Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


terça-feira, 8 de maio de 2007

Terças-feiras culturais

UnB recebe Ricardo Vilas

por Mayara Reis
fotos: Juliana Nogueira

Muitos alunos não sabem, mas diversos músicos se apresentam gratuitamente no campus. Os shows fazem parte do projeto Campus Sonoro, realizado às terças-feiras sempre ao meio-dia e meia no ANF 9 (ICC sul).

Nesta terça-feira (08/05), o projeto contou com a presença do cantor, compositor e violonista Ricardo Vilas. Carioca radicado em Paris durante a ditadura militar, Vilas é um ativo difusor da música brasileira na Europa. O artista integrou o conjunto Momento Quatro, trabalhou em trilhas sonoras de novelas como “Roque Santeiro” e “Selva de Pedra” além de programas como “Sítio do Pica-pau Amarelo” e “Globo de Ouro” e lançou vários CDs no Brasil e no exterior.

Lançando o 24º álbum de sua carreira – “Meu Caro Amigo” –, Ricardo Vilas realizou um grande debate político-musical com os universitários de Brasília. Como uma verdadeira aula de música brasileira, o carioca falou das origens e contradições da MPB, “com idéias de contestação e inserida na dinâmica de mercado”, satirizou o músico.


Em entrevista ao Blog do CACOM, Vilas falou da experiência de tocar para um público universitário e comentou o papel dos estudantes na sociedade brasileira.

O Campus Sonoro é um projeto que costuma trazer artistas novos para divulgar seus trabalhos. Como um artista experiente, o que está achando de tocar em um ambiente acadêmico?

Superinteressante, porque além do que você toca existe um interesse sobre tudo o que vem em torno da música. É muito importante abrir espaços para a discussão e quebrar esses cercos que a mídia constrói.

O senhor teve uma grande atuação na vida política do país quando estudante. Foi militante do MR-8, sendo até exilado durante a ditadura militar. Qual a sua avaliação sobre o Movimento Estudantil hoje no Brasil?

Eu não estou muito a par da atuação do ME hoje, mas sei que ele tem um papel muito importante a cumprir. É nos momentos de crise que o movimento tem uma atuação mais forte, como na resistência à ditadura ou no impeacheament de Collor. Eu penso que o papel do ME é estar presente e questionar. É a partir dele que muitas reivindicações são feitas pela sociedade.

O senhor acha que os artistas de hoje estão explorando bem a liberdade de expressão?

Liberdade de expressão é um conceito que deve ser contextualizado. Atualmente, a censura é entre aqueles que têm e os que não têm acesso à mídia; os que dão um retorno comercial importante e os que não dão. Aí já existe uma seleção. O que a mídia não mostra, não se vê, e o que não se vê tende a não existir. É aí que eu vejo a grande importância do ME. O público universitário tem discernimento bastante para dizer: "Espera aí, isso não passa na TV, mas é bom!". Não sei por que os estudantes não exercem mais esse papel de reforçar a diversidade. Pela falta de recursos nas universidades? Não sei. O fato é que hoje cabe a eles a tarefa de vanguarda.

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