Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


quarta-feira, 5 de julho de 2006

Coluna - Futebol

É do careca que ela gosta mais
De novo, não!

por Vitor Matos

Nesse espaço, procurei sempre mesclar o conteúdo futebolístico com outros assuntos, de modo a tornar mais atraente a coluna. Hoje, depois da eliminação precoce da Seleção e seu pífio desempenho na Copa, a vontade de falar sobre qualquer outra coisa é quase irresistível. Por que não discutir a derrocada da Varig ou o silicone novo da filha da atriz que já foi famosa? É difícil tocar na ferida quando ela ainda está exposta.

De algum jeito, a derrota do sábado mexeu com todos os brasileiros. Logicamente, vai aparecer alguém dizendo que achou muito bem feito o fracasso do time. Afinal, é bobagem se preocupar com um bando de mercenários que não está nem aí pra camisa que veste. No outro extremo, milhares de crianças choraram depois do apito do juiz. Há ainda aqueles que lucraram com o triste fim. A locadora da minha rua nunca esteve tão lotada. Para esquecer a melancolia, um pouco de ficção.

Aqueles que analisam o esporte também ficaram balançados com o insucesso do time. Eles se emocionam tanto quanto o torcedor comum. Muitos comentários nascem no calor e na revolta do momento. Inapropriado. Quem forma a opinião de milhões de brasileiros deveria cuidar melhor do que diz e não deixar que paixões interferissem nas críticas.

Vão falar mal do Roberto Carlos, do Cafú e do Ronaldo. Agora, isso é muito fácil, oportunista. Por que não alertaram para as deficiências desses jogadores antes da Copa começar? Aqueles que realmente acompanham futebol sabem que, há anos, o trio não mostra um bom futebol. Mas, até vinte dias atrás, Cafú era tido como o grande capitão e líder, Roberto Carlos era o melhor lateral-esquerdo do mundo e Ronaldo, mesmo visivelmente fora de forma, era cantado como o homem que renascia em Copas. Devemos lembrar que, sem esses indivíduos, o Brasil fez suas melhores atuações na Era Parreira, que foram as da Copa das Confederações. Torneio de que Ronaldo pediu para ficar de fora, sob a alegação de poder se resguardar fisicamente para o Mundial.

Faltou coragem a Parreira para barrar os medalhões? Possivelmente, mas eu não o culpo. Imagine se o técnico resolve nem chamar o Fenômeno pra Copa (o que, ao meu ver, deveria ser feito)? O mundo cairia sobre sua cabeça. Nós bem sabemos o quanto existe, no Brasil, uma boa vontade suspeita em torno de alguns jogadores. Parreira não quis criar atritos com ninguém e acabou formando um time diplomaticamente correto, porém pouco eficiente.

Faltou, então, garra aos jogadores? Motivação, vontade de vencer? Creio que não. Será que eles se acomodaram por causa do dinheiro que já têm? É bom lembrar que no time francês também são todos milionários. De modo que, a única conclusão a qual consigo chegar é que, mais uma vez, a sabedoria popular mostrou sua pertinência. É do careca que ela gosta mais. A bola, sem dúvida, vive um caso de amor com Zidane.

P.S.: Finda a Copa, vêm as eleições. O brasileiro vota como torce: pouca reflexão, muita manipulação. Será que algum dia chegaremos a um nível de discussão maduro nesse país?

Um comentário:

Anônimo disse...

Ah, pelo amor de Deus aquele jogo foi uma porcaria...Só tivemos mais uma copa vendida foi isso que aconteceu. Parreira é um covarde, o Felipão trocou goleiro na última partida de Portugal e foi criticado sem dó pelo povo português. FALTA É VERGONHA NA CARA DA CBF E DESSES JOGADORES. Os caras perdem e não se dão nem o trabalho de chorar ou justificar aquela porcaria de jogo, aja paciência.