O voto em questão

Candidatura de Láurence Raulino deve ser decidida até semana que vem
por Aerton Guimarães



O candidato ao Senado pelo PDT, Láurence Ferro Gomes Raulino, conhecido como Procurador Raulino, teve sua candidatura impugnada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) na semana passada.

De acordo com o PDT, Raulino teria se inscrito como concorrente ao Senado contra a vontade do partido e decidiu acionar a justiça para que continuasse na disputa, mesmo após o PDT estabelecer que seu único candidato seria Ezequiel Nascimento, escolhido em convenção realizada em junho deste ano.

Em entrevista ao Blog do Cacom, um informante do PDT afirmou que, na convenção citada, o candidato Ezequiel Nascimento teria vencido Raulino por uma diferença de cinco votos, e por isso seria o candidato do PDT ao Senado.

No entanto, Raulino tem outra versão para a história. De acordo com ele, a convenção teria decidido que Ezequiel Nascimento concorreria ao governo do Distrito Federal. Ao desistir da corrida ao Palácio do Buriti, Nascimento decidiu concorrer ao Senado, o que deixou Raulino fora da disputa. "Não respeitaram a deliberação da Convenção", reclama.

Procurador Federal da Advocacia Geral da União há 13 anos, Raulino nunca ocupou um cargo político. Membro do Partido Democrata Trabalhista desde 1983, é um de seus construtores na capital brasileira e não se sente confortável com a atual situação vivida no PDT. "A relação com o partido está ruim", admite. Ele lembra dos bons tempos já vividos: "Entrei novo, logo após me formar. Tinha uma relação muito boa com as pessoas do partido, como Leonel Brizola”.

Com sua campanha paralisada desde a última semana devido à impugnação do TRE, ele promete entrar com recurso no Tribunal, pois ainda tem esperanças em ser candidato. Mesmo com os poucos votos que pode vir a receber, Raulino reforça a importância de se ter um espaço para debater assuntos pouco discutidos com a sociedade.

Se eleito, Raulino diz que vai lutar pela utilização de energia limpa no Brasil e, principalmente, resgatar o contato com a sociedade para tomar decisões importantes. De acordo com o procurador, a população deve participar, entre outras coisas, das decisões em torno das relações trabalhistas e da construção de uma nova Assembléia Constituinte, para "devolver ao povo o poder de decisão, seja com um decreto legislativo pela Câmara ou pelo Senado". E completa: "O debate tem que ser com a sociedade, e não com grupos fechados".