Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


quarta-feira, 4 de outubro de 2006

Em busca de sombra e água fresca

Diante da promessa de editais de concursos públicos, é constante a procura por cursos preparatórios
por Edson Jr. e Felipe Néri
fotos: Felipé Néri

Um bom salário e estabilidade no emprego: é o que os concursandos almejam. E para alcançar tal objetivo lançam mão de muitas horas de estudo e gastos com livros, apostilas e, claro, um bom curso preparatório. Brasília, por ser a capital federal, representa um verdadeiro pólo de concursos públicos. São milhares de vagas abertas todos os anos para cargos em nível médio e superior.


Turma de curso preparatório para concurso interno da PM

Com a contínua divulgação de editais, o mercado de cursinhos na cidade mostra-se bastante dinâmico. Existe alta rotatividade de turmas e as disciplinas são oferecidas tanto isoladas – como Direito Constitucional e Língua Portuguesa – quanto em pacotes para concursos específicos. A lógica empresarial é resumida na fala de Wladimir Souza, coordenador administrativo do curso Souza Lima, há 14 anos em Taguatinga: “Como qualquer empreendimento comercial, buscamos dinheiro, mas é necessário haver qualidade para se manter no mercado”. Por isso, é preciso cautela na escolha da instituição em vista do número de empresas no ramo. Um bom indicador de credibilidade é a equipe de professores; não adianta apenas transmitir a matéria, o professor deve também saber lidar com turmas grandes e heterogêneas e motivar os estudantes. “Deve-se saber ensinar não só para aqueles que já tem hábito de estudo, mas também para os que saíram da escola há anos e nunca mais pegaram em um livro”, ressalta o professor de Português Wagner Sousa.

O distanciamento que existe entre boa parte dos candidatos e os conhecimentos requeridos exige forte determinação, o que leva muitos a fazerem o mesmo preparatório várias vezes. A professora de Biologia Manuelle Oliveira, funcionária concursada da Fundação Educacional, lamenta: “Tudo que é cobrado é diferente do que eu já tinha estudado”. Essa defasagem é constatada também por Orlando Sasaki, coordenador do Pró-Cursos, que reclama da insuficiência da educação, principalmente no Ensino Médio.

Manuelle quer deixar de ser professora e garantir um cargo em um dos tribunais

Orlando também revela tristeza ao observar o esquecimento que há, por parte dos candidatos, em relação à responsabilidade social de um servidor público e o seu valor, além da questão financeira. É importante lembrar que não apenas horas de estudo garantem o merecimento do cargo público, mas também uma boa dose de consciência cidadã.

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