Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Faculdade de Medicina fechada

Falta de estrutura do HUB prejudica o curso. Professores e estudantes da área decidem paralisar as atividades acadêmicas
por Ana Elisa Santana
foto de Ligia Borges



O conselho pleno da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB) decidiu hoje, dia 14, que todos os semestres do curso estão paralisados até que se resolvam os problemas recorrentes enfrentados pelo Hospital Universitário de Brasília – HUB. Não haverá, também, matrícula para Medicina no primeiro semestre de 2007.

Com o fechamento da maternidade no último domingo devido à falta de médicos pediatras, aproximadamente 80 estudantes do internato (11° e 12° semestres) e 40 estudantes do 8° semestre - que cursam disciplinas de pediatria e obstetrícia - tiveram que suspender as atividades acadêmicas.

Já o medo de um futuro encavalamento – no qual os semestres anteriores se atrasam devido ao atraso dos prejudicados no presente - levou os os demais alunos de medicina a acatarem a paralisação total do curso. Além do encavalamento, estudantes correm o risco de ficarem sem data para a formatura. A decisão tirada pelos alunos aconteceu ontem, 13, em reunião do Centro Acadêmico de Medicina (CAMED).

Decisão difícil

Cerca de 44 estudantes e professores participaram do Conselho, que encaminhou a votação de duas saídas para o problema: a primeira proposta sugeriu paralisar todo o curso por, pelo menos, duas semanas com suspensão de matrícula no primeiro semestre de 2007.

A segunda alternativa defendeu a continuação do curso apenas com os semestres em condições de trabalho. Por 32 votos a 12, a Faculdade de Medicina foi fechada e, com isso, nenhum dos estudantes receberá oferta de matrícula para o primeiro semestre de 2007, marcada para o dia 12 de março.

O conselho tentará se reunir na próxima sexta-feira, 16, com representantes da Secretaria de Saúde, do Conselho Regional de Medicina, e com o reitor em exercício Edgar Mamiya, para discutir a possibilidade de remanejarem profissionais da rede pública do DF para o HUB.

Direito negado

Durante a reunião do Conselho, alguns participantes questionaram o papel da reitoria nas causas do problema e a convidaram a responder a pergunta “Hospital Universitário: Ensino e Assistência. Responsabilidade de quem?” – escrita em uma faixa colocada no auditório do HUB.

Professores também lembraram que, ao longo dos anos, os problemas se agravaram e são necessárias soluções mais eficazes e duradouras: “Não podemos ficar tapando buraco”, completou Maria de Fátima Brito, professora da faculdade. Opinião compartilhada pelo CAMED, que solicitou não só a resolução para os problemas emergenciais, como também o compromisso de se rever a estrutura geral da graduação em Medicina.

De acordo com o Centro Acadêmico, os estudantes estão dispostos a arcar com os prejuízos do corte no fluxo do curso em nome da melhora no ensino e nos serviços prestado pelo HUB. O CAMED entrou com uma ação no Ministério Público Federal contra o Estado, alegando que as condições precárias impedem o direito ao estudo. Segundo a estudante Júlia Farage, é importante frisar que a paralisação não é uma greve.“Estamos impedidos de trabalhar no hospital, e é por isso temos que ficar parados”, afirma a aluna do 11º semestre.

Na quinta-feira após o Carnaval, dia 22, o Conselho dará continuidade a reunião de hoje para avaliar a paralisação e os encaminhamentos tirados. Caso não haja melhorias até a data, o conselho discutirá novas opções para a solução do problema.

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