a duas salas de Brasília, depois de concorrer ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e vencer os prêmios de atriz (Julia Jentsch, do também chamativo Edukators) e diretor (Marc Rothemund) no Festival de Berlim. O filme conta a história real da anti-hitlerista Sophie Scholl, com o filme centrando em seu julgamento e de seu irmão, com um final para comover corações.

As Chaves de Casa (Le chiavi di casa, 2004) estréia com o habitual atraso em relação ao centro Rio e São Paulo. A história de um pai que reencontra seu filho deficiente 15 anos após abandoná-lo, quando da morte da mãe no parto, é baseada numa história real do escritor italiano Giuseppe Pontiggia (1934-2003). Menos lacrimosa do que poderia parecer a primeira vista, o balanceado filme levou o Prêmio Pasinetti de Melhor Filme e de Melhor Ator (Kim Rossi Stuart), no Festival de Veneza. Dirigido por Gianni Amelio.

Mentiras Sinceras (Separate lies, 2005) é mais uma história sobre um crime na alta e aristocrática sociedade inglesa. O filme divide-se entre elogios e críticas, sendo o primeiro filme de Julian Fellowes na direção. O também roteirista e ator traça sua história sobre um casal interpretado por Tom Wilkinson e Emily Watson, numa trama de infidelidades e trapaças, por vezes teatral e verborrágica.

Os seus, os meus e os nossos (Yours, mine and ours, 2005) conta a história de um casal de namorados de tempo antigos que se reencontram, 30 anos depois, viúvos, e decidem se casar. O problema é que ele (Dennis Quaid) possui 10 filhos e ela (Rene Russo), possui 8 de seu casamento anterior. Ela é riponga; ele, de formação militar. O filme, encarado como diversão despretensiosa por parte da crítica, ou como uma bobagem completa por outra, é uma refilmagem do homônimo de 1968. Advirto para o passado perigoso do diretor Raja Gosnell, responsável pelos filmes do Scooby-Doo, Nunca fui beijada (1999), Esqueceram de mim 3 (1997) e a Vovó...zona (2000).

O Matador (The matador, 2005) é estrelado por Pierce Brosnan, que concorreu ao Globo de Ouro de Melhor Ator – Comédia/Musical pelo papel, conta com a direção ágil do pouco conhecido Richard Shepard. O matador Julian Nobles (Brosnan) recebe uma nova chance de serviço após uma execução fracassada por um ataque de pânico. Na Cidade do México, conhece o executivo afável interpretado por Greg Kinnear, o que dá início à trama com um Brosnan para lá de bizarro, nada Bond.

Mulheres do Brasil, dirigido por Malu de Martino, é a estréia nacional da semana. O filme mistura ficção e documentário para traçar um painel com leituras possíveis da alma feminina brasileira, e para isso conta histórias que passam do Oiapoque ao Chuí (força de expressão). Sem dúvida, a estréia nessa semana do Dia Internacional da Mulher não é despropositada. Resta saber se o filme é bem-sucedido em sua pretensiosa jornada.

Completam as estréias da semana Cry Wolf - O jogo da mentira (Cry Wolf, 2005), terror adolescente sem sexo nem sangue dirigido por Jeff Wadlow; e Firewall – Segurança em risco (Firewall, 2006), thriller de ação dirigido por Richard Loncraine, com Harrison Ford no elenco.

Haverá ainda, na Casa Thomas Jefferson da 706/906 Sul, a amostra Ásia Pop, de 13 a 17 de março, com sessões sempre às 20h. Para checar a programação, clique aqui.

Lembremos que acontece hoje a 22ª festa Realize suas Fantasias, promovida pelos calouros de comunicação. Todos que lêem o Blog do CACOM devem comparecer. Mais informações na matéria abaixo.

Para encerrar, a Coluna Cultura está aceitando sugestões e críticas para que se adapte cada vez mais ao gosto do cliente. Para tal, mande um email para cacomunb@gmail.com. Sua mensagem será lida...

Marco Prates reveza esta coluna com Janaína Valadares às sextas-feiras.

quinta-feira, 9 de março de 2006

"Realize suas fantasias..."

por Camila Louise

Amanhã, 10 de março, a partir das 22h, acontecerá a Realize suas Fantasias - edição 22, a festa organizada pelos calouros de Comunicação Social da UnB.

O tema do evento esse ano é “Cabaré”, mas a fantasia, que é obrigatória, não precisa ser necessariamente condizente com o assunto. Segundo André Gomes, calouro e um dos organizadores da festa,“essa vai ser a melhor Realize dos últimos tempos... até porque é nossa!”. Pelo menos a programação promete. As bandas “Lucy and the Popsonics”, “Mentes Póstumas”, “Los Cabrones” e “Sapatos Bicolores” garantem o som, juntamente com os Djs Tuzão e Alex, Bruno Racional, Lupita e Mapita, Joe Arsênico e Wendy. A tendência é que toque black, música eletrônica, rock, pop, mas acontecerá algumas atrações surpresas.

Além de Hi-fi liberado, o evento contará com um concurso de melhor fantasia, cujo prêmio não foi divulgado. A festa acontecerá na Landscape Pub (SHIN CA 07 bloco F1 Loja 33 Lago Norte), sendo que o preço dos ingressos é de R$8,00 até a meia-noite e R$10,00 após este horário. Como a festa faz parte do trote do curso, os veteranos (e formados) do curso não pagam entrada, mas devem mostrar a carteirinha da universidade para identificação.

Agora é só colocar a sua fantasia e se realizar...

quarta-feira, 8 de março de 2006

De volta às assembléias

Servidores da UnB fazem balanço da greve na primeira Assembléia do ano
por Bárbara Rosa e Carolina Menkes

A primeira Assembléia Geral do Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (SINTFUB) deste ano aconteceu ontem, às 10h, na Praça Chico Mendes. O objetivo da reunião consistiu em apresentar as pautas como a Campanha Salarial 2006, a eleição de delegados às Plenárias da FASUBRA (Federação de Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Brasileiras) e a avaliação da última greve.

Nova chapa
A chapa “Fazer mais é preciso” se reelegeu recentemente, com cerca de 60% dos votos, sob a coordenação-geral de Cosmo Balbino. Atualmente, a diretoria é plural, com pessoas de vários partidos, sendo a maioria filiada ao PT (Partido dos Trabalhadores) e simpatizante do grupo Reafirmar a Luta [grupo de servidores pró-PT e pró-PCdoB]. “Independente da ligação com o partido, a chapa deve favorecer um trabalho responsável, que contemple os servidores. A categoria não quer partido, mas ver seus interesses atendidos”, explica Balbino.

Alguns dos tópicos defendidos pela chapa são continuar na luta contra as imperfeições no Plano de Carreira e buscar, junto ao governo, uma saída para os aposentados inseridos na nova carreira e que ficaram no meio da antiga. Segundo Joana Rabello, psicóloga, “o presidente Lula engana a todos quando diz que vai aumentar o Plano de Carreira e assim, beneficiar os servidores. Nós, do Ensino Superior, somos prejudicados. O presidente deu um aumento de R$213,00 na gratificação e retirou R$214,00 do salário; ele ainda ficou me devendo R$ 1,00!”, reclama ela.

Greve
Dentre as pautas abordadas na Assembléia, a da greve de 2005 foi a que provocou maior discussão. O auxiliar de cozinha na UnB, Sângelo Vasconcelos, diz participar das assembléias há dezoito anos para se inteirar do andamento das reivindicações dos servidores. “A greve passada era necessária, pois o nosso salário é muito baixo e o presidente já disse que nós não teremos aumento”, coloca. Ele ainda considera possível uma paralisação em breve. “Uma greve em maio é bem possível de acontecer”, completa Sângelo.

Ao decorrer do encontro, foram concedidos três minutos àqueles que desejassem manifestar sua opinião relativa à greve. “Entramos nesta greve devido à pressão das outras universidades”, cita Márcia Abreu, servidora integrante da Base do SINTFUB. “Não tivemos vitória política e muito menos econômica; o salário não teve um tostão de reajuste”. Segundo ela, os principais problemas que resultaram no fracasso da greve foram a pouca mobilização da FASUBRA, a articulação política nula, a falta de formulação de uma proposta coerente a ser levada ao governo e a divulgação falha da greve dos servidores. “A greve foi um ensinamento de tudo que não se deve fazer”, resume Márcia.

Necessidades
Outro ponto de destaque na Assembléia trata-se da conquista, por parte dos filiados ao SINTFUB, de recursos para o reajuste de várias categorias dos servidores públicos. A verba, que antes era de 1 bilhão de reais, subiu para 5 bilhões. Porém, esta foi apenas uma das vitórias já alcançadas pela categoria, já que ainda há vários outros problemas a serem resolvidos. Os incentivos de qualificação previstos para janeiro [que provavelmente só sairão em julho] e a ausência de perspectiva de progressão funcional são alguns deles. “A luta por melhores condições trabalhistas continua, mas ela tem que ser feita com coerência”, conclui Mauro Mendes, um dos coordenadores do SINTFUB.

Bárbara Rosa e Carolina Menkes, do Jornal Impresso do CACOM.

Coluna - Futebol

O Frango e o Canarinho
por Vítor Matos

Custo a crer nos meus ouvidos, mas sussurram por aí que a FIFA cogita cancelar a Copa por causa da gripe aviária. Meu Deus! Depois de quatro longos anos de expectativa, eis a recompensa. Quatro longuíssimos anos tendo que agüentar os jogos do Flamengo na TV, vendo o Corinthians ser campeão e ― martírio dos martírios ― suportando bravamente os solos da Dayane dos Santos. E agora, a menos de cem dias do Mundial, quando finalmente ia chegar a hora de saborear o filé mignon, vem essa ducha de água fria. Sinto-me como o desbravador que, ao chegar ao final do arco-íris, encontra a sogra no lugar do pote de ouro. Ou pior, experimento a sensação de aguardar nove meses para descobrir, na hora do parto, que tudo não passava de gases. Mas, no meu papel de voz atuante das camadas introvertidas, não me calarei jamais! Recorrerei a toda pessoa pública de influência internacional capaz de garantir a realização do espetáculo: Kofi Annan, Galvão Bueno, J.K Rowling... Alguém vai se emocionar com meu apelo! Afinal, represento todas as pessoas que passam 80 % do seu tempo falando sobre futebol ― e os outros 20 dormindo. Na sua coluna de domingo, no Estadão, Luís Fernando Veríssimo confidenciou que é uma mente ociosa à espera da Copa. Será que vão deixá-lo esperando sentado?!

Tudo graças à famigerada Gripe do Frango. Algumas autoridades alemãs alertaram para o risco de uma epidemia caso o evento se realize. Muitos turistas circulando pelo território aliados ao fato da doença estar começando a mostrar suas garras nas vizinhas Polônia e Hungria formam, segundo aquelas autoridades, um coquetel perigosíssimo para a saúde pública. A FIFA, cautelosa que é e visando o bem-estar mundial, abriria mão do seu maior filão em prol de uma causa maior. Bom, essa é a versão divulgada pela grande imprensa. Eu ― que primo pela imparcialidade e justeza jornalística ― não posso deixar de ouvir o outro lado. Já comentam nos botequins que seria essa mais uma armação do primeiro mundo ― uma coligação FMI-FIFA ― contra a Pátria de Chuteiras. Segundo a lógica botiquenesca, para evitar o Hexa, só cancelando a Copa.

De todo modo, pelo menos agora dá para entender por que o Parreira não leva o Rogério Ceni. O técnico quer evitar frangos na Alemanha. É a coerência levada aos seus últimos limites. A continuar nessa toada, a pergunta que fica é: será que permitirão a entrada do ZaGalo na terra da Copa (infame, eu sei, mas irresistível)?

Vítor Matos é estudante de Comunicação Social na UnB e reveza esta coluna com Guilherme Rocha às quartas-feiras.

Mistério

Fato inusitado deixa todos perplexos no Minhocão
Colaboração de Ana Paula Leitão

Acredite, o que você lerá a seguir realmente aconteceu. Pouco depois de meio-dia de hoje, um grupo de dez a quinze jovens saiu correndo, completamente pelado, pelo Minhocão da universidade. Não se sabe o porquê de sua corrida. O Blog do CACOM está em processo investigativo do fato. Se você tiver alguma informação/fotos sobre essas criaturas ou o motivo de sua corrida natural (literalmente falando) pelo ICC, entre em contato conosco. Sua colaboração será válida para a melhor compreensão da psique humana e dos fatos toscos da universidade.

terça-feira, 7 de março de 2006

Entrevista: Leila Chalub

Decana de Extensão fala dos projetos da Comissão formada para a implementação do crédito de extenção na Universidade
por Guilherme Rocha

Durante a greve, o Decanato de Extensão (DEX), de Graduação (DEG), o Diretório Central dos Estudantes (DCE) e o grupo estudantil Extramuros passaram a formar uma Comissão para planejar a implementação do crédito de extensão na UnB. Confira abaixo o andamento do projeto segundo a professora, coordenadora de extensão e decana Leila Chalub.

CACOM: Como estão os trabalhos da Comissão de Créditos de Extensão?
Leila Chalub:
A curto prazo, providenciamos uma resolução para implementar o crédito de extensão na Universidade para projetos de ação contínua [em que os trabalhos são realizados constantemente, geralmente no período de um ano]. A proposta é de 4 créditos por semestre. Também propomos o seguinte: configurar as disciplinas com atividades ligadas à extensão. Em uma disciplina teórica, parte dos créditos seria de extensão. Mas a Comissão vai além.

CACOM: Além?
LC:
Sim; temos propostas para longo prazo. Negociamos, com os alunos, que o DEX tenha o NASCE [Núcleo de Articulação Social com a Extensão]. É uma proposta dos próprios estudantes que está em discussão para o CEPE [Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão] aprovar. Seria a oportunidade do DEX receber qualquer interessado da sociedade em fazer extensão. Extensão tem que ter participação ativa da população e tem uma função social. A Universidade tem uma função social e o NASCE atuaria nesse sentido. Além disto, temos o projeto de reconhecimento formal do colaborador [membro da sociedade interessado em trabalhar nos projetos] na extensão. Eles teriam visibilidade institucional (como acesso à Biblioteca Central da UnB) e seriam estimulados a trabalhar. A área de pesquisa da Universidade já tem este reconhecimento e a extensão não.

CACOM: Quanto às bolsas de extensão, quantas são? Quantas serão de acordo com o projeto da Comissão?
LC:
São 300 bolsas de R$130,00. As bolsas de extensão são mantidas com recursos da Universidade, ao contrário das de PET ou PIBIC, cujos recursos vêm, em maioria, de fora (do Ministério da Educação por exemplo). O nosso Orçamento é limitado, o que impede o crescimento das bolsas. Acho este valor uma desvalorização da extensão. Temos muitos alunos que não se sentem comprometidos com o trabalho por causa do pequeno valor da bolsa e por causa da pouca visibilidade dada à extensão.

CACOM: Como resolver isso?
LC:
Quero propor 130 bolsas de R$300,00. Já há o aval do reitor, depende agora da opinião dos alunos. O CEPE não precisa aprovar esta medida, pois os recursos foram apenas remanejados; o próprio DEX pode fazer isto. Já temos um convênio quase acertado com o Ministério da Ciência e Tecnologia e um em discussão com o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Com os convênios, teremos mais verbas e poderemos aumentar as bolsas. Pretendemos também criar os grupos de extensão. Neles os projetos com assuntos similares trabalhariam juntos (interdisciplinaridade). Isto traz recursos, pois a qualidade e eficiência da extensão aumentaram [o DEX planeja também dar apoio para os professores no sentido de disponibilizar para eles um grupo para fazer sites para os projetos, folders]. É um reconhecimento formal da extensão. E o aluno ainda será avaliado, terá mais visibilidade.

CACOM: Para quando são estas medidas?
LC:
Pretendemos formalizar todas estas medidas no dia 22/3 no Auditório da Reitoria. Lançar o edital do PIBEX, dos grupos de extensão, colaboradores.

CACOM: Como funciona o PIBEX [processo de seleção dos futuros bolsistas de extensão]?
LC: O PIBEX ainda está em discussão, mas já sabemos que o critério será acadêmico. Grupos de baixa renda não terão prioridade. Mas ainda quero ouvir os alunos para definir o processo [o DEX pretende marcar com o DCE e representantes dos Centros Acadêmicos uma reunião na quarta-feira, 15/3, às 9h, uma reunião para a discussão].

CACOM: Até que ponto a pressão estudantil, como a ocupação do Gabinete da Reitoria, foi importante para a criação de todas estas medidas?
LC:
De fato, os estudantes vêm pressionando os professores para discutir os créditos de extensão. É uma massa crítica importante. Porém, este processo vem de muito tempo; a ocupação do Gabinete apenas coroou a discussão que já vinha acontecendo. Já havia um movimento estudantil importante.

Leila Chalub é graduada em Pedagogia pela UnB e doutora em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Tem especializações em Planejamento e Administração de Recursos Humanos na Universidade Federal de Goiás (UFG) e no Centre de Sociologie de L'éducation Et de La Culture pela Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales (França). Desde 1987, é professora da Faculdade de Educação e do Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS) da UnB.