Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


terça-feira, 8 de agosto de 2006

Um balanço do mandato

Em entrevista, reitor da Universidade de Brasília avalia e expõe os primeiros meses de sua gestão
por Marco Prates
foto: Daiane Souza/UnB Agência


O reitor Timothy Mulholland completará nove meses de gestão no dia 14 de agosto. Sua posse aconteceu num momento pouco favorável, durante a última greve de 101 dias na UnB. Desde então, os desafios enfrentados por sua administração não mudaram em relação aos enfrentados pelas anteriores: todos giram em torno da falta de verbas para o ensino público superior.

Mulholland é brasileiro naturalizado – aqui chegou com dois anos de idade, quando foi viver no Piauí – e tem um longo histórico com a Universidade que hoje dirige: data de 1976, quando ingressou como professor adjunto no Departamento de Processos Psicológicos Básicos, do Instituto de Psicologia. Foi ainda diretor do mesmo instituto e da Editora da UnB, chefe de gabinete do reitor João Cláudio Todorov, além de vice-reitor nos dois mandatos de Lauro Morhy, que o precedeu.

Numa conversa realizada em seu gabinete, no terceiro andar do prédio da reitoria, ainda em julho, o reitor falou sobre a transparência da gestão, a luta por recursos e a segurança no campus – princípios que nortearam sua campanha em 2005. Nesta primeira parte, Mulholland afirma o papel dos docentes na obtenção de verbas.

Blog do Cacom: Em sua campanha, foi dada muita importância à captação de verbas: fundos de financiamento, parceria, convênios, ou seja, maneiras de se obter recursos que não só o repasse federal. O senhor poderia explicar e exemplificar estas maneiras?

Reitor Timothy Mulholland: O que enfatizamos muito foi a investida junto a financiamentos para pesquisa. Nós criamos uma coordenação no Decanato de Pesquisa e Pós-graduação para trabalhar isso. A pessoa responsável é o professor Caldeira Pires. Fora a captação pelos concursos, uma verba disputada no país, de modo geral, nós queremos melhorar nosso desempenho na disputa das verbas para pesquisa. No Brasil ou no exterior, onde houver fundos, centros e órgãos, como tem a comunidade européia, os governos dos outros países e do nosso país. É para a UnB se tornar muito mais agressiva e capaz na disputa por esses recursos que visam, basicamente, financiar a pesquisa. Esse foi o enfoque dado. Evidente que temos um patrimônio que gera receitas e estamos trabalhando com isso. Nós temos as iniciativas do tipo do Cespe, temos as fundações de apoio. Em relação às fundações, estamos estreitando o controle da Universidade sobre o que elas fazem, isso é um processo em marcha: eles hoje prestam contas para a Universidade dos projetos que desenvolvem e são obrigados a repassar e disponibilizar recursos para Universidade. Com relação à captação de um modo geral, queremos desenvolver, se possível até o final do ano, o órgão central de coordenação, provavelmente um decanato. Ele teria a tarefa de organizar muita coisa que hoje se faz de forma dispersa, como estabelecer políticas que sejam saudáveis e positivas para a universidade e para evitar problemas de auditoria ou natureza política.

Blog: O senhor poderia citar o nome de algum destes fundos de financiamento e de onde viriam?

Reitor: A comunidade européia tem vários programas, entre eles um que se chama ALFA e outro que se chama Erasmus Mundus. São programas de cooperação internacional. Outro exemplo que está sendo concretizado é o doutorado feito em parceria: a UnB, a UFMA (Universidade Federal do Maranhão), a Universidade de Aveiro, em Portugal e a Universidade de Siena, na Itália. Com essas quatro instituições, a comunidade econômica européia deverá colocar recursos que viabilizem toda essa movimentação. Há também os órgãos de financiamento dos Estados Unidos, poderosos, como a Fundação Nacional de Ciência (National Science Foundation), o CNPQ de lá. Queremos que os pesquisadores da UnB saibam das fontes, sejam quais forem, e que possam saber como encaminhar e conquistar uma parte desse recurso. Nós temos recursos dessa NFS na UnB, na área de saúde, mas foi iniciativa do professor que saiu e garimpou. Nós queremos criar um decanato, um banco de informações de orientação para que nossos docentes e grupos de pesquisa tenham mais facilmente acesso a esses recursos e que possam disputar. No Brasil também, nos fundos setoriais do governo brasileiro, nas diversas fontes. É um trabalho junto a FAP-DF (Fundação de Apoio a Pesquisa do DF) que tem que ser recuperada. Trabalharemos junto aos candidatos ao governo do GDF para insistir que adotem uma política de fortalecimento da FAP, isso é vital para a UnB. Talvez uma das coisas mais importantes que podemos fazer é conseguir dos candidatos o compromisso de tornar o Distrito Federal efetivo como financiador de pesquisa. Não tem sido.

Confira amanhã a segunda parte da entrevista.

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