Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


segunda-feira, 21 de maio de 2007

ADUnB enfrenta a despolitização da Universidade

Um representante do sindicato, quatro estudantes e sete professores: esse foi o público da Assembléia na sexta-feira

Por Edson Jr.



Lista de presença


A baixíssima adesão à assembléia da ADUnB na última sexta feira pela manhã revelou a inviabilidade, ao menos por agora, de se deflagrar uma paralisação ou mobilização grande pelos professores.

- Uma situação tão feia, e tão pouca gente.
- Tem que piorar mais para o pessoal aparecer.

Esse foi um trecho da conversa entre o professor do departamento de Filosofia, Gerson Brea e a professora de Psicologia e diretora do ADUnB, Rachel da Cunha. A professora lamenta: "A UnB se depolitizou. Antigamente, nos anos 80, quando se convocava para assembléia num anfiteatro destes, se via gente sentada na escada".

Na assembléia do dia 18, houve manifestações contra o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que prevê a retirada de parte do investimento em educação e outras áreas para aplicar no desenvolvimento agro-industrial. Essa retirada de verba pode prejudicar professores, como aponta a diretora do ADUnB: "A implementação do PAC pode acarretar a perda de benefícios como 13º e percentual de férias". Na mesma linha, o representante do Sintfub na ocasião, Luis Carlos, revelou-se preocupado quanto ao possível congelamento de salários e informou sobre o Dia Nacional de Paralisação (23 de maio) e reafirmou que o início de greve dos servidores está previsto para o dia 28 deste mês.

A argumentação pela greve não se restringiu à questão salarial, há protestos contra a nova lei de greves*, em especial ao que trata do número mínimo de adesão para que a greve seja legitimada: com a nova lei o número subirá de 1/2 para 2/3 da categoria.


Professores Rodrigo Dantas e Gerson Brea, ambos do departamento de Filosofia


Temas transversais

BAIXOS SALÁRIOS. A professora Rachel declara que o magistério é uma profissão marcada historicamente por perdas. Como exemplo, falou do já abolido anuênio, benefício recebido anualmente pelos professores mais antigos do quadro, e conta ainda que, quando entrou como Professora Auxiliar, ganhava mais do que atualmente como Adjunta 3.

SUBSISTÊNCIA. O professor Rodrigo Dantas, do departamento de Filosofia, comentou sobre as quebras com a dedicação exclusiva que, segundo ele, é um número surpreendentemente grande entre os professores. O problema, afirma ele, é que "os professores perseguem saídas individuais e não pensam em alguma ação conjunta. Embora a condição financeira seja um fator determinante nessa busca por outros empregos, o professor deixa de acrescentar tanto quanto poderia à Universidade já que vai se ocupar com outras atividades."

AMPLIANDO O DISCURSO. "É preciso repensar o ensino no Brasil", disse o professor Gerson. Quando se perguntou se a proposta de Universidade Nova era uma solução, ele foi assertivo dizendo que será um remédio que não deve durar muito. "Parece que estão mais preocupados com a estatística: ter 30% dos jovens na universidade", diz o professor.



*Para ler o projeto da Lei de Greve, clique aqui.

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