Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Refresco do Ceubinho é de água de torneira

Lanchonetes alegam não ter água filtrada à disposição e reclamam da Prefeitura. Prefeito não sabia de nada. Ele diz que local é precário e que pretende transferir os estabelecimentos.

por Marco Prates e Gabriel Castro
com a colaboração de Camila Louise
fotos de Thaise Torres


No local mais movimentado do Campus Darcy Ribeiro, a entrada norte do ICC (Ceubinho), quatro lanchonetes disputam os clientes. Nas quatro, o lanche mais popular dá direito a um salgado e um refresco, este produzido no próprio local. Mas poucos estudantes procuram saber como é feita a bebida, vendida a um preço econômico. Como não há saída de água nas lanchonetes, os utensílios são lavados num tanque externo, que fica próximo ao local. Pior: os refrescos, comercializados pelas quatro lanchonetes do Ceubinho, são feitos com água comum de torneira. A reportagem do Blog do Cacom conseguiu registrar o momento em que um funcionário da lanchonete Stokinho reabastece o galão de água. Ele utiliza uma torneira comum próxima a lanchonete. A água é captada e depois misturada diretamente com o pó que compõe o refresco. Não há nenhuma filtragem.










A água da torneira e´misturada diretamente com o suco em pó: higiene precária



Paulo Nascimento, proprietário da Stokinho, admite que utiliza água de torneira. Mas ele alega que, depois de ter ouvido reclamações dos freqüentadores do local, providenciou um filtro portátil. Segundo Paulo, o utensílio é instalado na torneira para a coleta da água, e retirado em seguida. O filtro, apesar disso, não estava na lanchonete nas duas vezes em que nossa reportagem esteve na Stokinho. “Agora ele está quebrado, mas já estamos providenciando o conserto”, justifica Paulo. André Gasparinetti, estudante de Ciências da Computação, é cliente das lanchonetes do Ceubinho. E ficou surpreso ao saber que os refrescos são feitos com água da torneira: “É um desrespeito com o estudante”, afirma

Procuradas pelo Blog do Cacom, as outras lanchonetes do ICC norte (A Videira, Fattinni e Caloria Certa) também admitiram que fazem os refrescos com água de torneira. A alegação é sempre a mesma: a Prefeitura do Campus nunca providenciou uma saída de água para os quiosques. Paulo Nascimento explica que já propôs a construção de um sistema de água comum às 4 lanchonetes. Segundo ele, seria uma obra simples. Milton Cavalcante, dono da Fattinni, confirma a existência do projeto e também reclama da falta de atenção por parte da Prefeitura.


O prefeito do Campus, Wilson Botelho, diz não ter interesse algum em implantar um sistema de água na entrada norte do ICC. Ele desmente o proprietário da Stokinho, e diz que implantar um sistema de água nas lanchonetes seria muito complicado. Botelho afirma que já foi desenvolvido um projeto para a construção de um “Centro de Vivência”, para onde seriam transferidos todos os estabelecimentos comerciais do ICC, inclusive as lanchonetes. Por causa disso, afirma o prefeito, não é viável fazer nenhuma melhoria no Ceubinho. “No ICC não tem de ter nada, aquilo é uma favela: não tem ordem nem organização”. O Centro de Vivência, porém, tem seu projeto datado de 1986, e até hoje não há uma previsão para o início das obras. O projeto está sob a responsabilidade do CEPLAN - Centro de Planejamento Oscar Niemeyer.

O prefeito do Campus também se demonstrou surpreso quando foi informado de que as lanchonetes do local utilizam água de torneira para fazer os refrescos e o café. Segundo ele, a questão nunca precisou ser discutida pela óbvia necessidade de se utilizar água mineral. Wilson Botelho foi contundente e afirmou que, se alguma lanchonete lhe disser que utiliza água de torneira nos refrescos, ele mandaria o estabelecimento sair do ICC. Entre desculpas e desencontros de informações, os alunos e funcionários da UnB são os mais prejudicados.




Entenda melhor

A água que sai das torneiras é tratada pela Caesb, mas pode haver ameaças à saúde por causa do manuseio e do transporte. Além disso, contaminações causadas pela ferrugem podem ocorrer caso a tubulação seja antiga. Em fevereiro de 2006, o Blog do Cacom encomendou um exame bacteriológico da água que circula pelas torneiras da universidade ao Laboratório de Higiene de Alimentos, do Departamento de Nutrição da UnB. O resultado, que afere apenas a existência de microorganismos indesejados, foi normal e não evidenciou riscos à saúde. Outro exame, referente à concentração de elementos químicos e de metais, ainda deve ser feito.
Os estabelecimentos do Ceubinho tem a condição de permissionários. Anualmente, a SGP (Secretaria de Gestão do Patrimônio) emite uma licença que permite o funcionamento das lanchonetes. Não há licitação. Na entrada sul do ICC, a “Udefinho”, as lanchonetes também não tem saída de água, mas nenhuma delas estava comercializando o refresco no momento em que o Blog do Cacom as procurou.

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