Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


domingo, 10 de setembro de 2006

Artigo

Comunicar é preciso, mas..., como?
por Cristiano Zaia

Acordar é sempre uma incógnita para mim. Desperta-me tão contrastantes sensações quanto as provocadas pela chuva fina que aterrissa sobre minha cabeça ou pelo clima seco que repuxa a pele, tornando-a tímida e demasiado sensível. Essas manifestações são apenas algumas, circunstanciais e várias. Na verdade, representam trajes, roupas, vestimentas comunicativas, que traduzem informações importantes. No XXIX Congresso da Intercom (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares de Estudos da Comunicação), pude notar algumas dessas sensações como simples voluntário colaborador.

Essa semana, tudo isso significou mais para esse singelo projeto de comunicador com ares de filósofo que voz fala. Um evento com a grandiosidade de um Intercom reforça reflexões no mínimo instigantes. De repente, vejo-me em meio a estandes, livros, CD’s, histórias, trajetórias, propostas, ideais e pessoas. Entre elas, estudantes, comunicadores, outros nem tanto (afinal de contas, estamos em um Congresso Nacional de Comunicação e, portanto, temos que poupá-los de maiores impassividades), teóricos, pesquisadores, pensadores, observadores, transeuntes e cidadãos “normais” para quem nada disso os impedirá de assistir a uma novela ou ao Jornal Nacional. E quem disse que o Intercom transformaria esse sujeito?

Obviamente me vejo cercado de comunicólogos. Jornalistas que acreditam estarem reproduzindo verdades. Publicitários que vendem mentiras. Educadores que ensinam como lhes é permitido ensinar hoje em dia, ou seja, desonestamente. Cineastas ou produtores audiovisuais que, dos males, representam os menores. E alguns muitos outros comunicadores perdidos por aí em suas funções. Mas, que implicância é essa a minha com os profissionais da comunicação, não? Sem generalizações.

A indignação vem de poder enxergar, de repente, tamanho potencial transformador que esses simples mortais têm em mãos. De eventualmente trajarem vestuários complacentes com as reais carências humanas ou com as responsabilidades, subentendidamente, exigidas pela grande massa. Por que, quem falou ou ensinou que a grande massa não pensa, decide ou critica? Talvez não faça a tal nível perceptível, pois não lhe seja dada escolha digna ou diferente.

Vou dormir e escorrego em uma solitária ocasião. O tombo é desconfortável e o destino de minhas conclusões mais ainda. Quem seríamos nós sem os jornalistas, os publicitários, os cineastas, os relações públicas, os professores ou até os assessores? Talvez, assim,até fôssemos menos controlados ou obrigados a nos render. Mas, simplesmente veríamos todas as pessoas vestindo as mesmas coisas, com expressões simbólicas minimamente notáveis ou dificilmente influenciáveis. Ou estaríamos historicamente rebaixados à mera posição de medíocres cidadãos medievais relegados à falta de informação, conhecimento e submissão autoritárias.

Talvez, esses dias de Congresso tenham mudado alguma coisa de fato. Mesmo que somente no trato de questões fundamentais à continuidade e posterior amadurecimento dos meios de comunicação e do Universo comunicacional como um todo. Enfim, desde que nos comuniquemos, tudo é válido. O que importa é como efetuamos essa tarefa organicamente complicada. E eis que uma humilde indagação é posta em voga: comunicar é preciso, mas..., como?

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