Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

Ultra_som

O dub e as sound systems em brasília
por Luiz Gustavo Mattos

Um breve histórico

Em uma linha hereditária clara, o dub descende diretamente das musicas de trabalho dos negros africanos que foram levadas para o sul dos Estados Unidos para trabalhar nas plantações de algodão. A partir da tristeza dos negros no exílio, se desenvolveram duas vedetes do publico apreciador de boa música: o jazz e o blues. O jazz prosperou no região dos bayous, em New Orleans, que entrou para a posteridade como uma das cidades mais festeiras do mundo(alguém já ouviu falar de mardi grass?). O blues, o destilado mais triste da alma negra americana, se desenvolveu ao longo da guerra civil americana e teve sua raiz fincada nos coros gospel das igrejas negras.

Dos pântanos americanos, o espírito dos negros impresso na canção foi transportado para a Jamaica dos anos 30. Kingston era um cenário muito diferente da New Orleans do começo do século 20 e, conseqüentemente a sonoridade que se desenvolveu lá também acompanhou a mudança.

Muitas festas começaram a ser realizadas nas ruas da capital e foram sendo chamadas de sound systems. Dois homens tiveram papel predominante no cenário das sound systems jamaicanas: Duke Reid e Clement Seymore. Os dois começaram uma verdadeira guerra musical e , do conflito, grande parte da sonoridade jamaicana foi criando suas bases.

Por volta da década de 60, o cenário musical estava estagnado. Um homem sentiu que era hora de inovar. Cecil Bustamente Campbell “Prince Buster”, viu que podia inovar acrescentando ênfase em outros elementos ao invés de só copiar a música americana. Nascia o Ska. Junto ao ska, nasceram os Rude Boys, que passaram a ser o público assíduo da sound systems de Kingston e mais tarde imigraram para a Inglaterra, levando consigo a sonoridade jamaicana e influenciando diretamente a cultura negra inglesa que gerou, depois, o trip-hop.

Evolução

O advento do ska na musica jamaicana foi o acontecimento que definiu o que seria daí pra frente a raiz da produção sonora jamaicana. E é de uma dissidência do ska “first-wave” que sofreu constantes mudanças e viria a ser conhecida como reggae que vamos tratar. Ao contrário do que todos afirmam, o ska originou o reggae, e não ao contrário.

Em alguns discos de reggae começaram a surgir nos lados-b dos LP’s versões alternativas das músicas. Nessas versões, os “selectors” experimentavam e faziam psicodelia de primeira com versões das músicas. Essas versões passaram a serem conhecidas como Dub desde a década de 60 e hoje são consideradas um sub-gênero da música jamaicana, e um dos mais populares. O tempo passou, as sound systems foram revitalizadas e grandes festas são promovidas no meio da rua na Jamaica, atraindo um enorme público. A cultura das festas se espalhou, assim como o dub, e em tempos de compartilhamento “pee-to-peer” e vários sites especializados como o FYA-dub(http://www.fyadub.com/dub.htm) ficou muito mais fácil se interar do que acontece na subcultura do dub.

Panorama brasiliense

Brasília é uma cidade que tem tradição de vanguarda. Apesar de muitos reclamarem que as inovações chegam atrasadas no planalto, muito pelo contrário, a produção cultural candanga é grande e florescente. Como não poderia deixar de ser, a alguns anos o dub aportou em Brasília. Um movimento incipiente passou a ser fomentado por várias bandas, entre elas o maior expoente, o Confronto sound system, que é tido como entre os melhores coletivos dub da cena nacional, ao lado de nomes como DigitalDubs( que se apresentam ao lado de b-negão) e Urcasônica Sound System. Continua na próxima coluna.

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