Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


quarta-feira, 15 de março de 2006

Coluna - Futebol

Pobre futebol brasileiro pobre
por Guilherme Rocha

A Seleção Brasileira é referência de futebol-arte no mundo inteiro. Os jogadores brasileiros são os mais caros e mais disputados no mercado da bola. Desde sempre, temos gerações e mais gerações de craques, muitos deles antológicos, e cujo futebol valeram (ou valem) milhões. Então... por que o nosso futebol é tão pobre?

A maioria dos nossos clubes deve à Receita Federal, a jogadores, a treinadores. Atrasos de salários são freqüentes. Não há estrutura nos estádios. Os craques estão no exterior e temos que nos virar com juvenis e veteranos. Como esta máquina de fazer dinheiro que é o futebol brasileiro é falida enquanto a Espanha, por exemplo, que nunca ganhou uma Copa e nunca teve jogadores tão brilhantes quanto os nossos, tem o time mais rico do mundo e o melhor atleta no seu campeonato?

Bom, a resposta está na única coisa que os estrangeiros têm melhor que nós: os dirigentes. Os administradores europeus conseguem patrocínios milionários, mantêm projetos de sócios-torcedores, investem a verba arrecadada no clube (e não nos seus próprios bolsos) e, assim, formam grandes elencos e estádios monumentais lotados. Por outro lado, no Brasil, homens enriquecem após entrar no clube, como é o caso de Eurico Miranda, presidente do Vasco. Aqui o dirigente assume um clube com grande torcida (e, logo, potencial financeiro) e o deixa endividado, como é o caso de Edmundo Santos Silva, ex-presidente do Flamengo. Os administradores brasileiros entregam o clube em mãos cujo dinheiro é duvidoso (MSI, Hicks Muse), como é o caso da gestão Dualib no Corinthians. Lógico que há exceções como o Goiás, mas esta minoria, mesmo assim, não tem o porte do Barcelona ou da Juventus.

Então, os times de Zico, Garrincha, Rivellino, Ademir da Guia, antes tão gloriosos, agora agonizam financeiramente. São reféns das cotas de televisão e colocam ingressos caros nas bilheterias. Vendem os jogadores antes deles fazerem sua história com a camisa do time. E a CBF enche os cofres, levando a Seleção aos lugares mais absurdos, fazendo com esse dinheiro só Deus sabe o quê.

Já o torcedor... é... o torcedor tem que assistir aos campeonatos estrangeiros para ver os seus ídolos, enquanto se acostuma com a penúria do seu time.

Guilherme Rocha reveza esta coluna com Vítor Matos às quartas-feiras.

4 comentários:

Anônimo disse...

E nada sobre o Dodô! :)

Bom artigo, Guilherme

Anônimo disse...

Eu particularmente discordo quanto à incompetência dos dirigentes do Real Madrid. Florentino Pérez fez do Real o time mais rico do mundo e conquistou na década passada muitos títulos. Acho que o único erro do madrilenhos foi a forma como o dinheiro conquistado com o marketing foi gastado. O Real não contratou os jogadores certos para as posições certas e não tem investimentos em categorias de base (qual foi o último jogador de peso que o Real Madrid revelou?).

Anônimo disse...

Só um parênteses, o dinheiro da Hicks Muse não é duvidoso. Ao contrário da obscura MSI,que é absolutamente desconhecida e possui um endereço fantasioso na Inglaterra, a Hicks Muse é um conhecido grupo financeiro do Texas, devidamente regulado pelos órgãos competentes(http://www.hmcapital.com/firm.html).
Fora essa pequena correção, obviamente é lamentável ver um clube da dimensão do Corinthians perder sua autonomia. Dualib, administrador incompetente, cede o controle do departamento de futebol em nome do pagamento de dívidas de sua administração (até hoje não pagas), pondo o futuro de um dos maiores patrimônios de nosso futebol em risco.

Anônimo disse...

O futebol brasileiro seria rico, pagando em média R$ 3000 a cada atleta, desde que os mesmos (principalmente no RJ), treinassem mais e fossem menos arrogantes. A formação dos atletas é medíocre e o interesse financeiro e a falta de ética predominam, como no caso de Américo Faria Jr., supervisor da seleção e empresário de jogador, entre eles Carlos Alberto do Corinthians, cujo passe é metade (ou era) dele e do irmão. E o que falar do assessor de imprensa, puxa-saco mor do presidente e que encobre várias negociatas da seleção a seu favor. Nem Ronaldo aguentou ele.