Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


terça-feira, 19 de setembro de 2006

O voto em questão

“Quero ser conhecida como a governadora que cuidou de gente”
por Aerton Guimarães
foto: http://www.distritofederal.df.gov.br/



Maria de Lourdes Abadia, candidata à reeleição ao Governo do Distrito Federal, proferiu a frase acima no debate realizado pela TV Brasília no início do mês. E ela resume bem a maioria das propostas da governadora, que pretende seguir praticamente todos os passos de seu antecessor, Joaquim Roriz.

Abadia nasceu em Bela Vista - Goiás, em 1944. Mudou-se para Brasília em 1960, onde iniciou a carreira política. Formada em Serviço Social pela UnB, foi coordenadora do processo de “desfavelização” do Plano Piloto, em 1971, quando retirou 85 mil invasores dali para a recém criada Ceilândia. Nomeada Administradora da cidade, ocupou o cargo por 14 anos, até ser eleita, em 1986, deputada federal pelo PFL e, em 1990, deputada distrital, mas dessa vez pelo PSDB.

Terceira mais votada nas eleições de 1994 para governador, Abadia apoiou o candidato Cristovam Buarque no segundo turno, disputado contra Valmir Campelo, este amparado por Roriz. Após vencer Campelo, Cristovam a nomeou Secretária de Turismo, cargo que ocupou por apenas seis meses.

Dessa vez ao lado de Roriz nas eleições de 1998, foi novamente eleita deputada federal e escolhida secretária de Coordenação das Administrações Regionais no GDF. Em 2002, compôs a chapa de Roriz como vice-governadora e, em março passado, com a saída do governador para concorrer ao Senado, Abadia assumiu o posto, tornando-se a primeira governadora mulher do Distrito Federal.

Na tentativa de ser reeleita para o mais alto cargo do DF, Abadia segue a mesma postura de Roriz: populista, promete manter os 75 projetos sociais em vigor. “São programas que visam a promoção. Nós temos bolsões de miséria onde existem pessoas desempregadas e com fome que não têm outro programa”, respondeu ao ser questionada sobre os projetos atuais do GDF, considerados assistencialistas por alguns acadêmicos.Em sua campanha eleitoral, faz questão de ressaltar a imagem de Roriz, e tenta transferir para si os votos recebidos por ele. A tática não vem dando muito certo, pois Abadia não sai da casa dos 20 pontos percentuais nas pesquisas.

Antes de seu partido definir quem seriam seus candidatos nas eleições 2006, Abadia fez uma afirmação um tanto quanto curiosa. Em uma matéria do jornal Tribuna do Brasil, disse ser apenas uma peça de xadrez no jogo político, e faria o que Roriz indicasse.

Em entrevista ao Blog do Cacom, a candidata foi questionada se não se incomoda em ser considerada apenas uma sombra de Roriz. De maneira firme, disse que não, devido às tantas qualidades do ex-governador e seus grandes feitos na Capital Federal. “Se analisar o crescimento que o Distrito Federal teve, as grandes obras, as grandes transformações, Brasília hoje tem 99% de água tratada. O resto do Brasil tem 13%. Brasília hoje trata todo o seu esgoto coletado. O Brasil apenas 8%. Então a gente tem que avaliar tudo de bom que foi feito pela nossa cidade e dar continuidade”, comparou. Ainda na entrevista, Abadia se mostrou contraditória ao dizer que é contra a reeleição: “Quero dizer que sou contra a reeleição, porque todos os candidatos que enfrentam a reeleição têm denúncias de abuso da máquina (de governo)”.

Sobre as recentes denúncias feitas pelo deputado distrital Izalci Lucas, de que estaria usando a Secretaria de Educação em prol de sua campanha, Abadia diz não estar preocupada: “Os responsáveis serão penalizados. Eu assinei, além da Lei Eleitoral, um decreto, que é o 26.979, em que proíbo toda a participação, todo o engajamento, todo o fazer político dentro do recinto dos órgãos governamentais. Então eu estou muito tranqüila com isso e estou aguardando a decisão de quem compete decidir”.

Além disso, Abadia tem sido acusada de coagir os servidores do GDF a fazerem campanha e a votarem na candidata à reeleição. De acordo com reportagem do Correio Braziliense no início de agosto, o PFL estaria em busca de indícios que comprovassem o fato, para pedir a impugnação de sua candidatura no Tribunal Regional Eleitoral (TRE). O que de fato não se concretizou.

2 comentários:

Anônimo disse...

"Brasília hoje tem 99% de água tratada. O resto do Brasil tem 13%. Brasília hoje trata todo o seu esgoto coletado. O Brasil apenas 8%."

É isso mesmo? Acho que o percentual nacional é bem maior.

"Abadia segue a mesma postura de Roriz: populista, promete manter os 75 projetos sociais em vigor"

O fato de prometer manter os projetos sociais não significa que seja populista. Não estou questionando se a governadora é ou não é populista, mas só isso, sem maiores detalhamentos e outros fatos, não permite classificá-la como tal.

Anônimo disse...

A oração, que está entre aspas, é exatamente o que a governadora disse, André.

E claro que não é só o fato de ter tantos projetos em vigor que a torna populista, mas diversas outras medidas que, provavelmente, a maioria dos eleitores que acompanham o Blog do Cacom e que assistem aos programas eleitorais conhecem. Publiquei a entrevista na íntegra que fiz com a Abadia, se quiser conferir, vá em www.campodasideias.blogspot.com.

Abraços,
Aerton