Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


segunda-feira, 21 de maio de 2007

Duas visões sobre o ABORTO (II)

Aborto: um direito da mulher
Levantando a bandeira do respeito à vida “desde sua concepção até seu natural declínio”. O papa Bento XVI em sua recente visita ao Brasil reavivou uma antiga (porém polêmica) discussão: o aborto deve ser legalizado?
Por Gláucia Cristina

O Brasil tem o maior número de católicos da América Latina. Não é surpresa, portanto, que a maioria da população tenha uma opinião sobre o assunto baseada em questões religiosas, o que é preocupante. Crianças pelas ruas trabalhando diariamente por alguns trocados, orfanatos superlotados, jovens vidas defendidas tão fervorosamente e perdidas por conta de dogmas e valores medievais. Uma criança não tem apenas a necessidade de casa, comida, roupas; ela precisa de afeto e cuidados. Uma mulher que não está disposta a proporcionar tais requisitos básicos para a manutenção da vida não deve ser obrigada a manter esse filho já que isso não traria bem algum a ela nem especialmente à criança.

Dentre os poucos sites sobre o assunto na internet, destaca-se o da ONG "Women On Waves". O objetivo da organização é promover viagens de navio – os chamados abortionships – para que mulheres que moram em países onde o aborto é ilegal possam realizar a prática em território internacional sem ter de sofrer sanções judiciais. Iniciativas como essa ilustram a necessidade de uma providência imediata a respeito da legalização do ato abortivo.

Estufar o peito e dizer, orgulhoso, que é contra o aborto pode ser bonito perante a sociedade, mas é uma atitude ingênua e, muitas vezes, egoísta. Colocar-se no lugar do outro é que é o verdadeiro desafio. “Ela teve porque quis” ou “a criança não tem culpa da irresponsabilidade alheia” são argumentos freqüentemente usados pelos defensores do discurso contra a interrupção de uma gravidez - salvo em casos de estupro -, mas são aplicáveis somente se tomarmos como pressuposto que todas as mulheres do mundo têm informação e condições financeiras suficientes para evitar uma gravidez indesejada.

A realidade é outra. Postos de saúde com falta de contraceptivos, mulheres que não podem prover uma estrutura básica para o desenvolvimento físico e mental de um filho ou que simplesmente não desejam tê-lo. O que importa é o direito de escolha, o direito de decidir o que é melhor para si e para o próprio corpo, baseando-se em valores e razões pessoais. Mensagens apocalípticas sobre a condenação eterna e pensamentos conservadores não fazem e nunca farão com que uma sociedade evolua. É inconcebível que, em pleno século XXI, ainda se discuta se uma pessoa tem ou não o direito completo sobre seu próprio corpo.
Participe também desta discussão.
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3 comentários:

Anônimo disse...

"É inconcebível que, em pleno século XXI, ainda se discuta se uma pessoa tem ou não o direito completo sobre seu próprio corpo."

É inconcebível que alguém chegue à universidade sem saber que um feto é uma vida à parte da mãe.

Gláu disse...

O conceito de quando começa a vida ainda não foi completamente definido. É válido se informar melhor sobre a discussão completa sobre o tema, Gustavo.

relosilla - chaverinho disse...

Glau, gostei muito do seu texto. ainda mais da iniciativa de começar um "debate" tão pesado e necessário.

quanto uma opinião de estudante de jornalismo para estudante de jornalismo: num blog vc tem total liberdade de estrutura, de estética e opinião. A linguagem é sua. Encurte algumas frases para o texto ficar mais simples e gostoso de ler. ou como diz um amigo, para ficar mais poético. =]
por exemplo: essa frase "Crianças pelas ruas trabalhando diariamente por alguns trocados, orfanatos superlotados, jovens vidas defendidas tão fervorosamente e perdidas por conta de dogmas e valores medievais."
eu colocaria assim: "Crianças nas ruas trabalham por uns míseros trocados. Orfanatos superlotados. jovens vidas..."