Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


terça-feira, 3 de outubro de 2006

Artigo

Passado o primeiro turno...
por Gabriel Castro

Já se pode fazer uma análise (ainda parcial) dos destaques nas urnas. Na eleição para presidente, a disputa foi para o segundo turno e surpreendeu apenas quem ignorou os sinais constantes da ascensão de Geraldo Alckmin. Paga o prejuízo quem cantou vitória (ou derrota) antes do tempo. Como o diretor do instituto Sensus, Ricardo Noblat, Carlos Chagas, Lucia Hipólito e tantos outros “especialistas”. A partir de agora, o PT deve usar o segundo turno para atacar o governo FHC e tirar votos de Alckmin. Enfim, o partido de Lula resolve partir para o ataque, depois de construir durante toda a campanha a imagem de uma candidatura que não se disporia a entrar na briga com os adversários.

Nos governos estaduais, a maior surpresa foi a vitória do petista Jacques Wagner na Bahia. O alto número de votos do mineiro Aécio Neves também o credencia desde já à disputa nacional em 2010. Serra deve completar 16 anos de domínio tucano em São Paulo. No saldo final, o PT não conquistou nada fora do Norte-Nordeste. O PSDB também venceu em 4 estados. Mas saiu-se melhor, porque conquistou Minas Gerais e São Paulo, estados com enorme peso econômico e político. O PT disputa o segundo turno em dois estados. O PSDB, em três. O PMDB, que também conquistou quatro governos, pode terminar o segundo turno como o grande vitorioso, já que disputa em seis estados.

Na Câmara, apesar de algumas boas notícias, como a derrota de Ângela “dançarina” Guadagnin e o fracasso de Delfim Neto, o resultado foi ruim. Os sobreviventes do mensalão voltaram. Palocci voltou. Jader Barbalho foi reeleito. Paulo Maluf foi campeão de votos. Talvez a grande melhoria na próxima legislatura seja uma cobrança maior por parte da Opinião Pública depois dos sucessivos escândalos na Casa. No fim das contas, os deputados acabam cedendo às pressões populares (como na votação que terminou com a farra dos salários extras no ano passado).

No Senado, poucas mudanças. Destaque apenas para o inesperado aperto de Suplicy em São Paulo (o candidato Afif Domingos liderou as apurações e só foi ultrapassado no final) e para a vitória de Francisco Dornelles do Rio de Janeiro. A culpa foi da sua adversária, Jandira Feghali (PC do B). Defensora do aborto, ela foi à Justiça tentar proibir que a Igreja expressasse sua opinião sobre o tema. A atitude soou mal junto ao eleitorado, que tirou da candidata comunista a vaga que parecia assegurada. Menção (des)honrosa ao retorno de Fernando Collor, que em menos de um mês arrebatou o eleitorado alagoano e volta a Brasília aparentemente mais moderado. E declarando apoio a Lula (que já respondeu cordialmente). Política é mesmo a arte de esquecer.

4 comentários:

Anônimo disse...

O que se pode falar de uma eleição que vai para o segundo turno graças aos votos de um estado que elege Maluf, Clodovil e Frank Aguiar?

Anônimo disse...

O mesmo que se pode falar de regiões que apoiaram em massa o atual presidente Lula, assim como Fernando Collor e Antônio Carlos Magalhães.

Não é São Paulo que tem problemas, caro anônimo, e sim o país como um todo.

Anônimo disse...

Antônio Carlos Magalhães? Não dá para conciliar, na Bahia, o apoio simultâneo ao Carlismo e ao PT. Ou é um ou é outro. ACM Neto foi eleito por suas atividades nas CPIs, mas o PFL teve uma grande derrota nessas eleições na Bahia. Ou estou enganado?

Ah, e não discordo da questão ser nacional. Mas que Maluf, Clodovil e Frank Aguiar são uma vergonha eleitoral, não arredo pé...

Anônimo disse...

Não é verdade o que o autor da matéria disse. O senador Eduardo Suplicy ultrapassou o candidado Afif quandp havia 38,91% das urnas apuradas. Isto significa que Afif nao liderou a apuração, e muito menos que Suplicy ultrapassou já no final. Verdade que foi uma surpresa Suplicy ter ganho apenas com algo em tono de 700mil votos de diferença,mas tentar passar a idéia que o PT quase que não elege nem o senador é ridicula.