Profissão músico
Apesar da falta de incentivo, músicos e musicistas continuam afinando mentes
por Thaise Torres
A dificuldade de inserção no mercado de trabalho tem se consolidado como um fato cada vez mais presente em muitas áreas de atuação. Esta realidade é visivelmente acentuada no curso de música. Muitos alunos entram sem saber como irão sair, pois o incentivo à cultura é praticamente inexistente, e quando há algum, é efetivado apenas através de um processo extremamente burocrático.
O pouco reconhecimento que a cultura tem no país certamente contribui para a pequena aceitação do músico como profissional. Muitos músicos procuram outros empregos para sobreviverem. Vários têm o trabalho que os sustenta e o de músico, diversas vezes reduzido a passatempo. Mesmo com a Lei de Incentivo à Cultura, que permite a empresas e pessoas físicas financiarem projetos culturais, as verbas disponíveis ainda são minguadas.
Daniel Jakimiu, estudante do 7° semestre de música na UnB, toca piano há 14 anos e quer sair do país para se especializar e trabalhar no exterior. “Aqui músico não é referência, é palhaço”, diz ele. De acordo com Daniel, ganhar a vida como músico erudito é muito complicado, principalmente como pianista. “Lá fora é muito mais fácil trabalhar”, diz. Ele se refere não somente aos salários, mas também ao prestígio do profissional que faz inúmeros cursos buscando aprimoramento e é menosprezado.
A dificuldade de conseguir um local para uma apresentação, patrocínio e divulgação são apenas alguns dos empecilhos apontados pelos músicos. Janette Dornellas, cantora de ópera de grande projeção nacional e internacional, diz que a diferença ao se tentar conseguir uma pauta nos EUA e no Brasil, é abissal. “Eu cheguei lá (EUA) e pedi pauta, imediatamente eles me deram a data que eu pedi sem nenhuma burocracia, sem me pedirem um documento”. São problemas como este que desestimulam muitos a seguirem carreira musical. Mas não apenas isso. “Na área erudita o mercado de trabalho é pequeno para o tamanho do país. Então você tem poucas produções operísticas acontecendo e uma grande concorrência”, esclarece Janette.
O professor do Departamento de música da UnB, Renato Vasconcelos, explica que a maioria dos alunos de licenciatura do departamento, são absorvidos pela Escola de Música de Brasília, e que eles têm mais oportunidades de emprego do que os bacharéis. “Hoje é necessário ser licenciado para dar aulas à nível de segundo grau, os bacharéis têm como oportunidade de emprego basicamente orquestras, e em Brasília só há praticamente a orquestra do Teatro Nacional”. De acordo com o professor, sobreviver de música depende muito também do instrumento que se toca. Em uma orquestra, são aproximadamente 80 músicos e entre eles um pianista apenas. Na orquestra do Teatro Nacional, por exemplo, não há saxofonista.
Muitos músicos eruditos consideram que seguir carreira de músico popular é mais fácil. Maui Bandeira, estudante do 2° semestre de licenciatura em música, diz que o mercado é mais amplo para os músicos populares, e a UnB só forma músicos eruditos. Ele diz que músico popular vive em muitos casos, de bicos, porém há mais locais para tocar. Maui pretende ser professor. Ele se formará como licenciado na UnB, e como bacharel em piano na escola de música. Mas também considera o mercado de Brasília bastante fechado e competitivo. “Brasília é o melhor lugar para se estudar, mas para trabalhar é mais fácil no Rio ou em São Paulo”, termina. As pessoas esquecem que graças à música a vida é menos dura.
2 comentários:
OI pessoal,
dêem uma checada no e-mail do blog, mandei uma mensagem mais ainda não obtive resposta,
Obrigado
Peu Lucena, Editor do blog Horário de Brasília
www.horariodebrasilia.com
Parabén thaise, muito interessante e informativa.
Marco Prates
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