Extorsão por telefone
Detentos apavoram brasilienses com falsa informação de acidente envolvendo parentes das vítimas. Posteriormente mudam o discurso para seqüestro e extorsão
por Alan Borges
O tormento começa com uma ligação a cobrar. Um desconhecido se passa por um bombeiro ou policial militar e diz à vítima que alguém de sua família sofreu um acidente. Ele não diz o nome do acidentado. A vítima, abalada emocionalmente, repassa todas as informações sobre o parente sem se dar conta de seu erro. O acidente é só o pretexto para a extorsão. Em seguida, o estranho muda a história e diz se tratar de um seqüestro-relâmpago. Inicia-se, a partir desse momento, a chantagem.
Esse tipo de crime tem-se tornado muito comum no Distrito Federal. Há pelo menos um ano e meio os brasilienses sofrem esse golpe. A polícia registrou 276 ocorrências em 2005. A estimativa é de que esse número seja ainda maior, pois boa parte das vítimas não comunica o fato às delegacias. “A vítima não acredita na capacidade da polícia em elucidar esse tipo de crime”, afirma Manoel Ferraz, delegado da Divisão de Repressão a Seqüestros (DRS). A incredulidade na eficácia da polícia encoraja os bandidos a continuar praticando crimes. O delegado cita o caso de um auditor fiscal que pagou R$18.000 aos bandidos. Um outro caso envolve uma pessoa que, quando ia fazer o saque para pagar o resgate do possível seqüestro da esposa, foi abordado por dois policiais que o alertaram sobre o trote.
As pessoas devem desconfiar de qualquer ligação interurbana a cobrar, pois nenhum serviço de emergência faz esse tipo de ligação. Segundo o delegado da DRS, a maioria dessas ligações vem de presídios fluminenses. “Não adianta colocar bloqueadores de celular e não ligá-los, como acontece no Rio. Deve-se coibir a entrada dos aparelhos nas cadeias”, afirma Manoel Ferraz. Ainda, segundo o delegado, é possível descobrir quem efetuou as ligações mediante a gravação das mesmas. Dessa forma, pode-se instaurar um inquérito e responsabilizar quem cometeu o crime de extorsão.
Fuja do golpe
- Não dê informações pessoais a estranhos. Os criminosos usam várias táticas para convencer as vítimas.
- Serviços de emergência não fazem ligação a cobrar para informar acidentes.
- Antes de tomar qualquer atitude, procure as autoridades policiais.
Alan é estudante de Jornalismo na UnB.
Matéria produzida originalmente para a disciplina Técnicas de Jornalismo.
2 comentários:
O corte seco na edição atrapalha a clareza do texto. Evite fazê-lo.
Muito conveniente a matéria...inclusive conheço 2 pessoas que sofreram o trote.Como costumam dizer, é o "crime que está na moda."
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