Entrevista: Rodrigo Dantas
Ex-presidente da ADUnB fala de sua possível candidatura ao Governo do DF
por Guilherme Rocha
Rodrigo Dantas falou hoje, com exclusividade, ao Blog do CACOM. Segundo carta oficial divulgada por ele, seu afastamento da ADUnB provém de uma compreensão da necessidade de seu maior engajamento político junto ao PSOL (partido do qual é fundador) para servir de alternativa política para o Distrito Federal. Agora, Dantas conta seus projetos futuros, divergências dentro do PSOL, sua opinião sobre a corrida ao Buriti e faz um balanço de sua gestão na entidade.
O afastamento da ADUnB
Rodrigo Dantas: Afastei-me da ADUnB por me envolver mais com o PSOL; a ADUnB não é relacionada a partidos, governos ou à reitoria. Nossa chapa [ADUnB Autônoma], como o próprio nome diz, é independente. Então, decidir sair para me dedicar a uma luta maior. É preciso ter um projeto político alternativo. Essas greves que fizemos não são suficientes para conseguir as mudanças sociais. Elas minimizam o prejuízo, mas são resistências isoladas e derrotadas facilmente.
A candidatura ao governo do DF e divergências dentro do partido
Rodrigo Dantas: Esta possível candidatura não é iniciativa minha. Ela vem do grupo no partido do qual faço parte. Porém, nada foi definido ainda. A Maninha, por exemplo, defende alianças com PDT e PPS, mas acho que não devemos aceitar aliança nenhuma, a não ser, talvez com o PSTU. Não devemos repetir o que fez o PT [uma série de alianças políticas]. Esta disputa será resolvida na Convenção do Partido em Junho. A Maninha pode divulgar na imprensa que ela será candidata, mas acho que venceremos a Convenção. Nosso grupo é maioria dentro do partido.
O contexto da eleição
RD: Esta opinião é minha, não falo pelo PSOL. Creio que esta eleição será diferente das outras. Antes havia uma polarização entre Roriz e PT, azul e vermelho. Agora o Roriz não pode se candidatar mais e tem até cinco candidatos para apoiar. Já o PT não é mais referência na esquerda. É preciso ver como este espaço será ocupado. O PSOL deve formar uma chapa de esquerda a ambos e este planejamento é para um longo prazo. Não queremos ganhar eleição a qualquer custo, por isso não faremos qualquer aliança. O atalho mais curto a gente já sabe no que dá. Vide o PT.
A gestão frente à ADUnB: aspectos positivos
RD: Tivemos muitos avanços. Fizemos a leitura correta do governo Lula e montamos uma resistência. O mais fácil era aderir a este governo, mas fomos na contramão. Fizemos um papel de vigilância, fomos autônomos. Conseguimos que a ADUnB tivesse maior participação no ANDES [sindicato nacional dos professores].
A gestão frente à ADUnB: aspectos negativos
RD: A maioria da diretoria da ADUnB discorda de mim, mas acho podíamos ter criado condições para ter um projeto para construir um meio e condições para mudar esta ordem privatizante e mercantilista que tem marcado as gestões na reitoria nos último anos.
Rodrigo Dantas é doutor pela UFRJ e dá aula na UnB de Filosofia Política e Filosofia Marxista desde 1995. Foi secretário-geral da ADUnB na primeira gestão e presidente da entidade na segunda. Com sua saída, assumiu Graciela Nora, professora da Faculdade de Tecnologia.
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