Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


quarta-feira, 4 de outubro de 2006

Coluna - Futebol

Depois da tormenta...
por Vitor Matos

Vem a bonança! E que seja bem-vinda! O Brasileirão retorna à ativa depois de 10 longos dias no ocaso. 10 cinzentos dias em que a TV só esteve preocupada com políticos, eleições, imigração de dólares ilegais e outras mundanices. A magia foi esquecida. 10 intermináveis dias em que 2% não significava o índice de aproveitamento do ataque do Flamengo, mas sim a parcela do eleitorado que ia votar no Cristovam. Meu Deus! Acho que colocam a Copa do Mundo antes das eleições que é pra gente agüentar de bom-humor as estripulias da democracia brasileira.

As mágoas do período eleitoral que fiquem pra trás, porque hoje a noite é de festa. Reabrindo com pompa e circunstância o campeonato, Flamengo e Fluminense esgrimam no gramado do Maracanã. Fla-Flu, o clássico mais charmoso do mundo. Cronista esportivo que é cronista esportivo tem pelo menos uma frase de efeito sobre um Flamengo e Fluminense. Nélson Rodrigues, por exemplo, dizia que o Fla-Flu começou 45 minutos antes do nada. (O dia que eu bolar algo parecido, prometo publicar em primeira mão nesta coluna). Hoje, os tempos são outros, menos românticos, e é bem provável que o jogo de logo mais não honre as tradições do clássico. Mas quem precisa de charme quando, de um lado, temos Sávio, Luizão e Obina e, do outro, Petkovic e Pedrinho?

Doravante ― acostumem-se, pois passarei a usar essa palavra constantemente em minhas colunas ― todos começam a torcer contra o São Paulo. O time do Morumbi já largou 5 pontos de vantagem em relação ao segundo colocado, o Grêmio, e há muito não vê sua liderança seriamente ameaçada. É bem verdade que, nas últimas rodadas, o tricolor paulista vem apresentando algumas falhas. O ataque não funciona bem, alguns jogadores não rendem o que deles se espera (Tiago é um exemplo), e a equipe começa a sofrer com o cansaço de um ano inteiro de intensa atividade. Todavia, graças à falta de concorrência qualificada, o São Paulo parece caminhar certeiro para o título. Cabe ao Vasco, hoje, mostrar que minhas previsões são que nem pesquisa de boca de urna na Bahia.

Mas não é só o futebol que está de volta, caros leitores. Também nessa quarta recomeça o horário político obrigatório na TV. E por mais três semanas teremos que conviver com os beijos em bebezinhos catarrentos, as promessas faraônicas e as declarações de amor ao Brasil. Como fazer desse segundo turno um sofrimento menor? Escolhamos um desses candidatos e torçamos pra ele como se fosse pra um time de futebol. O Lula poderia ser o Corinthians: é popular e ninguém sabe de onde vem o dinheiro. O Alckmin daria um perfeito São Paulo: burguês e sem-graça. E toda vez que nosso candidato retrucar o outro no debate, a gente pode até gritar gol. Será uma beleza!

O triste é que, pior que a pieguice dos políticos em campanha, são os mandatos que eles exercem quando eleitos. Depois da tormenta, a tormenta!

P.S.: Marcão da Rodoviária, essa coluna, doravante, apóia sua luta.

3 comentários:

Anônimo disse...

excelente, de novo.

Anônimo disse...

Sei não... essa comparação entre Lula e Corinthians, contrastando com Alckmin e São Paulo... tá me cheirando a propaganda política...

Anônimo disse...

"Cabe ao Vasco, hoje, mostrar que minhas previsões são que nem pesquisa de boca de urna na Bahia"

E de fato, o Vasco mostrou. É bom lembrar que na pesquisa boca de urna, Wagner já estava na frente de Souto. Nas pesquisas anteriores que Souto aparecia em primeiro lugar.