Coluna - Futebol

Táticas e mais táticas
por Guilherme Rocha

A Seleção Brasileira enfrenta logo mais a Rússia em um gramado péssimo (se tiver gramado e não lama), em temperaturas baixíssimas, contra um adversário que está fora da Copa do Mundo e durante a Copa Libertadores da América (o que desfalca o São Paulo de Rogério Ceni). Mas o objetivo da coluna de hoje não é discutir o amistoso. Como todo brasileiro é metido a entendedor de futebol (mesmo sem nunca ter tido uma experiência qualquer como jogador ou técnico), vou dar meus pitacos no esquema do Brasil.

Hoje jogamos com Dida no gol; Cafu e Roberto Carlos nas laterais; Lúcio e Juan na defesa; Zé Roberto e Émerson no meio; e Ronaldo, Ronaldinho, Adriano e Kaká lá na frente. Este é um esquema parecido com o time campeão em 1970, o 4-2-4.

A torcida e a imprensa aprovam o time (com algumas exceções em uma ou outra posição) por ele ter quatro atacantes e ser ofensivo. Porém, apesar de achar este time melhor do que os anteriores de Parreira, eu creio que ele poderia ser ainda melhor.

Primeiro, o goleiro. Esta posição é uma pura questão de gosto. Parreira prefere Dida, assim como Felipão preferiu o Marcos. Eu fico com o Rogério Ceni. Ele é um líder, sabe jogar com os pés, é vibrante e, como Scolari já declarou, faz muito bem para um grupo de futebol.

Os laterais: eu convocaria Cafu sim, mas não para ser titular. Ele poderia muito bem passar experiência para o time, mas titular mesmo, para mim, é o Cicinho. Ele está melhor física, moral e tecnicamente. Por outro lado, Roberto Carlos ainda é o melhor lateral-esquerdo do mundo. Ainda.

Eu também convocaria o Lúcio, mas não para ser titular. Quando ele quer, ele é uma muralha; impecável. Mas quando quer ser o Beckenbauer... Creio que o ideal é o Alex, ex-Santos, e o Rodrigo, ex-São Paulo. Dois jogadores técnicos, bons em lances de escanteio e seguros.

Émerson é um cão-de-guarda e o Brasil precisa dele. O Zé Roberto é fantástico também, mas tem uma tendência a ser ofensivo e como o Brasil joga com quatro na frente, o time fica fraco na marcação no meio-campo. Eu escalaria o Gilberto Silva. Assim, com dois grandes marcadores no meio, os laterais poderiam subir com freqüência. O Brasil sempre dependeu de seus laterais, eles não podem virar zagueiros (como acontece na Inglaterra).

E, finalmente, os quatro atacantes. Ronaldo, Ronaldinho e Kaká são unanimidades. Um matador, um artista e um carregador do piano. Agora, Adriano deveria ser banco. No lugar dele, eu escalo o Alex, ex-Cruzeiro. Desta forma, Ronaldo fica no meio, Ronaldinho cai pela esquerda e Kaká pela direita, todos trocando de posição constantemente, com Alex lhes servindo e, de quebra, fazendo seus gols.

Imagine este time, com todos em boa forma (talvez não o Ronaldo, mas na hora ele resolve), e um banco de reservas com Marcos, Cafu, Edmílson, Zé Roberto, Juninho Pernambucano, Robinho e Adriano. Quantas opções para quando o jogo ficar difícil! Para fechar, em eventuais situações, Júlio César, Júnior, Lúcio, Júlio Baptista e Luís Fabiano.

Ficam de fora jogadores como Ricardinho e Dida. Já Fred, Nilmar, Wágner Love, Diego e Rafael Sóbis podem trazer o Hepta na África do Sul.

Guilherme Rocha reveza esta coluna às quartas-feiras com Vítor Matos.