Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


sábado, 4 de março de 2006

Mina d'água sob a Biblioteca Central da UnB

Até o final da década de 1990, a administração da Biblioteca teve que conviver com o problema e os seguidos alagamentos
por Ana Luiza Zenker

A Biblioteca Central da Universidade de Brasília (BCE – UnB) realmente foi construída sobre um lençol freático, apesar de muitos estudantes acreditarem que essa é mais uma das muitas “lendas urbanas” da Universidade (leia mais sobre isso na matéria seguinte). Um exemplo é Liana Lessa, aluna de Comunicação Social, categórica ao afirmar que tudo não passa de lenda.

Desde o início do problema, quando a tubulação que drenava o lençol para o esgoto da UnB ficou obstruída, em meados da década de 1970, a história foi passando adiante de várias formas. O ex-aluno de Engenharia de Redes na Universidade, Odélio Horta Filho, conta que chegou até ele como lenda, o “piscinão da BCE”. “Falavam que a biblioteca tinha mais um andar para baixo, e que esse foi alagado por um lençol freático”, diz. A curiosidade o levou a explorar o local. Descobriu o segundo subsolo e viu as marcas deixadas na parede pelas repetidas inundações.

Nice Gabriela Alves, ex-aluna de nutrição da UnB, também conhece a história, mas não chegou a comprovar sua veracidade. Ela diz ainda não ter certeza se a história é lenda ou não, mas ouviu algo sobre isso há mais de cinco anos e, na época, falavam em obras de drenagem.

Confirmação

Para os que não acreditam que a Biblioteca foi construída sobre um lençol freático e sofreu com inundações por mais de vinte anos, a diretora da BCE, Maria José Serra da Silva, confirma a história. Ela se lembra de pelo menos uma vez em que a água chegou até o início da escada que leva ao primeiro subsolo. O secretário administrativo, Eudásio Moreira de Sousa, faz coro com a diretora e diz que há 30 anos a mina de água da Biblioteca é notícia.

De acordo com Maria José, muitas vezes as quatro bombas hidráulicas ligadas 24h por dia não conseguiam remover toda a água que minava no segundo subsolo da Biblioteca Central. Os principais transtornos enfrentados por causa dos alagamentos eram as quedas de luz e os problemas no sistema de informática. Os primeiros, pelo fato de que seguidamente a água subia até a altura das caixas de energia.

O serviço para solução do problema só foi realizado mais de 20 anos depois de os canos originais ficarem obstruídos. Nos anos de 1998 e 1999, as obras, realizadas na primeira gestão do então reitor Lauro Morhy, foram amplamente noticiadas em jornais brasilienses. A diretora comenta que elas foram muito “serenas”, não atrapalhando nem os estudantes nem os servidores que trabalham no local. Agora, toda a água do lençol freático sob a BCE está canalizada para uma galeria pluvial, que deságua no Lago Paranoá.

Novas finalidades

O local onde a água minava, um espaço amplo no segundo subsolo do prédio, já servia de depósito para livros e mobília inutilizada por danos. Num futuro próximo, a administração pretende revestir o piso do local (que por enquanto continua de cimento), analisar e organizar todo o material estocado. Esse trabalho possibilitaria utilizar o local tanto para o acervo da biblioteca como para confraternizações dos servidores.

A água do lençol, por sua vez, ainda não tem destino confirmado. Ela já foi analisada e sabe-se que é limpa, mas não é própria para consumo humano. Existe a possibilidade de que seja aproveitada para a irrigação dos jardins e para os banheiros.

Um comentário:

Anônimo disse...

Obrigada pela informação! Única coisa que apareceu aqui no google sobre isso. Vou pesquisar agora sobre as inundacoes de 1998 e 1999!