Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


quinta-feira, 30 de novembro de 2006

A diferença é a música

Brasília Super Rádio FM completa 26 anos como uma opção única para o ouvinte da cidade
por Gabriel Castro
foto: Gabriel Castro

Quem sintoniza o dial na freqüência 89,9 encontra uma rádio que, por assim dizer, não se faz mais hoje em dia. Nascida de um sonho antigo de Mario Garofalo, falecido em 2004, a Brasília Super Rádio FM (ou apenas Super FM) tem uma programação diferenciada: é uma rádio que valoriza a música clássica e a música popular de alta qualidade.

O “ítalo-cearense” Mario atravessou o século XX fazendo jornalismo à sua maneira- conseguiu, entre outras proezas, tornar Getúlio Vargas um involuntário garoto propaganda de um patrocinador de deu programa. Garofalo também conseguiu, fazendo uso do seu bom italiano, convencer o papa João Paulo II a presenciar a inauguração da Brasília Super Rádio FM. O fato ocorreu durante a visita do Pontífice à capital federal, em 1980. Além da rádio Vaticano, a estação brasiliense é a única emisorra do mundo inaugurada com a bênção de um Papa. Mario foi casado com Lúcia Garofalo, que sempre trabalhou na rádio.

O único programa ao vivo da Super FM é também o mais ouvido: “Um Piano ao Cair da Noite”. Apresentado do palco-auditório Mario Garofalo, no Conjunto Nacional, o programa atrai diariamente 25 pessoas, que se acomodam em simplórias cadeiras para ouvir in loco as apresentações que são difundidas também pelas ondas da rádio. O local é freqüentado por compradores do shopping que se rendem ao belo som do piano. Mas também há os espectadores fixos, como explica Lúcia: “Existem, inclusive, os ouvintes fiéis a cada pianista”. E são quatro os músicos que se revezam no local ao longo da semana: Toninho, Felício Boccomino, José Mendes de Jair Panciera.

Próximo ao palco, foi instalado recentemente um espaço infantil. O barulho das crianças às vezes atrapalha. Da primeira fileira da platéia, levanta-se uma velha senhora. Enérgica, ele pede silêncio aos meninos. E volta com um sorriso nos lábios. O jovem pai, usando camisa social, passa ao lado do palco e pede para a filha esperar. O som do piano chamou sua atenção. Em pouco tempo ele se senta em meio aos ouvintes. Depois se levanta. Deixa a filha no espaço infantil, com as outras crianças. E volta para ouvir, até o fim, a apresentação de Felício Boccomino. De vez em quando (talvez com medo da velha) ele vai pedir que a filha faça silêncio. A menina nem liga.


Apresentação de José Luiz Mazziotti: repertório versátil em local acessível


O repertório do programa é variado: de John Lennon a Tom Jobim; de Villa Lobos a Elvis Presley. Quatro pianistas se revezam ao longo da semana. Felício Boccomino é o mais antigo deles: participa do programa há 16 anos e toca duas vezes por semana. Ele segue rigorosamente um costume: sempre inicia sua apresentação com a execução de uma obra de melodia serena e nome comprido: Nocturno em Mi bemol Maior – Opus nº 2 de Chopin. “É assim desde sempre”, conta o pianista. Além das tradicionais apresentações de piano, o programa abre espaço para outros estilos. José Luiz Mazziotti, violonista que é parceiro de Chico Buarque, participou recentemente do Um Piano ao Cair da Noite. Ele aprovou o formato da apresentação: "É um programa diferente, muito bom de se fazer"

Lúcia Garofalo se empolga ao falar da rádio. A viúva de Mario assumiu toda a parte administrativa da Super FM após a morte do marido. E ainda tem tempo para apresentar diariamente o Um Piano ao Cair da Noite. Percebe-se facilmente que a Brasília Super Rádio FM é sua vida. A conversa com o repórter, que deveria ser de cinco minutos (Lúcia tinha um compromisso em seguida) durou uma hora. A dama da Super FM leva a rádio à frente com as mesma determinação de Mario Garofalo, apesar das dificuldades : “A rádio já passou por crises financeiras, mas sempre sobreviveu”, relembra a senhora.

Um piano ao Cair da Noite vai ao ar há 25 anos. De segunda a sexta, às 18h. Ou um pouco depois, já que a Super FM segue a tradição de reproduzir a Ave Maria às seis da tarde, a hora do Angelus. “É importante valorizar nossas raízes religiosas e culturais”, justifica Lúcia. E ninguém duvida que a Brasília Super Rádio Fm cumpre, há 26 anos, essa tarefa.

4 comentários:

Anônimo disse...

Q materia enorme.. era pra lerr mesmo?

Anônimo disse...

É preocupante as pessoas reclamarem do tamanho das matérias e não do seu conteúdo...

Anônimo disse...

Boa matéria, parabéns. Principalmente do ponto de vista do conteúdo, diria xD.

Sou ouvinte pleno da rádio e por isso ela me interessou. A matéria apenas tem alguns erros de digitação aqui e ali, aceitável no célere meio digital, e facilmente corrigível com uma pequena edição.

Boa escolha de pauta.
Abraços.

Anônimo disse...

Em se tratando de jornalismo on-line o tamanho importa sim... e não era para ser bom não reclamarem do conteúdo?