Futebol!
O amor é cego
(alguém já o disse)
Vítor Matos
Esses sentimentos extremos (que os cânones, menos eufemistas, se acostumaram a chamar de fanatismo) remetem aos nossos instintos mais irracionais, selvagens e primitivos – mas são o que de melhor a raça humana pode produzir em matéria de poesia.
Deixemos de lado o politicamente correto, as lições da professora ou a arenga do padre:
Quer coisa mais tocante do que o patriotismo levado às últimas fronteiras? Centenas de soldados, todos esfarrapados e famintos, longe dos familiares há meses e provavelmente para sempre, encurralados pelo inimigo e à beira da morte. Nem por isso fogem. Pelo contrário, eles vão lutar como loucos. Já não brigam pela vida ou para reaver os entes queridos. Derramarão seu sangue pela glória da pátria. E cavalos, e flechas pra todo lado, e violoncelos ao fundo.
Na mesma linha de raciocínio encaixam-se exemplos como os homens-bomba, os casais apaixonados e os fãs do Elvis. O amor lhes embaralha a razão.
Com o torcedor brasileiro não é diferente. Mas nesse caso a devoção e o fanatismo são ainda mais surpreendentes. O futebol praticado aqui no país nunca foi tão pobre e de tão baixo nível técnico. Não há estrelas, nem craques, nem mesmo jogadores medianos; tampouco times decentes. Os estádios continuam desconfortáveis e entregue às traças, as brigas entre torcedores ainda fazem um número sério de vítimas e as chances de ser assaltado nas cercanias do campo de jogo nunca foram tão concretas. Com tudo isso, o insano do torcedor brasileiro ainda lota as arquibancadas.
A média de público do atual Campeonato Brasileiro é a maior desde que foi implementado o sistema de pontos corridos, em 2003. Aproximadamente 14 mil heróis comparecem aos estádios por partida. E hoje à noite, para Flamengo e Botafogo, a previsão é de Maracanã apinhado, com 80 mil almas flamejantes, numa densidade demográfica de fazer inveja à Bangladesh.
Isso sem falar no Bahia que, em plena série C do Brasileirão, tem a melhor média de público de todos os times do país.
A ligação do brasileiro com o futebol é um fenômeno que não nos cumpre entender, apenas admirar.
P.S: Falando em amor cego, Obina será condecorado com o título de cidadão honorário do Rio de Janeiro nesta quarta-feira. Sobre esse ícone do nosso folclore, falaremos depois, porque desconfio que ele ainda tem uma longa estrada pela frente. (esta coluna também é publicada em “www.ofuror.blogspot.com”)
Esses sentimentos extremos (que os cânones, menos eufemistas, se acostumaram a chamar de fanatismo) remetem aos nossos instintos mais irracionais, selvagens e primitivos – mas são o que de melhor a raça humana pode produzir em matéria de poesia.
Deixemos de lado o politicamente correto, as lições da professora ou a arenga do padre:
Quer coisa mais tocante do que o patriotismo levado às últimas fronteiras? Centenas de soldados, todos esfarrapados e famintos, longe dos familiares há meses e provavelmente para sempre, encurralados pelo inimigo e à beira da morte. Nem por isso fogem. Pelo contrário, eles vão lutar como loucos. Já não brigam pela vida ou para reaver os entes queridos. Derramarão seu sangue pela glória da pátria. E cavalos, e flechas pra todo lado, e violoncelos ao fundo.
Na mesma linha de raciocínio encaixam-se exemplos como os homens-bomba, os casais apaixonados e os fãs do Elvis. O amor lhes embaralha a razão.
Com o torcedor brasileiro não é diferente. Mas nesse caso a devoção e o fanatismo são ainda mais surpreendentes. O futebol praticado aqui no país nunca foi tão pobre e de tão baixo nível técnico. Não há estrelas, nem craques, nem mesmo jogadores medianos; tampouco times decentes. Os estádios continuam desconfortáveis e entregue às traças, as brigas entre torcedores ainda fazem um número sério de vítimas e as chances de ser assaltado nas cercanias do campo de jogo nunca foram tão concretas. Com tudo isso, o insano do torcedor brasileiro ainda lota as arquibancadas.
A média de público do atual Campeonato Brasileiro é a maior desde que foi implementado o sistema de pontos corridos, em 2003. Aproximadamente 14 mil heróis comparecem aos estádios por partida. E hoje à noite, para Flamengo e Botafogo, a previsão é de Maracanã apinhado, com 80 mil almas flamejantes, numa densidade demográfica de fazer inveja à Bangladesh.
Isso sem falar no Bahia que, em plena série C do Brasileirão, tem a melhor média de público de todos os times do país.
A ligação do brasileiro com o futebol é um fenômeno que não nos cumpre entender, apenas admirar.
P.S: Falando em amor cego, Obina será condecorado com o título de cidadão honorário do Rio de Janeiro nesta quarta-feira. Sobre esse ícone do nosso folclore, falaremos depois, porque desconfio que ele ainda tem uma longa estrada pela frente. (esta coluna também é publicada em “www.ofuror.blogspot.com”)
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