Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


sábado, 13 de maio de 2006

Entrevista - João Carlos Rocha

João Carlos Rocha é carioca. Ele fundou a Opus Christi, entidade conservadora católica da qual é presidente. João, que trabalha no gabinete do prefeito do Rio, César Maia, foi um militante ativo no PFL até o ano passado, quando se desligou do partido. Ele e sua organização têm sido alvo da indignação de artistas; o motivo foi o protesto organizado pela Opus Christi contra uma obra da artista plástica Márcia X. A obra, que estava sendo exibida no CCBB do Rio de Janeiro, mostrava dois pênis compostos por terços católicos. Por causa da pressão da Opus Christi, o Banco do Brasil resolveu retirar a obra da exposição, atitude que causou muita polêmica. João Carlos Rocha falou ao blog do Cacom a respeito da disputa.

por Gabriel Castro


Blog do Cacom: O que é a Opus Christi e por que resolveram intervir na exposição?
João Carlos Rocha:O Apostolado Opu Christi, no seu núcleo, é formado por jovens católicos, que praticam habitualmente as quatorze obras de misericórdia, adequam toda a sua vida a doutrina católica e procuram viver e promover a vida dentro de uma atmosfera da civilização cristã.Os nossos jovens dão exemplos da praticabilidade dos ensinamentos da Igreja Católica. Quer dizer, como nos dias de hoje se pode ser católico, praticando as obras e viabilizando a moral em sua íntegra, com austeridade, dignidade e convicção. Dentro da espiritualidade da OC a reza diária do rosário constitui uma devoção especial.Assim,desta maneira, ao tomar conhecimento de que objetos de devoção da fé católica estavam sendo utilizados de maneira fálica, não restou-nos outra opção a não ser tomar a defesa de nosso direito a uma liberdade de crença e de credo, uma vez que o nosso sentimento religioso está sendo vituperado!

BC:Na sua opinião, quais são os limites do Estado laico?
JCR: A autenticidade de um Estado está na representação democrática da maioria de seu povo. E esta representação se deve dar em todos os âmbitos. Mesmo em um estado laico, o respeito à cultura popular, às raízes, aos sentimentos da consciência popular deve ser imperiosamente resguardado. A laicidade não deve ignorar ou criar ascos com o sentimento religioso; pelo contrário, deve integrar a fé e a cidadania num ato cívico, para garantir a ordem e a manutenção dos direitos básicos. Cabe ao estado garantir uma atenção personalística ao cidadão e à Igreja garantir a cidadania e uma espiritualidade solidária a todos os segmentos autenticamente representados.

BC:O saldo do ação contra a obra de Márcia X foi positivo? Vocês pretendem continua com essas ações?
JCR: A Opus Christi pretende sempre sair em defesa da Igreja. Embora nestecaso o saldo tenha sido positivo – já obtivemos o sucesso de nossas intenções - pretendemos fazer outras ações, mesmo que fadadas aofracasso diante das leis dos homens, pois acreditamos que "diante de Deus não há heróis anônimos".

BC:Vocês receberam orientação da Igreja nesse caso ou agiram de forma autônoma?
JCR: Seguimos a orientação de nosso Pastor Cardeal D. Scheidt, que facultouaos leigos, de forma individual ou coletiva, o direito de se pronunciar, repudiar e agir em defesa de sua fé. O Cardeal, inspirado no Decreto dos Leigos de Paulo VI, estimulou a participação leiga no zelo pela Fé.

BC: É verdade que você pretende se candidatar a vereador?
JCR:Não sou filiado a nenhum partido político há mais de um ano. Embora não haja impedimentos canônicos que impeçam de representantes deInstituições Católicas serem filiados partidariamente, resolvi poriniciativa pessoal não mais integrar o quadro político partidário. Desenvolvo um trabalho de maitre à penseé em prol da civilização cristã, e neste exercício reflito e promovo a discussão ideológica macro-política objetivando subtrair as desigualdades e criando políticas publicas que seja favoráveis ao Povo Brasileiro, e estimularaos jovens de diversos segmentos políticos a auto-critica a cerca dosprincipais temas de interesse publico. Mas tudo de maneira macro, longe de engajamento real, passional.

BC: Por que saiu do PFL?
JCR: Porque pretendo me dedicar a política de maneira macro e influenciar em todos os segmentos juvenis.Mas mesmo fora do PFL, continuo respondendo pela comissão de formação política do PFL Jovem. Estou abrindo campos no PSDB, PTB e quero expandir pela Opus essa ação de humanização da política e esta fora do partido me da uma credibilidade maior.

BC:O que você acha da Opus Dei?
JCR: É uma organização da Igreja muito importante dentro da sua realidadeespecifica, uma maneira de viver o catolicismo que requer uma renúncia radical da vida pessoal para viver a fé de maneira mais intensa.

BC: E o que você achou da polêmica sobre as charges retratando Maomé?
JCR: A nossa opinião é a opinião da Igreja. Somos solidários aos nossos irmãos separados pela fé, que tiveram o seu sentimento religioso agredido. Porém, repudiamos as ações fanáticas e passionais de violência e de retaliação terrorista, colocando em grave risco a vidade inocentes.

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