Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


quinta-feira, 12 de outubro de 2006

Especial - HUB (parte 2)

Cozinha: indispensável, porém esquecida
por Carolina Martins e Carolina Menkes
fotos: Felipe Néri

Ao se falar de hospitais, é comum associá-los a algumas de suas alas, como o ambulatório, a emergência, e os programas assistenciais. Mas a cozinha, um dos locais mais importantes, é muitas vezes deixada de lado. Ela é responsável por fornecer a alimentação dos funcionários e pacientes e é essencial que a comida esteja balanceada por nutricionistas, seja preparada em condições adequadas e por cozinheiros experientes.

A cozinha do HUB é industrial e conta com seis nutricionistas, cinco técnicos em nutrição e 80 pessoas responsáveis por preparar e distribuir as refeições entre as inúmeras alas do hospital. O ritmo de trabalho é intenso: funciona 24 horas por dia e ainda fornece mamadeiras para a maternidade. É dividida para atender a todos os pacientes, especialmente aqueles que têm restrições na alimentação. Há a cozinha geral, responsável pela alimentação de funcionários, parentes e acompanhantes; e a cozinha dietética, que prepara dietas hipocalóricas, com restrição de sal, gordura e minerais.


São cerca de 90 mil refeições por mês e a aquisição dos alimentos exige empenho da chefe de Centro de Produção, Raimunda Pimentel. “Pra chegar comida aqui é terrível”. Funcionária do HUB há 28 anos, Raimunda revela o descaso com que a cozinha é tratada. Segunda ela, as entregas sempre chegam com atraso e muitas vezes, para que não falte comida, ela é obrigada a pegar emprestado no RU e pedir doação de instituições.


Outra reclamação é sobre os carrinhos que transportam os alimentos. Raimunda conta que já foram feitos, há 10 anos, documentos para a obtenção de equipamentos ideais, já que os atuais estão muito obsoletos, mas o pedido nunca foi atendido. Segundo ela, é muito mais difícil conseguir materiais para cozinha do que para qualquer outro departamento.

A área física do local também não é apropriada, com vários problemas de manutenção. Raimunda afirma que a cozinha já passou por reforma, “mas muito mal feita”. Segunda ela, só não fechou porque é um órgão público. “A estrutura aqui é arcaica, não atende as exigências da vigilância sanitária”, reclama. Quase tudo é inadequado, como, por exemplo, a altura do local. “Depois de muita luta o chefe da engenharia veio e tampou umas pedras, fez calçada, mas estamos esperando dinheiro pra continuar”, explica.

E o problema não é só na cozinha. Raimunda denuncia também a falta de estrutura do restante do hospital: “ o hospital em peso está todo detonado”. A verba é escassa e o dinheiro mal dá para pagar os funcionários. “Por ser um hospital voltado para o ensino, a Universidade [UnB] tem que ajudar na nutrição, já que atendemos estudantes aqui”, protesta.

Esta é a segunda parte de uma série de três reportagens sobre o Hospital Universitário de Brasília. A última parte será publicada neste sábado, dia 14.

Nenhum comentário: