Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


quinta-feira, 19 de abril de 2007

Artigo

Dia do Índio: celebração ou reflexão?
Dez anos após a morte do índio Galdino o que se vê são muitos problemas ainda pertinentes na questão indígena
por Rudá Moreira

Celebrado em todo o continente americano desde 1940, o Dia do Índio foi instituído no I Congresso Indigenista Interamericano, realizado no México. Até então, os índios não tinham participação em reuniões e congressos, pois eram constantemente alvo de perseguições e traições. A partir desse evento, eles iniciaram uma fase de maior organização na luta pela garantia de seus direitos.
Anos passaram, e o que temos hoje? Índios organizados e conscientes de seus direitos, mas ainda há muitos fatores a serem discutidos. Este 19 de abril – dez anos após a morte trágica do índio pataxó Galdino em Brasília – é um dia marcante na história da luta dos nativos, finalizando mais um ciclo de debates que demonstra a força do movimento indígena brasileiro.

O índio da etnia Pataxó Hã-hã-hãe foi queimado por um grupo de cinco jovens da classe média enquanto dormia numa parada de ônibus na avenida W3 sul. Ele havia passado a tarde em um encontro para negociações sobre terras indígenas invadidas por fazendeiros e foi impedido, na ocasião, de entrar na pousada em que estava hospedado. Sua morte permaneceu em debate por bastante tempo e a atitude dos jovens assassinos foi condenada, mas o caso foi se prolongando. Os jovens, que estavam presos em regime fechado, podiam sair para estudar, trabalhar e ir a festas. Há pouco mais de dois anos depois do ocorrido, eles se encontram em liberdade condicional.

Cabe novamente a pergunta: o que temos hoje? Os culpados libertos antes do tempo e a marca brasileira, até março deste ano, de 257 indígenas assassinados desde então, conforme dados do Conselho Indigenista Missionário. É válido ressaltar que a questão da posse de terras é responsável por grande parte desses crimes.

Pensemos, agora, no início da luta, em que os índios tinham medo de serem perseguidos ou traídos. Pode-se dizer que esse medo foi superado por uma motivação de luta política, muitos índios, atualmente, vêm a Brasília para tratar de questões relativas a suas terras e seus direitos frente a autoridades que possam deliberar sobre o assunto. Para os próximos dez anos, espera-se que essa luta se aproxime mais de uma resolução definitiva.

Um comentário:

blog do CACOM disse...

Foto de um escrito possivelmente relacionado ao caso de Gaudino no endereço abaixo:

http://edsonjrcom.multiply.com/photos/hi-res/8/13?xurl=%2Fphotos%2Fphoto%2F8%2F13