Servidores divididos
Entenda porque os servidores de várias universidades já retornaram ao trabalho e outros não
por Ana Paula Bezerra Leitão e Guilherme Rocha
Os servidores da UnB terminaram sua greve assim como diversas outras universidades pelo país afora. Entretanto, o representante nacional da categoria continua com a paralisação e com manifestações na Esplanada dos Ministérios. Por quê?
"A categoria está esfacelada", diz Cosmo Balbino, coordenador-geral do sindicato dos servidores da UnB. Esfacelada e desmontada em duas partes. De um lado, o grupo Vamos à luta, de extrema esquerda e simpatizante do PSOL e do PSTU. Do outro, o grupo Reafirmar a luta, de apoio ao governo e simpatizante do PT e do PC do B.
O representante dos servidores a nível nacional é a FASUBRA (Federação dos Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras) à qual é filiado o SINTFUB (Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília). Segundo Carlos de Jesus, delegado do comando nacional de greve da Universidade Federal de Santa Maria (RS), a maioria da direção da FASUBRA é do Reafirmar a luta, grupo
governista e contra a greve. Contudo, a base da entidade é, majoritariamente, a favor do Vamos à luta, o que fez com que a greve fosse deflagrada. A base teria, então, atropelado a direção da federação, conseguindo com que 41 das 43 universidades federais aderissem à greve.
Paulo Henrique dos Santos, diretor da FASUBRA e do Reafirmar a luta, acha que a greve foi feita em momento inadequando, já que as propostas estavam encaminhadas. Segundo ele, a decisão de greve foi tomada a partir da dúvida que o governo demonstrou sobre a existência do dinheiro no orçamento destinado à segunda etapa do plano de carreira, na reunião do dia 02 de agosto. Assim, os servidores, temerosos de
serem enganados, decidiram entrar em greve na assembléia do dia 13 de agosto (a greve começou quatro dias depois). Então, o governo apresentou uma proposta dia 23 de agosto garantindo R$ 420 milhões para a categoria, no entanto a soma não era suficiente para atender às reivindicações. Assim, a categoria rejeitou a proposta e manteve a greve. Finalmente, o governo encerrou negociações enquanto a paralisação continuasse.
Porém, Wellington Pereira, diretor do SINTUFES (Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal do Espírito Santo) e educador técnico-administrativo há 20 anos na federal capixaba, explica que a história não foi bem assim. Participante do Vamos à luta, Wellington acredita que não foi um erro ter deflagrado a greve naquele momento, pois não adiantava esperar por um orçamento que já tinha sido encaminhado e onde não constava nenhuma proposta de reajuste para os servidores em 2006.
Desta forma, o movimento é enfraquecido, os alunos são prejudicados e a greve continua.
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