Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


quarta-feira, 22 de novembro de 2006

Futebol!

Os louros da vitória
por Vitor Matos

O São Paulo já era tido como campeão brasileiro no mês de abril. Desde lá a crônica esportiva e o público sabiam que só um cataclismo tirava o título do Morumbi. Era questão de tempo o Rogério levantar a taça. Enfim, terminou a agonia. A lenta e tortuosa espera de flamenguistas, corintianos, palmeirenses, cruzeirenses e todos os outros torcedores, que ficaram o ano inteiro assistindo impotentes o triunfo tricolor. Acabou, companheiros. O último acorde dessa triste ópera foi tocado no domingo.

O campeonato de pontos corridos chegou ao auge de sua previsibilidade. Acompanhar o Brasileirão desse ano foi o mesmo que comprar entradas para “Titanic” ou “Paixão de Cristo”. Horas e horas em frente à tela para chegar a um final que a gente já conhece. A ausência da fase de mata-mata (ou mata²) compromete a emoção e a imprevisibilidade da competição. Era a pimenta no enredo. Se vigorasse a antiga fórmula de disputa, por exemplo, o São Paulo pegaria o Flamengo na fase seguinte. E aí as coisas seriam diferentes.

Se eu acho o título do São Paulo injusto? Não, quê isso! Pelo contrário. Se eu estou com inveja do sucesso dos são-paulinos? De jeito nenhum! Inclusive, minha maior vontade hoje era de estar na pele de algum jogador tricolor. Qualquer um deles. O feito de domingo os alçou à História. Fazem parte, para sempre, da memória do futebol brasileiro. Um Aloísio ou um Sousa, mesmo que logo deixem de ocupar o amplo espaço que hoje têm na mídia, poderão um dia dizer aos seus netos: “Eu fui campeão brasileiro”. Eu, infelizmente, terei que inventar alguma historieta para que meus netinhos não pensem que o avô foi um zero à esquerda.

Mas não é só de um campeão brasileiro que o país é feito. A temporada também produz o vencedor da série B. Esse ano as glórias recaem sobre o Atlético de Minas. O Galo consegue, depois de um ano no purgatório, retornar à primeira divisão e ainda por cima carregando a faixa de campeão da segunda. É uma volta em grande estilo. Contam que os galos são parentes próximos das fênix. Só que os motivos que credenciaram o Atlético a protagonizar os últimos parágrafos da coluna de hoje não têm a ver com o título conquistado. Antes, referem-se à seus devotos torcedores. Que torcida no mundo lotaria um estádio com 70 mil lugares para ver seu time na segunda divisão? E olha que a galera do Galo repetiu a façanha em vários jogos desse ano. Para o próximo sábado, inclusive, estão prometendo não só lotar o Mineirão, mas também colocar 15 mil fanáticos no estádio Independência para acompanhar o último jogo do Atlético no campeonato por um telão. Que beleza!

Para terminar, vou expor aqui um dos fatos que mais mexeu com a minha sensibilidade nos últimos anos. É sabido que os clubes de futebol costumam aposentar as camisas dos seus maiores ídolos. Por exemplo, no Vasco, ninguém veste a onze do Romário; no Milan, ninguém veste a 5 do Baresi. Pois bem. A diretoria do Galo resolveu aposentar a camisa 12. Doze?, perguntam os incautos. Quem seria o grande craque atleticano que usou a doze? A dúvida martela. Para não estragar a surpresa e para que o nobre leitor tenha um tempo a mais para pensar sobre o caso, darei a resposta no P.S da coluna. Até lá.

P.S.: a resposta, sem maiores volteios. A camisa 12 do Atlético é a da torcida, o décimo-segundo jogador. Por que meu time não teve essa idéia antes?

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