Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Futebol!

Ao pó voltarás
por Vitor Matos

Bombas, explosões, prédios voando pelos ares. Durante muito tempo, essas imagens foram sinônimo de Oriente Médio. Mas o monopólio acabou. Não porque as guerras tenham cessado naquela parte do mundo, pelo contrário. Ocorre é que agora o Brasil também começa a se enveredar pelo ramo das detonações, implosões e etc.. Muito em breve, não mais precisaremos assistir ao noticiário internacional para ver construções inteiras irem à pique; bastará dar uma saidinha pela rua.

A moda foi lançada pelo vanguardista governador do Distrito Federal. Numa análise detalhada, em parceria com seus consultores, ele percebeu que a máquina pública do DF estava emperrada. Havia muitos entraves dificultando o funcionamento sadio e sustentável do governo. Não pensou duas vezes. Decidiu implodir tudo que julgava obsoleto e oneroso para o GDF ― desde prédios abandonados até funcionários. E assim começou a operação “ao pó voltarás” em Brasília. Um prédio já foi implodido, proporcionando espetáculo único e inédito para os habitantes da capital. Novas implosões já estão programadas. Fica aqui a torcida desta coluna para que o GDF não faça confusões, resolvendo, na sanha de mandar aos céus todo prédio de Brasília que tiver aspecto de abandonado e inútil, dinamitar também o Congresso. Seria desagradável.

Como tudo o que é bom merece ser copiado, Ricardo Teixeira, presidente da CBF, andou defendendo por aí os ideais explosivos. Já contando com a possibilidade de o Brasil sediar a Copa de 2014, Teixeira avisou que o Maracanã, de tão carcomido, não teria condições de ser utilizado no torneio. E, como se não bastasse, acenou com a possibilidade de implodir o estádio. Que beleza. Os cariocas ficaram alarmados e o governador Sérgio Cabral chamou o presidente da CBF para um particular. Ricardo Teixeira, então, diante das promessas de Cabral para modernizar o Maracanã, abriu mão dos seus ímpetos destruidores. Mas inaugurou a prática política que já entrou para os registros como a “Implosão Preventiva”.

E não pára por aí a versatilidade do brasileiro. Além de todas essas modalidades já citadas, temos nos aventurado também na seara da “auto-implosão”. Para quem não sabe, é um tipo kamikaze de implosão, na qual o indivíduo ― sabe-se lá por quais razões ― resolve dinamitar a própria biografia, através de sucessivas ações nocivas à sua moral e reputação . É o que vem acontecendo com Ronaldo, outrora Fenômeno. As noites de excesso, os namoros badalados e os quilos a mais têm custado caro à carreira do jogador. Sua decadência ― precoce, diga-se de passagem, ele só tem 30 anos ― é evidente. Para se ter uma idéia, nessa semana ele se transferiu do Real Madri para o Milan pelo módico valor de 5 milhões de euros. Ronaldo tinha custado ao clube madrilenho quase 80 milhões. Melancólico, pra quem já foi considerado um dos melhores jogadores do mundo.

Bem-aventurados somos eu e você, querido leitor, testemunhas da virada da maré. A História mostra que dos escombros surgem as bases para uma nova e promissora era. Das ruínas de Pompéia, a arte; dos restos do muro de Berlim, a paz; dos destroços de Tróia, o filme. Sabe-se lá que maravilhas essa onda de implosões pelo Brasil pode suscitar? Que dádivas deverão revelar os prédios destruídos de Brasília? Sigamos implodindo, camaradas, que este é o caminho. Tijolos, tremei.

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