Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


terça-feira, 19 de setembro de 2006

Incidente retoma divergências no Ipol

Novo episódio na polêmica sobre racismo no Instituto de Ciência Política atinge Gustavo Amora
por Ânderson Corrêa
colaboração: Caroline Aguiar

A polêmica começou quando o Professor Paulo Kramer, do Instituto de Ciência Política – IPOL, resolveu empregar em suas aulas de Teoria Política Moderna os termos “crioulos” e “crioulada” para se referir aos negros. Um dos alunos da classe, Gustavo de Freitas Amora, sentiu-se profundamente ofendido com tal atitude e resolveu conversar com o professor a respeito do assunto. No entanto, Kramer voltou a utilizar as palavras e chegou chamá-lo de “Ku-Klux-Klan às avessas” e de “racista negro”, fato que levou Gustavo e mais nove mestrandos de ciência política a formalizarem uma denúncia contra Kramer à reitoria da UnB.

Na semana passada, a primeira edição da Semana Política foi palco para mais um incidente do Caso Kramer, que agora já conta com muitos envolvidos pela amplitude que os fatos tomaram. A programação do evento previa a participação de Lúcia Avelar, diretora do IPOL, apontada por tomar decisões pouco firmes na investigação do Caso, e o mestrando Gustavo Amora na mesma discussão. Às vésperas do evento, Gustavo enviou um e-mail endereçado ao colega Carlos Augusto de Melo Machado, que seria mediador do debate, cujo conteúdo era um pedido de oportunidade para desconsertar a Professora perante o público. A mensagem foi acidentalmente remetida ao e-mail coletivo do grupo de mestrandos e foi vista por todos, o que apimentou ainda mais a grande polêmica.

Em entrevista, a Professora Lúcia Avelar disse que sua primeira reação foi a de não participar do evento para evitar uma exposição desnecessária, mas o apoio dos alunos foi fundamental na decisão de continuar. “Os alunos foram tão maravilhosos que acabaram me convencendo”, disse ela. Sobre a condição de Gustavo no ato, a Professora acredita que ele já foi punido pela própria força das circunstâncias e que ainda vai conversar com os colegas docentes sobre uma possível punição. Além disso, ela continua afirmando que Paulo Kramer não é racista, mas prefere que ele não mais utilize os termos.

Gustavo afirmou que tudo não passou de uma brincadeira entre ele e Carlos Augusto. Segundo ele, era uma questão de foro íntimo que acabou vazando. Os estudantes divergem entre si quanto a algumas decisões que foram tomadas até agora na investigação do Caso. Gustavo acredita que não tem mais legitimidade para discutir as questões do Colegiado, mas diz que isso não invalida o sentido de sua militância no movimento negro.

Seguindo orientações de advogados, Paulo Kramer não se pronunciou.


Devido a um problema no servidor, não pudemos publicar as fotos desta matéria. Assim que possível, as imagens estarão disponíveis.

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