Entrevista: Leila Chalub
Decana de Extensão fala dos projetos da Comissão formada para a implementação do crédito de extenção na Universidade
por Guilherme Rocha
Durante a greve, o Decanato de Extensão (DEX), de Graduação (DEG), o Diretório Central dos Estudantes (DCE) e o grupo estudantil Extramuros passaram a formar uma Comissão para planejar a implementação do crédito de extensão na UnB. Confira abaixo o andamento do projeto segundo a professora, coordenadora de extensão e decana Leila Chalub.
CACOM: Como estão os trabalhos da Comissão de Créditos de Extensão?
Leila Chalub: A curto prazo, providenciamos uma resolução para implementar o crédito de extensão na Universidade para projetos de ação contínua [em que os trabalhos são realizados constantemente, geralmente no período de um ano]. A proposta é de 4 créditos por semestre. Também propomos o seguinte: configurar as disciplinas com atividades ligadas à extensão. Em uma disciplina teórica, parte dos créditos seria de extensão. Mas a Comissão vai além.
CACOM: Além?
LC: Sim; temos propostas para longo prazo. Negociamos, com os alunos, que o DEX tenha o NASCE [Núcleo de Articulação Social com a Extensão]. É uma proposta dos próprios estudantes que está em discussão para o CEPE [Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão] aprovar. Seria a oportunidade do DEX receber qualquer interessado da sociedade em fazer extensão. Extensão tem que ter participação ativa da população e tem uma função social. A Universidade tem uma função social e o NASCE atuaria nesse sentido. Além disto, temos o projeto de reconhecimento formal do colaborador [membro da sociedade interessado em trabalhar nos projetos] na extensão. Eles teriam visibilidade institucional (como acesso à Biblioteca Central da UnB) e seriam estimulados a trabalhar. A área de pesquisa da Universidade já tem este reconhecimento e a extensão não.
CACOM: Quanto às bolsas de extensão, quantas são? Quantas serão de acordo com o projeto da Comissão?
LC: São 300 bolsas de R$130,00. As bolsas de extensão são mantidas com recursos da Universidade, ao contrário das de PET ou PIBIC, cujos recursos vêm, em maioria, de fora (do Ministério da Educação por exemplo). O nosso Orçamento é limitado, o que impede o crescimento das bolsas. Acho este valor uma desvalorização da extensão. Temos muitos alunos que não se sentem comprometidos com o trabalho por causa do pequeno valor da bolsa e por causa da pouca visibilidade dada à extensão.
CACOM: Como resolver isso?
LC: Quero propor 130 bolsas de R$300,00. Já há o aval do reitor, depende agora da opinião dos alunos. O CEPE não precisa aprovar esta medida, pois os recursos foram apenas remanejados; o próprio DEX pode fazer isto. Já temos um convênio quase acertado com o Ministério da Ciência e Tecnologia e um em discussão com o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Com os convênios, teremos mais verbas e poderemos aumentar as bolsas. Pretendemos também criar os grupos de extensão. Neles os projetos com assuntos similares trabalhariam juntos (interdisciplinaridade). Isto traz recursos, pois a qualidade e eficiência da extensão aumentaram [o DEX planeja também dar apoio para os professores no sentido de disponibilizar para eles um grupo para fazer sites para os projetos, folders]. É um reconhecimento formal da extensão. E o aluno ainda será avaliado, terá mais visibilidade.
CACOM: Para quando são estas medidas?
LC: Pretendemos formalizar todas estas medidas no dia 22/3 no Auditório da Reitoria. Lançar o edital do PIBEX, dos grupos de extensão, colaboradores.
CACOM: Como funciona o PIBEX [processo de seleção dos futuros bolsistas de extensão]?
LC: O PIBEX ainda está em discussão, mas já sabemos que o critério será acadêmico. Grupos de baixa renda não terão prioridade. Mas ainda quero ouvir os alunos para definir o processo [o DEX pretende marcar com o DCE e representantes dos Centros Acadêmicos uma reunião na quarta-feira, 15/3, às 9h, uma reunião para a discussão].
CACOM: Até que ponto a pressão estudantil, como a ocupação do Gabinete da Reitoria, foi importante para a criação de todas estas medidas?
LC: De fato, os estudantes vêm pressionando os professores para discutir os créditos de extensão. É uma massa crítica importante. Porém, este processo vem de muito tempo; a ocupação do Gabinete apenas coroou a discussão que já vinha acontecendo. Já havia um movimento estudantil importante.
Leila Chalub é graduada em Pedagogia pela UnB e doutora em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Tem especializações em Planejamento e Administração de Recursos Humanos na Universidade Federal de Goiás (UFG) e no Centre de Sociologie de L'éducation Et de La Culture pela Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales (França). Desde 1987, é professora da Faculdade de Educação e do Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS) da UnB.
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