Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


domingo, 17 de setembro de 2006

Editorial

No Brasil, é regra: a cada eleição em que se troca o presidente, a estrutura do Estado é substituída de alto a baixo. Trocam-se as equipes, contratam-se inúmeros funcionários de confiança. Os programas e projetos são extintos (para depois serem recriados com outros nomes). Tudo pára por alguns meses, até que a máquina governamental esteja pronta para funcionar de novo. A prática é um sinal evidente de nosso despreparo político. Até porque, no Brasil, não existem grandes diferenças ideológicas entre os partidos que costumam ocupar o poder. As divergências programáticas entre 95% deles não passam de detalhes desimportantes.

Alguns países no mundo já chegaram a uma verdade que ainda não descobrimos: o presidente do Brasil não precisa ser um político, mas sim um administrador. Não precisa ser um brasileiro apaixonado, basta que seja um gestor competente. O Estado não é um pai que deve resolver os problemas dos filhos. O seu papel é apenas gerir dos assuntos da nação. Como diria Ronald Reagan, que já sabia disso há 20 anos, o Estado nunca ajuda, e às vezes atrapalha. Por aqui, ainda acreditamos que o governo precisa dar emprego, dar casa, dar comida, dar cultura e dar esporte à população. Só não percebemos ainda a relação que existe entre esse Estado provedor e a nossa altíssima carga tributária- a maior do mundo. Sem contar que com tanto dinheiro circulando nos cofres públicos, os corruptos agradecem.

Ainda acreditamos que a solução para os nossos problemas é ideológica. Apostamos num candidato porque ele pretende mudar, revolucionar. Pior: apesar de escolhermos candidatos por suas idéias (e não pela sua capacidade administrativa), não temos noção alguma do que é liberalismo, socialismo, social-democracia. Não sabemos o que é direita e o que é esquerda. Mas achamos que sabemos.

No fim das contas, quem está certo é o inofensivo candidato Luciano Bivar. Em seu programa na TV, ele anda dizendo que "O presidente do Brasil precisa ser menos político e mais administrador". Pena que ninguém ouviu.

3 comentários:

Anônimo disse...

Seria de fato ideal, em condições de igualdade social, que o Estado se posicionasse menos como pai e protetor e mais como gestor de uma economia de mercado livre e competitiva. Só que o Brasil não tem uma população de renda homogênea, onde todos têm as mesmas condições de vida. E eu desafio qualquer um a mostrar que países de política neo-liberal, como a proposta, tenham condições plenas de vida semelhantes a todos.

Não acredito, de forma alguma, na utopia socialista. Não vejo o fim dos "patrões" e a divisão igualitária de bens e propriedades como a solução para o nosso país. Mas deixar que as empresas, cujo único objetivo (o que é compreensível) é o lucro, cuidem do nosso mercado é pedir que a miséria e a carestia apenas aumentem em um país martirizado como o nosso.

O presidente realmente precisa ser menos político e mais administrador, mas não como um síndico de prédio. Não se pode negar as mazelas sociais do país, e resumir a solução destas a medidas econômicas neo-liberais. É chamar o leitor de ignorante e o eleitor de rebanho.

Anônimo disse...

EM relação ao comentário acima

"Não se pode negar as mazelas sociais do país, e resumir a solução destas a medidas econômicas neo-liberais."

Não entendi essa parte. Se se negam as mazelas sociais, não é preciso sequer mencionar soluções a elas, afinal, elas não estão sendo negadas? Sua própria existência não é contestada? Se em vez da conjunção "e", houvesse um "ou", faria mais sentido.

Anônimo disse...

Obrigado pela correção, meu caro. De fato, eu me enganei e deveria haver um "ou" ali mesmo.