Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


segunda-feira, 25 de junho de 2007

Ombudsman

O Blog do CACOM retoma nesta semana a seção de Ombudsman - profissional que realiza crítica de mídia. Na primeira experiência da nossa Ombudskvina, o recorte observado foram as publicações de 10 a 23 de junho de 2007.


Blog do Cacom tem ouvidoria

Thaïs de Mendonça Jorge*

O Blog do Cacom tem como pontos fortes a variedade de assuntos, dentro do espectro universitário, e uma certa isenção em relação aos temas abordados, o que o enquadra entre os blogs jornalísticos.

A Agenda Cultural e a série sobre os centros acadêmicos são muito interessantes e atraem o público que se espera acorra ao blog. Não tenho conhecimento se esse público é apenas formado por alunos da Universidade de Brasília, muito menos se se constitui uma platéia eminentemente estudantil, uma vez que, na internet, perdemos o vínculo geográfico.

Por isso, é importante – apesar de os blogs, em geral, serem focados e dirigidos a um leitor imaginário local – ampliar um pouco as pautas, pensando que possíveis leitores podem estar em outras cidades ou países lusófonos. O fato de manter um blog, apesar de todas as dificuldades, já é em si louvável. As pessoas não avaliam o trabalho que dá pautar (ou seja, descobrir assuntos relevantes), apurar, redigir e colocar no ar a tempo e com regularidade as informações selecionadas e transformadas em produto noticiável.

Um primeiro problema do Blog do Cacom se concentra na padronização. Vejo que ainda não foi adotado um manual de redação para normatizar a escrita. Assim, não há regras para colocação de siglas, caixas altas e números, por exemplo, o que é vital em um espaço onde escrevem voluntários, cada um com um tipo de compreensão do português. Por exemplo: 50º CONUNE (segundo as normas universais, a sigla deveria aparecer em caixa alta e baixa, pois forma uma palavra – Conune, tal como Embrapa, Ibama).

A menção às siglas também deveria ser padronizada. Numa matéria, a abreviatura aparece como: "União Nacional dos Estudantes (UNE)", ou seja, primeiro por extenso e, em seguida, entre parênteses. Esta fórmula, na minha opinião, é melhor do que a adotada pelo Manual da Folha e por jornais norte-americanos, presente no blog em outra matéria: "CICE (Comissão Interna de Conservação de Energia)". Ainda continuando com as caixas altas, há, no mesmo texto, disciplinas ou nomes de departamento com caixa alta (Letras, Física e Serviço Social), porém, matemática.

Tampouco se adotou a escrita clássica do jornalismo para numerais (de 1 a 10 – ou até 9 – por extenso), nem para moedas: 2,5 milhões por ano; R$10; e R$ 7,00. São detalhes que passam despercebidos ao usuário comum, mas denotam cuidado e respeito para com o público. Por falar em público, é preciso lembrar o contrato que o jornalismo faz com ele, todos os dias, que é sinalizar quando se está dando opinião e quando o texto é de informação. Acho que vale a pena apontar que o bom texto de Vítor Matos, da série Futebol! é uma crônica (e colocar uma rubrica ou chapéu que mostre isso) e se insere, portanto, no gênero opinativo. Também quando entrar um comentário, penso que é honesto, para com o leitor, destacá-lo e avisar.

Creio que vale a pena atentar para outras normas de apresentação da notícia, ainda mais em um blog jornalístico, optando por parágrafos homogêneos (mesmo número de linhas) e menores. Para isso, vejam espaços próprios de jornalistas, como o Blog do Noblat e o de Josias de Souza, por exemplo. Na questão da programação visual, é preciso verificar a entrada do subtítulo e do autor das matérias (ora vem antes, ora depois), e não há um padrão de linhas para o tamanho do chamado sutiã. Isso resulta em um certo caos gráfico.

Ainda entre os pontos positivos, podemos destacar a enquete. Entretanto, a matéria sobre a enquete (ver, em edição passada, análise da consulta sobre transportes) mereceria texto mais aprofundado e uma sugestão é procurar depoimentos de alunos que corroborem os resultados. Enfim, há uma enquete no ar – sobre a Parada Gay – e fica a idéia. Sem querer puxar a brasa para a minha sardinha, aprecio a iniciativa do Blog do Cacom de adotar a figura de um Ombudsman, pois não é fácil aceitar críticas. Será que algum outro blog teve essa coragem?


* Thais é professora de Jornalismo e editora executiva do site Mídia&Política.

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