Futebol!
Continua não adiantando querer passar o carro na frente dos bois
por Vítor Matos
O Brasil é dado a arroubos de vanguardismo. Deve ser sintoma do complexo de inferioridade próprio do terceiro mundo, ou simplesmente o calor dos trópicos, vai saber; o fato é que, por aqui, o povo adora uma boa inovação, seja lá para o quê ela vai servir.
O chato da história é que às vezes a novidade é avançada demais para nossos cérebros provincianos. Acontece, por exemplo, com os caixas-eletrônicos. Qual é a necessidade de adotar máquinas tão sofisticadas se o grosso da população - quando sabe distinguir os números e (milagre!) ler o que passa na tela – se embanana no duelo com o teclado? Não adianta fingir ares de nação desenvolvida, posar de século XXI, enquanto a mentalidade reinante continuar apontando para tempos medievais.
Com isso chegamos ao cerne da coluna desta semana. Anos atrás, o leitor vai lembrar, a CBF começou a incorporar mulheres para integrar seu quadro de arbitragem. Uma atitude ousada, pioneira, ainda mais se levarmos em conta o machismo que impera no futebol. Pois bem, uma dessas moças, a bandeirinha Ana Paula de Oliveira, acabou se destacando no cenário nacional, a ponto de estar a um bom tempo trabalhando nas principais competições do país. Ana Paula virou personalidade do nosso futebol.
Mas o Brasil nunca esteve preparado para Ana Paula. É bem verdade que até nos esforçamos para lidar da forma mais natural possível com a inovação que ela representava. Tentamos abafar nossa veia machista e retrógrada, lutamos pra calar nossos preconceitos, nos digladiamos com nossa ignorância, mas perdemos a batalha. As avaliações sobre Ana Paula raramente foram parciais, raramente refletiram a realidade, porque no afã de conter o preconceito, os comentários eram forçadamente simpáticos à moça.
Ana Paula é uma bandeirinha competente. Só que, quando acerta, seus feitos são supervalorizados, e vende-se uma falsa imagem de que ela seja excepcional. Quando erra, como aconteceu no jogo Botafogo e Figueirense, as críticas são igualmente exacerbadas e destoantes da realidade. Pior, escancaram o lado atrasado e preconceituoso de muitos brasileiros. As ofensas feitas a ela após a partida remetem à mais sombria e selvagem das tribos bárbaras.
O dia que o Brasil estiver realmente preparado para os avanços que ele gosta de ostentar, a bandeirinha Ana Paula passará a ser julgada pelos seus méritos e defeitos no exercício da profissão, independentemente do fato de ser mulher.
O chato da história é que às vezes a novidade é avançada demais para nossos cérebros provincianos. Acontece, por exemplo, com os caixas-eletrônicos. Qual é a necessidade de adotar máquinas tão sofisticadas se o grosso da população - quando sabe distinguir os números e (milagre!) ler o que passa na tela – se embanana no duelo com o teclado? Não adianta fingir ares de nação desenvolvida, posar de século XXI, enquanto a mentalidade reinante continuar apontando para tempos medievais.
Com isso chegamos ao cerne da coluna desta semana. Anos atrás, o leitor vai lembrar, a CBF começou a incorporar mulheres para integrar seu quadro de arbitragem. Uma atitude ousada, pioneira, ainda mais se levarmos em conta o machismo que impera no futebol. Pois bem, uma dessas moças, a bandeirinha Ana Paula de Oliveira, acabou se destacando no cenário nacional, a ponto de estar a um bom tempo trabalhando nas principais competições do país. Ana Paula virou personalidade do nosso futebol.
Mas o Brasil nunca esteve preparado para Ana Paula. É bem verdade que até nos esforçamos para lidar da forma mais natural possível com a inovação que ela representava. Tentamos abafar nossa veia machista e retrógrada, lutamos pra calar nossos preconceitos, nos digladiamos com nossa ignorância, mas perdemos a batalha. As avaliações sobre Ana Paula raramente foram parciais, raramente refletiram a realidade, porque no afã de conter o preconceito, os comentários eram forçadamente simpáticos à moça.
Ana Paula é uma bandeirinha competente. Só que, quando acerta, seus feitos são supervalorizados, e vende-se uma falsa imagem de que ela seja excepcional. Quando erra, como aconteceu no jogo Botafogo e Figueirense, as críticas são igualmente exacerbadas e destoantes da realidade. Pior, escancaram o lado atrasado e preconceituoso de muitos brasileiros. As ofensas feitas a ela após a partida remetem à mais sombria e selvagem das tribos bárbaras.
O dia que o Brasil estiver realmente preparado para os avanços que ele gosta de ostentar, a bandeirinha Ana Paula passará a ser julgada pelos seus méritos e defeitos no exercício da profissão, independentemente do fato de ser mulher.
3 comentários:
"As avaliações sobre Ana Paula raramente foram parciais, raramente refletiram a realidade, porque no afã de conter o preconceito, os comentários eram forçadamente simpáticos à moça."
Posso estar errado, mas parece que o autor quis dizer "imparciais", em vez de "parciais".
Apesar de concordar com o que foi dito acerca dos julgamentos um tanto extremistas à Ana Paula, não acho que as coisas sejam bem por aí.
É quase como dizer que só se pode discutir a questão da Universidade quando tivermos 'ajeitado' o Ensino de Base - ignorando, nesse meio tempo, todos aqueles que são atualmente prejudicados pela elitização e burocracia do vestibular.
Ou, por exemplo, que não adianta cogitarmos a implementação de programas e medidas políticas eficazes, pois sempre vai ter alguém corrupto para deturpá-las (como se a corrupção fosse o único problema no Brasil, e não o descaso dos políticos e a burocracia sufocante).
Enfim, o que quero dizer é que esperar pelo "dia que o Brasil estiver realmente preparado" para começar a atuar de forma mais vanguardista (heheh) pode levar muito tempo, e que - quem sabe - essa preparação só virá caso antecedida por medidas inovadoras frustradas, como a de Ana Paula.
=)
Ia escrever o meu comentário, quando li o que a Mel disse. Então, percebi que ia escrever alguma coisa no mesmo tom. Uso então, esse espaço para concordar com ela.
Ah! E o Brasil não é dado a arroubos de vanguiardimos. Não mesmo!
E "simplesmente o calor dos trópicos" remete a uma teoria cintífica que buscava, embasada nesse fator climático, justificar o fato de a escravidão existir, uma vez que os "tropicais" possuiam debilidades intelectuais em razão do sol em demasia nas cabeças.
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