Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


segunda-feira, 16 de abril de 2007

Interação

O escambo no século XXI

Feira de trocas no CONIC reúne várias gerações num espaço descontraído
por Igor Pereira e Juliana Nogueira

O contato com o inesperado, a excitação da descoberta de algo raro e a satisfação em fazer um bom negócio são sensações comuns aos que se dedicam a arte do escambo. Isso vale tanto para Nicolau Coelho (que na manhã de 23 de abril de 1500 trocou um gorro vermelho e um sombreiro preto por um cocar de penas e um colar de contas com uma tribo Tupiniquim) quanto para os participantes 3ª edição da Escambau, feira de trocas realizada na tarde do último sábado - 14 de abril - na praça central do CONIC. A iniciativa visa recuperar o intercâmbio de experiências promovido por meio das trocas.

Criatividade
“A idéia surgiu depois de uma viagem minha a Olhos D`água, onde duas vezes por ano acontece uma grande feira de trocas, que mobiliza a cidade toda. Então pensamos, por que não tentar alguma coisa desse tipo aqui em Brasília?”, diz Indiara Góez, membro da ONG Trilha Mundo, que organiza o evento desde a primeira edição, em agosto de 2006.

A feira faz parte do projeto de revitalização do CONIC, cuja prefeitura cedeu a praça central para o evento.
Indiara também comenta as transformações ocorridas nessas três edições. “Na primeira feira só foram trocados CD’s, discos, livros e quadrinhos. A maioria dos participantes eram donos de sebos convidados por nós. Na segunda edição, (realizada em novembro de 2006) os estandes passaram a ser ocupados por pessoas comuns que trocavam também roupas, brinquedos, acessórios. E nessa edição a diversidade está crescendo, se acha de tudo por aqui”.

Escambistas
Tudo era realmente uma definição muito aproximada para a variedade de coisas que eram trocadas na feira. De filtro de máquina de lavar roupa a quadro abstrato, passando por bichos de pelúcia, vinis e livros (muitos deles raros). Abundância não só de objetos, mas também de pessoas. A mais nova das “feirantes” era Beatrice Souza, de oito anos, que na segunda edição participou trocando bichos de pelúcia, com os quais não brincava mais, por livros e outros. Desta vez ela trouxe itens da família.

Outro participante da feira era Ivan Presença, dono do sebo Quiosque Cultural. De fala mansa e com um arsenal de estórias de quem trabalha no meio literário em Brasília desde 1966, Ivan foi membro da resistência à ditadura. Ele é também organizador de eventos no CONIC e conhecedor de personagens famosos da história política e cultural da cidade como o ex-governador Cristovam Buarque.

Animação
Nem só de trocas materiais se faz a Escambau. O DJ Chicco Aquino animou o espaço com músicas afrobeat e da black music underground. O pagamento foi a chance de divulgar seu trabalho e de poder tocar com liberdade para um público tão variado. Além dele, o grupo Ciranda Cor Ateliê fez pinturas nas mãos e rostos em troca apenas dos sorrisos dos participantes.

A alegria ditou o tom da feira. Sorridente, o menino André, de oito anos, exibia o patinete trocado por alguns dos antigos CDs da irmã. Houve ainda um sortudo que descobriu um vinil de 25 anos do histórico show de Paul Simon no Central Park.

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