Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Depois e para sempre

Relatos de uma alma que há muito sonhava com esta quarta-feira.
por Vitor Matos

E se Cerezzo não tivesse errado aquele fatídico passe contra a Itália, em 82? E se o Baggio não tivesse chutado nas alturas o célebre pênalti de 94? Caso o Zagallo colocasse o Edmundo no lugar do convulsionado Ronaldo na final de 98, hoje estaríamos lutando pelo hepta? No futebol, uma partida nunca se limita às quatro linhas, nem se encerra após 90 minutos. As discussões, as divagações que ela suscita fazem-na transcender as barreiras do tempo. Um jogo de futebol é tão rico em possibilidades ― uma vitória consagradora ou uma derrota aniquilante estão separadas por tão miúdos detalhes ― que o resultado final não é suficiente para concretizá-lo como fato absoluto.

Tudo isso falo inspirado por um belo artigo ― uma ode ao futebol ― escrito pelo artista plástico Nuno Ramos e publicado recentemente no Estado de S. Paulo. “O jogo carrega uma ferida interna insaciável, (...) pois toda a promessa das jogadas, das bolas na trave, das chances desperdiçadas, dos pênaltis inexistentes ou não marcados, vêm cobrar a sua vez, como almas penadas à espera de justiça.” As partidas de futebol pairam por aí, como fantasmas. Não há descanso para elas, não há sequer um limbo. Estão condenadas à imortalidade.

E se a própria estrutura do jogo não favorecesse esse caráter eterno duma disputa de futebol, outro elemento típico desse esporte o faria. Falo da emoção que a partida suscita nos torcedores. Seja no estádio, seja pela televisão, quem já vibrou com um gol do seu time do coração não esquece a experiência. Quem já chorou com uma derrota, por mais que queira, não a apaga da memória. No futebol, o apito final do juiz é o pontapé inicial para a história.

As jornadas apaixonantes são inesquecíveis, duram pra sempre. E, hoje à noite, viverei um momento dessa grandeza. Dessa vez não falo de assistir a um jogo, por mais que seja quarta-feira, dia de Copa Sul-americana. Refiro-me ao show da banda holandesa After Forever, no Centro Comunitário da UnB. Já faz um tempo que a voz da soprano Floor Jansen embala minhas aventuras imaginárias. Ouvi-la ao vivo será inigualável. Que seja um bela noite. Daquelas pra guardar depois do show. E para sempre.


Errata: Este jovem ― a saber, eu ― escreveu, na sua última coluna, que o horário político obrigatório recomeçava na semana passada. Lambança. A todos aqueles que ligaram a TV esperando ver os candidatos e deram de cara com o jornal, minhas desculpas.


P.S.1: É por essas e por outras que esta coluna se chama “Futebol”, e não “Política” .


P.S.2: Já começou a temporada de chuvas e até agora eu não vi aquela propaganda “ Sabão, sabão, sabão....” na TV. E agora? (tom de indignação) Quem vai orientar os motoristas de Brasília quanto aos perigos da pista molhada?

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