Entrevista: Cosmo Balbino

“Não sei porque entramos na greve”

Coordenador-geral do SINTFUB (Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília) fala sobre a greve, sobre o governo Lula e sobre a questão do cancelamento do semestre
Por Guilherme Rocha

CACOM: É verdade que a greve na UnB foi deflagrada pela base dos servidores e que a direção do sindicato era contra a paralisação?
Cosmo Balbino: Não sei por que entramos na greve. Foi um erro. A base, cuja maioria é simpatizante do Vamos à luta, decidiu aderir ao movimento. Então, entramos para tentar fortalecer o movimento. Porém, este grupo descredenciou o MEC, que parou de nos receber. Foi outro erro; ficou um mal-estar entre o ministério e o Comando de Greve. Foi um erro de todos nós. Saímos da greve agora porque o desgaste já estava muito grande.

CACOM: Havia pessoal da UnB nas últimas manifestações mesmo depois do fim da greve. Por quê?
CB: Não precisamos estar em greve para manifestar.

CACOM: O que o senhor acha desta divisão na FASUBRA?
CB: Tudo o que conseguimos nesses anos todos foi com a nossa união. Sempre estivemos juntos, mas desta vez não. A categoria está desmontada, esfacelada.

CACOM: O que o senhor acha do governo Lula quanto à educação?
CB: O governo Lula têm feito muito pela educação. Tem grande diferença em relação ao governo anterior, quando a universidade pública passou por um processo de sucateamento. Agora não. Há modernização dos laboratórios; criação de plano de carreira para nossa categoria, o que nos dá aumento de 20% a 126%; criação de treze universidades federais. Claro que falta muita coisa, mas é melhor que antes.

CACOM: Com as greves, historicamente, os funcionários das universidades conseguiram conquistas importantes como os aumentos salariais. Mas e as reivindicações para os estudantes como os concursos públicos e liberação de verbas para infra-estrutura? Por que estas não são devidamente atendidas?
CB: Infelizmente temos este problema. A universidade pública, em especial a UnB, é muito penalizada porque neste país educação não é prioridade. Os estudantes cresceram e os funcionários diminuíram. É realmente um grande problema.

CACOM: Qual a posição do SINTFUB quanto ao cancelamento do semestre?
CB: Isto cabe ao CEPE, mas eu particularmente sou contra. É claro que é um assunto a ser muito discutido ainda, mas nossa greve não é contra os alunos. O estudante que já terminou alguma matéria é prejudicado.