Limpeza

por Marina de Sá

Na última quinta-feira, 06/07, começou, oficialmente, a campanha eleitoral. A propaganda de sabão em pó passou a fazer bastante sentido, apesar da inverossimilhança retratada. Crianças lindas, limpinhas, sorridentes e com cabelos sedosos conseguem, finalmente, a “liberdade” para entrarem num parque. Ali, a farra inicia e o barro faz a festa.

7:45 da manhã, um candidato já distribuía panfletos na porta da Universidade. Homem de meia idade bem vistoso, sorrisão intacto e a descrição do caráter moralista ali. Diagramação básica, nada inovador – esteticamente falando. Não é o conteúdo político do aspirante citado que, agora, combina com o sabão – logo que análises políticas não faltarão. Mas a sua vontade de aparecer e mostrar quem é encarna o papel da meninada.

A meninada fica feliz quando o portão é aberto. Saem correndo e encontram o marrom, que vira sinônimo de brincadeira legal. Agora é válido também receber inúmeros folhetos pela rua – além da Dona Fulana que faz amarração para o amor e do enésimo churrasco em que suco Gummy não vai faltar – dos candidatos.

E vem o trio elétrico, o programa na televisão, o adesivo no carro e outras idéias originalíssimas. Só não vem a grama limpinha quando tudo acaba. É um tema batido, sei. E de tão batido, ninguém faz nada. “É bom que os garis terão o que fazer”, foi a máxima ouvida sobre esse assunto. Na foto, parecem bem polidos. Na televisão, as crianças são perfeitas. E ambos alcançam a proeza de tanta sujeira.

O sabão em pó? As mamães nem possuem rugas, afinal ele tira as partículas sujas e a brincadeira pode prosseguir por 30 segundos no próximo intervalo. Pena que não retira a galeria instalada nos postes.

Marina é estudante do 1º semestre de Jornalismo na UnB.

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