Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


quinta-feira, 29 de junho de 2006

Coluna - Futebol

por Vítor Matos

De repente, a gente olha pro lado, e o tempo passou. Seu filho, que ontem balbuciava sandices entre chupetas, hoje chupa sandices entre caretas. Vai ficar parado, companheiro? Meu pai, por exemplo, ficou. Ele vive uma eterna década de 70. Não há música após os Beatles. Ninguém bate, bateu ou baterá falta melhor que o Zico. Nada se compara à adrenalina de correr da Ditadura. Meu pai parou no tempo, mas o privilégio não é só dele. Existe, na imprensa esportiva, uma parcela de profissionais que sofrem agudamente da síndrome de saudosismo.

São as viúvas de 82, como foram catalogados por mim. Esses seres regozijam-se em exaltar, cantar e declamar a finada Seleção de Telê (que Deus o tenha). Eu não canso de me perguntar o motivo. Falcão, Zico e cia. não ganharam nada com o Brasil. Ama-se a idéia, não o time. Digo mais, é bonito idolatrar aquele time, soa bem e intelectual . O selecionado de 82 virou símbolo de futebol puro, artístico, romântico. E, como a tragédia cabe perfeitamente no enredo romântico, a geração “dourada” foi injustiçada pelo destino.

E são as viúvas de 82 que reclamam da atual Seleção. Que o Brasil tem potencial para render mais, isso é verdade. Que alguns jogadores estão devendo futebol, também não nego. Que precisa melhorar para conquistar o título sem maiores percalços, ninguém discute. Mas não vamos exagerar, companheiros. Vamos maneirar no azedume. Aguardem o Robinho, o show já está encomendado. Sábado, 21 horas, horário de Frankfurt. Só um novo amor para curar a dor da viúva.

E teremos mais uma oportunidade para ouvir a Marselhesa nessa Copa. É o melhor momento da França em qualquer jogo. Pena que depois do jogo de sábado, os azuis só voltam a atuar num Mundial em 2010. ( Se passar pelas eliminatórias). E que irônico! A última vez que Zidane vai pisar num gramado será justamente contra o Brasil! Nada mais justo, uma vez que desabrochou para o mundo da bola justamente enfrentando a Seleção canarinho. Os deuses da bola ainda têm seus caprichos.

Uma coisa me assusta: o Lucimar, vulgo Lúcio, ainda não fez faltas no Mundial. Existe muito mais mistério entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia. Será que o zagueirão está guardando todo arsenal de botinadas para descarregar no Henry? Seria agradável.

P.S.: Da próxima vez que essa coluna sair, o Brasil já estará classificado para a final. Discutiremos, por conseguinte, o nosso adversário.

Excepcionalmente a coluna de futebol foi publicada hoje. Acompanhe sempre às quartas-feiras a coluna de Vítor Matos.

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