Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2006

Artigo

"Pra não dizer que eu não falei das montanhas...”
por Camila Louise

Fiquemos atentos ao que está acontecendo. Estamos presenciando uma antítese ininteligível. Explico: em pleno século XXI, num período em que a capacidade intelectual humana está a pleno vapor, ainda existem indivíduos dispostos a divulgar um retrocesso espiritual, zombando das crenças alheias.

Observe que nunca se soube tanto sobre tanto. A ciência está com uma bagagem de informações que tem facilitado em muito a vida do homem. Isso quando falamos do sentido funcional, daquilo que vamos usar para viabilizar as nossas vidas no plano prático. Para a doença, o tratamento. Para o tratamento, o sistema monetário. Para o sistema monetário, as relações interpessoais. Para essas relações, a necessidade. Chegamos a um fato: a necessidade é uma grande responsável pelos criados.

Então pode-se dizer que, de certa forma, a fé é produto desse fato. Ela nasce da indispensabilidade que tantos crentes tem de acreditar em algo superior e sublime, o qual seja capaz de aliviar alguma dor ou que pelo menos justifique a realidade.

Acontece que nem tantos indivíduos têm se permitido a essa fé. A quantidade de pessoas que se admitem adeptas do ceticismo é realmente surpreendente. Ora, acreditar no que é concreto e inquestionável é muito óbvio. O desafio está em validar o que não é provável e tomar isso como verdade.

Mas não pretendo converter céticos em crentes, muito menos o contrário. Minha intenção é chamar a atenção de certos críticos. Daqueles que invadem a fé alheia e a chacoteia pelo simples objetivo do humor gratuito. Temos presenciado a divulgação de charges sobre o Profeta islâmico Maomé. Essa atitude tem causado revolta entre os seguidores do alvo das piadas.

Os autores das charges se defendem recorrendo à liberdade de expressão. O problema é que esses autores não compreendem que o bom senso está implícito na liberdade de expressão. Para se ter direito a ela, deve-se primeiro merecê-la. Não é o fato do alvo da situação ser Maomé que é absurdo. O inaceitável está em ridicularizar a crença do outro. Está em criticar aquela essência que não move montanhas, mas fornece a força necessária para chegar até elas. Para esses amantes do humor gratuito, o bom senso: “a fé é um instrumento intocável!”

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