Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Futebol!

Diário de Bordo, número 27565
por Vitor Matos

Pela Costa do Brasil,

9 de Janeiro de 2007


“No horizonte, é só o céu que azuleja e o sol que vermelheja”*


…A noite passada, como aliás todas as últimas, deixou bem claro que não é impunemente que se vive em praias tropicais.Por toda a beleza natural, as ondas, o mar, os coqueirais, paga-se com o próprio suor. É preciso conviver com um calor infernal em troca do privilégio da natureza edênica. Ontem, à bordo, havia a esperança de que o pôr-do-sol levasse consigo a sauna. Torcida vã. Nem por isso a tripulação desanimou. Porque o rum, se não ajuda a refrescar o corpo, abranda a quentura da alma.

Decidimos ancorar na Bahia. Alivia saber que a vida não muda muito por aqui. O acarajé, o Atlântico Sul e a axé music continuam os mesmos. Heróicos baluartes na luta contra a austeridade e o pragmatismo industrial do século XXI. Fomos estabelecer contato com os nativos. Como o futebol é a lingual universal, tratou-se logo de arrumar uma pelada na praia, ou baba, como é conhecido por aqui. Duelaram natives contra adventícios. O resultado, por questões de amor próprio, será omitido por esta coluna.

Ihéus é a cidade do glorioso Colo-Colo, atual campeão baiano. Não que isso faça do time o líder na preferência do pessoal da cidade, times do Rio são mais populares; mesmo assim, as camisas do Colo-Colo, o “Tigrão do Coração”, abundam vaidosas nas vitrines. Um dos marujos inclusive já adquiriu uma delas pra sua vasta coleção.

Mas o Colo-Colo não é o maior símbolo de Ilhéus. O orgulho da cidade também não vem da sua suntuosa orla ou da culinária arretada que tão bem defende as cores da cozinha baiana. Ilhéus se jacta de ter emprestado suas ruas, casas, igrejas e boemia à obra de Jorge Amado. Em todo lugar que se ande há um retrato, uma pintura ou algum prédio com o nome do escritor. As referências à Gabriela, Cravo e Canela, são infinitas. A ponto de o bar Vesúvio, local amiúde frequentado pela protagonista, ser um dos principais atrativos do centro histórico. Depois de exaltada em prosa, agora Ilhéus retribui os favores de seu padrinho.

O leitor vai perdoar a incipiência da presente coluna; seu texto ralo, desenxabido e desavergonhadamente pequeno. Vai perdoar ainda as incorreções gramaticais, a parvoíce e a sem-gracice do autor. Tudo isso é perdoável, porque há de se convir que não é fácil prestar atencão noutra coisa quando se tem o mar, a brisa e a sombra do coqueiro pela frente.

Até semana que vem, para mais um relato desse humilde capitão sobre a jornada de seu navio.

Isso se não houver motim.


P.S.: Garçom, uma água de coco, por favor!

* Jargão extraído da revista “ As mil e uma horas de Asterix” .

2 comentários:

Anônimo disse...

Sempre tão bom ler o que esse rapaz escreve...

Anônimo disse...

Pq 27565?