Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


quinta-feira, 24 de novembro de 2005

Funcionários de universidades federais protestam em frente ao MEC

por Guilherme Rocha

Os funcionários das universidades públicas de diversas localidades estiveram ontem no MEC para mais um protesto. Entre as entidades estavam o ANDES (representante nacional dos professores), a FASUBRA (representante nacional dos servidores), o Comando de Greve Estudantil, a ADUnB (representante dos professores da UnB) e o DCE (representante dos estudantes da UnB). Manifestantes do Rio de Janeiro, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Goiás também estiveram presentes.

Foi um ato diferente daquele realizado pelo SINTFUB e pelo Comando Nacional de Greve semanas atrás, pois, desta vez, o comparecimento foi em massa. A polícia militar calcula a presença de 500 manifestantes, mas os organizadores afirmam serem 1100. Ao contrário do referido ato passado, um grande número de estudantes veio e apoiou.

Os grandes objetivos da mobilização foram a tentativa de reabertura de negociações com o MEC e a provocação de constrangimento no ministro Fernando Haddad. Foram fechadas as três entradas do prédio, fazendo com que os funcionários entrassem somente pelos anexos. Carro de som, apitos, gritaria e até mesmo um conjunto de percussão foram utilizados para chamar a atenção.

O ministro Haddad foi muito cobrado. “Obedeça ao seu chefe (o presidente Lula) e gaste mais com educação!” diziam aqueles ao microfone. O conjunto de percussão tocou uma “marchinha” com os dizeres: “(...) parece que o ministro é gaguinho(...) parece que o ministro é burrinho(...) parece que o ministro é espertinho(...)”. O presidente Lula e o presidente do Banco Central também foram atacados e chamados de corruptos. Sobrou até para o presidente americano, George Bush, que foi taxado de assassino.

Alguns parlamentares compareceram e deram apoio. A deputada Maninha (PSOL-DF) parabenizou os manifestantes. O também deputado Paulo Rubens (PT-PE) até tomou café com os grevistas para discutir reabertura de negociações. Ele participa da Comissão Parlamentar de Intermediação e foi bastante elogiado por “atender aos grevistas, ao contrário do ministro”. Paulo Rubens é professor universitário em Pernambuco e tem um histórico de participações em greves. Ele concorda com o ato e considera a política fiscal do governo Lula inviável, principalmente quando se trata de superávit primário. “É preciso rever esta política de superávit primário para não tapar buracos, mas para reformar o ensino público”, disse o deputado.

Enquanto uns põe a culpa na política econômica, outros responsabilizam diretamente o presidente Lula. “Lula nos traiu”, acusa Marta Luedemann, da UFMT. Já Reinaldo Cadedos, da federal de Juiz de Fora, afirma que “a culpa não é só desse governo, são doze anos de luta”.

Novamente a avenida ao lado do MEC foi interrompida, por 20 minutos. Tal ato e o barulho “atrapalham o trabalho de quem não tem a ver com isso”, reclamou Márcio Assunção, estudante do ICESP.

A UTI móvel disponível no local não precisou fazer atendimentos graves, apenas casos de hipertensão, hipoglicemia, problemas com o calor. A polícia também não registrou grandes ocorrências. Houve uma denúncia de que um manifestante, Mychel Sousa, estivesse com drogas, denúncia não confirmada. Porém, Sousa alega ter sido agredido e ofendido. Os grevistas ao redor gritaram “racismo!”, em referência à teórica atitude da polícia e à cor do rapaz. Independentemente das discussões, o Tenente Luciano Vieira disse que os grevistas foram muito corretos em sua manifestação: “não descumpriram nenhum acordo conosco”.

A imprensa esteve presente com muitas máquinas fotográficas, câmeras e caderninhos de anotações.

O curioso foi a presença de integrantes do SINTFUB (representante dos servidores da UnB), que decidiu encerrar a greve em Brasília na semana passada.

É... A greve continua.

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