Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


quarta-feira, 2 de agosto de 2006

Coluna - Futebol

100 Anos de Perdão
por Vitor Matos

Estou pensando em roubar um carro. Nada muito novo, porque não sou muito apegado ao luxo. Um corsinha já quebrava o galho. Evidentemente, eu não cogitaria uma coisa dessas em circunstâncias normais. Acontece que anteontem levaram meu automóvel e ,desde então, estou a pé. Como eu vivo no país “do olho por olho e dente por dente”, na terra do “vote `Não` no Referendo do Desarmamento”, acho que não será nada absurdo devolver na mesma moeda o prejuízo que me imputaram. Pobre Bonifácio ― esse era o nome do meu carro ― deve estar agonizando na mão de algum brutamontes insensível. O Boni não estava acostumado a grosserias. Que Deus o tenha.

No futebol ― a conversa sempre descamba pra esse lado ― também temos nossos ladrões. Taí o juiz que não me deixa mentir. Antes mesmo do jogo começar, a torcida já põe em questão a idoneidade do rapaz. “Ladrão!, Ladrão!”. Alguns confirmam as suspeitas, outros não. Agora, convenhamos, faz tempo que não aparece uma arbitragem escandalosa, daquelas para sacudir os alicerces da FIFA. Esse é o problema. Os juízes mal-intencionados refinaram sua arte. Manipulam os jogos sem dar na cara. A sujeira só vem à tona depois e mergulha na lama partidas ― ou até torneios inteiros― que originalmente não despertaram nenhuma estranheza no público e na crítica. É o apito silencioso. Foi assim com os jogos dirigidos por Edílson Pereira de Carvalho ano passado e, mais recentemente, com o Campeonato Italiano.

Tem um outro tipo de ladrão que ronda o futebol, mas esse não faz mal ao esporte. É o ladrão de bolas. O gatuno do meio-campo. Quando o atacante já se livrou de metade do time e parece que mais nada pode impedi-lo, surge retumbante o afana-bolas. É bom lembrar que um verdadeiro ladrão de bolas não pode, em caso algum, fazer uso da violência. Seu ofício é tomar a bola sem, no entanto, avariar o corpo do adversário. Um grande exemplo dessa espécie seria o Maldonado, volante do Santos. Mundialmente falando, eu votaria no Viera, da Internazionale, ainda que ele já tenha sido melhor nos últimos anos.

A contravenção está tão presente no Brasil que sua terminologia já invade o futebol. Mas tudo bem. O crime popularizou-se entre nós. Um assalto já não choca mais ninguém. Esquisito é ver alguém que nunca foi vítima de bandido. E a polícia não faz nada. Ladrão que rouba civil tem imunidade no Brasil.

P.S.1 (para o ladrão do meu carro): Cuidado com a ré. De vez em quando, ela custa a engatar.

P.S.2 (para o Dunga, técnico da Seleção): Você que, quando jogador, gostava de dar carrinho: agora eu aceito um.

P.S.3 (para os que não tem medo do novo): Sai Zidane, entra Jônatas.

2 comentários:

Anônimo disse...

se vc quiser, te dou carona com o maior prazer!

Anônimo disse...

Eu sou preta, vai ver por isso nunca fui assaltada, acho que os ladrões me olha e pensam:Ihh.. sujou! Essa area já tem dono. Vou roubar noutro lugar.

Mas tenha fé, acione o seguro, peça pra mamãe.. sei la, um dia vc ganha outro carro, se não, tenho uma bicicleta aquie posso te emprestar.

Muito bom o artigo, vc tem bom humor.

=)