Para manifestar, a Paz
por Camila Louise Ferreira
fotos: Thaíse Torres
Negando as expectativas de um fim dramático para a manifestação de ontem, levando em conta a da semana passada, o pacifismo roubou a cena na Rodoviária da capital. Dos 1400 policiais militares que atuam no Plano Piloto, estima-se que 1000 estavam presentes no local a fim de conter os manifestantes, os quais reclamavam do aumento médio de 21,5% nas tarifas do transporte público.
A maioria dos protestantes era composta de estudantes universitários. Ao longo do percurso a massa foi ganhando corpo, e aqueles que só observavam, abraçaram a causa que foi abordada de forma pacífica. Na própria UnB, um agrupamento de pessoas foi formado com a intenção de instruir os manifestantes a agir de forma calma e consciente, sem se deixar levar por impulsos.
O estudante Rafael Moura, juntamente de um dos instrutores da manifestação, confirmou a tendência tranqüila do movimento, mas foi claro ao dizer que os organizadores estavam preparados para eventuais intervenções policiais, contando com uma comissão médica e também advogados.
Y.B.C, integrante do Movimento Passe Livre (MPL), justifica a sua posição descrevendo o sucateamento da frota de ônibus do Distrito Federal. Ele diz ser incabível a explicação dos responsáveis pelo aumento das tarifas de que o capital das passagens será revertido para a renovação dos ônibus, já que o preço para tanto vem sendo pago há anos. Cita ainda um pedido que o Movimento teria feito à Secretaria de Transportes a respeito da planilha de custos das empresas de ônibus comprovando a necessidade do aumento das passagens, o que, segundo ele, ainda não foi atendido. De acordo com Y.B.C, um economista teria feito os cálculos e chegado à conclusão de que R$1,00 já é suficiente para cobrir os gastos que as empresas têm com os transportes.
A manifestação optou ,como forma de protesto, fazer um percurso que saía da plataforma inferior da rodoviária, seguia pelo Eixo Monumental, passava pela W3 Norte e Eixo Rodoviário Norte, e retornava à plataforma superior. Durante a trajetória, hinos do tipo “Trabalhador, venha pra rua, porque essa luta também é sua!” compunham o repertório altamente convidativo, arrastando apoio por onde passava. Um grande número de observadores engrossava a multidão, entre eles a polícia. Integrantes do MPL vestiram-se de palhaços, ilustrando a forma descontraída como encaravam o protesto.
A cobrança em cima dos políticos visava uma atuação mais ativa por parte deles em relação à proposta do manifesto. Mas a presença de partidos políticos no movimento, como o PCO, causou certa revolta nos estudantes, os quais exigiram a retirada das bandeiras que representavam o mesmo. Alegavam ser um movimento apartidário e independente da UNE e UBES.
Segundo a Polícia Militar, a quantidade de manifestantes estimada era de 350 a 500. E ela expressou ainda contentação diante da nova postura adotada pelos integrantes do movimento, os quais não insistiram em “confrontos ou nada similar”. Enfim, o recado foi dado de forma racional e organizada. Basta saber se a mensagem foi captada.
Contribuíram: Diogo Alcântara, Fabrício Marques e Janine Moraes
Um comentário:
Parabéns equipe do blog, já estão mandando ver hein!! Tudo de bom...
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