Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


sexta-feira, 3 de março de 2006

Cultura

And the Oscar goes to...

A maior festa do cinema traz fortes concorrentes neste ano. Resta saber se a previsibilidade mais uma vez irá prevalecer
por Carolina Menkes
foto: divulgação


A Cerimônia do Oscar é conhecida como a mais antiga premiação do cinema, realizada pela primeira vez em maio de 1929. Até 1940, os jornais recebiam os resultados antes da festa e se comprometiam a só divulgá-los no final da noite. Porém, desde que o acordo foi quebrado pelo jornal Los Angeles Times, o resultado passou a ser confidencial até a abertura dos envelopes. Ou pelo menos é o que acreditamos...

A 78ª edição da premiação cedida pela Academia de Artes e Ciências (“Academy Awards”) terá lugar na televisão brasileira no próximo domingo, 05 de março, e promete um misto de renovação e conservadorismo. A cerimônia, que será apresentada pelo ator e apresentador Jon Stewart, parece ser uma das mais disputadas dos últimos anos. A começar pela indicação para melhor filme para Brokeback Mountain, que não deixou de causar espanto, por tratar-se de um filme que aborda o homossexualismo. Mas, tendo em vista a prática do “politicamente correto”, provavelmente o filme levará a melhor, já que segue como favorito, além de liderar no número de indicações.

Também constam na lista, na categoria de melhor filme, “Capote", "Crash - No Limite", "Boa Noite e Boa Sorte" e "Munique" - todos de caráter político e/ou crítico. E, na categoria de diretor, as indicações são exatamente as mesmas: George Clooney ("Boa Noite e Boa Sorte"), Paul Haggis ("Crash - No Limite"), Ang Lee ("O Segredo de Brokeback Mountain"), Bennett Miller ("Capote") e Steven Spielberg ("Munique"). Apesar dos nomes de peso, a aposta no filme vencedor acompanha o favoritismo de seu diretor, Ang Lee. Mas, para a decepção dos brasileiros, Fernando Meirelles (“O Jardineiro Fiel”) acabou sem um lugar na lista dos indicados.

Na categoria melhor ator, as indicações também não se diferenciaram muito. Philip Seymour Hoffman, em seu desempenho excepcional como Truman Capote, no filme homônimo, figura como favorito ao lado de Joaquin Phoenix, que interpreta o controverso músico Johnny Cash, em “Johnny e June” e David Strathairn, de "Boa Noite, e Boa Sorte”. Terrence Howard ("Ritmo de um Sonho") e Heath Ledger ("O Segredo de Brokeback Mountain") também figuram nesta lista, com excelentes atuações, apesar de a aposta estar nas cinebiografias.

Já as mulheres da vez são Judi Dench ("Sra. Henderson Apresenta"), Felicity Huffman ("Transamérica"), Keira Knightley ("Orgulho e Preconceito"), Charlize Theron ("Terra Fria") e Reese Witherspoon ("Johnny & June"). Huffman, por seu papel como transexual, tem grandes chances de levar o prêmio, assim como Whitherspoon, que interpreta a famosa cantora e mulher de Johnny Cash, June. Charlize Theron, em mais uma boa atuação em Terra Fria, é outra forte candidata, considerando-se o fato de ela ser a recente “queridinha” da Academia. Já Keira Knightley dificilmente receberá a estatueta. Afinal, a Academia não tem o costume de entregar o prêmio para atrizes jovens e com potencial para nomeações futuras.

Muitas premiações ainda deveriam ser abordadas, mas o ponto a que quero chegar é que o Oscar, ainda que não seja a referência da qualidade de um determinado filme ou ator/atriz, ainda pesa muito. A premiação, afinal, é imparcial e visa ao gosto de uns poucos membros da Academia, tidos como as “vozes da verdade”. Os filmes vencedores de Oscars passam a ser considerados verdadeiras referências do cinema de qualidade, ainda que boa parte das pessoas não veja a graça de vários deles. E é daí que vem a maior consideração por outras premiações, como os Festivais de Cannes, de Veneza, Berlim, e por aí vai.

Em resumo, a Cerimônia do Oscar não passa de uma grande festa de celebridades (para eles mesmos), com piadinhas próprias, exibição de marcas, jóias, vestidos e decotes, algumas homenagens um tanto clichês e é claro, premiações, na maioria das vezes, previsíveis. E, apesar de isso ser do conhecimento de quase todos, o Oscar continua sendo o maior prêmio do cinema, prestigiado anualmente e com orgulho pelos famosos (até mesmo pelos revoltados), comentado por especialistas e cinéfilos e assistido pela TV por muitos de nós, meros apreciadores de cinema.

Carolina Menkes, do Jornal Impresso do CACOM. Marco Prates escreverá a partir da próxima coluna.

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