Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


sábado, 14 de outubro de 2006

Especial HUB - Parte 3

Quem financia o HUB?
por Carolina Martins e Carolina Menkes
fotos: Felipe Néri

Ao andar pelos arredores do Hospital Universitário, é fácil encontrar obras inacabadas e paradas. Além disso, é comum ouvir reclamações sobre falta de verba e descaso com o órgão público. Para tentar esclarecer algumas dessas questões, é preciso primeiro entender o funcionamento do hospital.

O departamento responsável pela direção do HUB é a Diretoria Geral, auxiliada por três diretorias Adjuntas: de Ensino e Pesquisa (DAEP), de Administração (DAAD) e de Serviços Assistenciais (DASA). A diretoria é um cargo de confiança do reitor e geralmente é apresentado pela Faculdade de Medicina e Ciências da Saúde.



Obras no HUB: maior parte do dinheiro vem do Ministério da Saúde

Com a diretora geral de férias, quem assume o cargo é o vice-diretor Dr. João Batista Sousa, professor de cirurgia. Segundo ele, desde 2004 os hospitais passaram a assinar contratos em que estão definidos o teto de investimento e as metas a serem cumpridas. No caso do HUB, o contrato foi assinado em dezembro de 2005 e tem validade de quatro anos. Uma comissão de cinco pessoas o monitora a cada trimestre para garantir seu cumprimento.

Questionado sobre a origem da verba para pagamento das despesas do hospital, Dr. Batista diz vir “fundamentalmente do Ministério da Saúde”. No contrato está estipulado um teto mensal de R$ 2.040.724,58. É esse o dinheiro repassado mensalmente ao HUB, fora as contribuições e convênios estabelecidos principalmente com a FUB (Fundação Universidade de Brasília) e a FAHUB (Fundação de Apoio ao Hospital Universitário de Brasília). No entanto, segundo Dr. Batista, o convênio com a FAHUB “é insignificante” e a FUB apenas investe com o pagamento do quadro de funcionários que compete a ela.

Pelo fato do HUB ser certificado como Hospital de Ensino pelo Ministério da Educação (MEC), espera-se que o órgão também contribua no repasse de verba, já que são exigidas atividades de pesquisa de um hospital enquadrado nessa categoria. “Por ser um hospital de ensino exige-se estudantes e assistência de qualidade”, afirma Dr. Batista. Para ele, não está claro quem deve financiar o HUB, “mas precisa ser financiado, independente de quem o faça”.


A falta de verbas é um problema eterno no HUB


O grande problema, segundo Batista, é o quadro de funcionários, particularmente na área de enfermagem :“Eles ganham muito abaixo do mercado” Ele declara que o salário de um médico do HUB não atinge nem R$ 1.500. Os funcionários são pagos pelo MEC ou pelo Ministério da Saúde e, segundo o doutor, deveriam ser pagos pela Universidade. “Nunca foi admitido quem deveria assumir o hospital de ensino. Não tem como ensinar na área médica sem dar assistência”, constata.

A respeito das obras de novos prédios que estão sendo construídos no hospital – alguns muito aquém da data de entrega - Batista diz que os terrenos não foram doados para a UnB junto com o hospital. Portanto, o HUB é composto por três lotes, de donos diferentes, e uma rua pública.“As obras são embargadas constantemente por não terem alvará de funcionamento”, explica. O prédio onde funcionaria a lavanderia deveria ser entregue mês passado, mas há muito a obra foi interditada por estar invadindo área pública. Segundo Dr. Batista, a Fundação Universitária de Brasília – FUBRA – e a reitoria já estão cuidando do caso.

Problemas com prestação de contas também são motivos para parar uma obra. O Instituto Nacional de Câncer ainda não está pronto porque quem ganhou a licitação a abandonou, a empresa constatou que gastaria mais que o previsto. Todas as obras são controladas pelo TCU e o dinheiro para realizá-las é conseguido através de aprovação ou não do projeto. No caso da construção do Centro da Criança e do Adolescente, o professor Deoclécio Campos conseguiu a verba pessoalmente.

Quando o assunto é dívida, Dr. Batista diz que só o HUB deve mais de 4 milhões. Mas além da dívida pública, o que preocupa é a alta dívida com os fornecedores. “A saúde e educação são muito caras, os hospitais federais vão sobrevivendo por teimosia”, conclui ele.

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