Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


quinta-feira, 24 de agosto de 2006

Cinema "estrangeiro"

por Carolina Menkes

As férias fora de época na UnB não impediram o acontecimento da palestra sobre a montagem no cinema nesta quarta-feira, 23 de agosto, no auditório da pós-graduação da FAC. E o palestrante, André Gaudreault, veio de longe. Ele é professor doutor na Universidade de Montreal, no Canadá, e apresentou ontem, às 10h, o seminário: A Montagem dos Filmes nos Primeiros Cinemas, com um público formado tanto por professores quanto por alunos, sendo a maior parte de Audiovisual. A tradução simultânea do inglês para o português se deu por meio do professor David Pennington, que ministra aulas na FAC.

Gaudreault iniciou a palestra diferenciando “assemblagem” de montagem, sendo o primeiro termo “uma terminologia que permite falar sobre a reunião de fragmentos precoces, ainda sem o uso do termo edição”, explicou. Mas a conferência teve como idéia principal separar os dois blocos cinematográficos existentes, segundo o professor: o anterior a 1908 e o posterior a 1914, já que de acordo com ele, existe “um espaço intransponível” entre as duas épocas. O Cinema de Atrações seria o limiar do cinema, até 1908, em oposição ao Cinema Institucional ou narrativo, dominante a partir de 1914. “Mas a cinematografia envolve ambos”, afirmou. A diferença é que o cinema de atração está em um pólo mais curto e pontual e o de narração em outro, mais largo e vetorial. Gaudreault citou como exemplo os filmes de James Bond, “séries de fragmentos próprios do cinema de atração amarrados por uma narrativa frágil”.

Através da exibição de filmes como “O Diabo Negro” (1905), de Meliés, “Guerra e Paz”(1889), de Edison e “Fausto”(1897), de Lumiére, foi possível observar em detalhes as múltiplas tomadas e cortes antes imperceptíveis à primeira vista. Assim, o professor mostrou a existência da fragmentação antes mesmo da existência da montagem nos filmes.

Para encerrar a palestra, André fez duas correções ao que tem sido dito pelos historiadores do cinema. Em primeiro lugar, “a técnica de interrupção da manivela era comum desde a cinematografia precoce” e, em segundo, “a interrupção da filmagem está sempre associada a uma montagem”. Em Francês ou inglês, o público atento à explanação de Gaudreault poderá acrescentar um conhecimento bem relevante sobre a montagem no cinema à sua bagagem.

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