Notas Expressas

Tivemos um enxugamento do nosso corpo de repórteres, mas estamos, aos poucos, retomando o ritmo de publicação de matérias.
(atualizado em 20 de outubro de 2007)


quinta-feira, 1 de junho de 2006

Enquanto o shopping popular não é construído...

Calçadas lotadas, tumulto e muito barulho caracterizam as feiras improvisadas pelos trabalhadores informais
por Luana Lleras
com a colaboração de Guilherme Rosa


Quem passa todos os dias pela calçada que liga a plataforma superior da rodoviária ao Conjunto Nacional, está destinado a sofrer empurrões por todo o percurso. Desvio de obstáculos e poluição sonora são algumas das dificuldades que os pedestres têm ao passar pela aglomeração. A passarela lotada parece contrariar a lógica de planejamento que caracteriza Brasília.

Caminhando pelo calçadão da rodoviária podemos identificar a grande variedade de camelôs tanto pelo seu tipo físico como pelos produtos oferecidos. O peruano que vende CDs com músicas andinas divide espaço com a senhora de 60 anos que faz peças de tricô. Em geral, o motivo que os levaram a escolher esse tipo de trabalho é a falta de empregos em outro setor.

“A situação aqui não é agradável”, diz Fátima, 61, que trabalha como camelô há 10 anos. Segundo ela, o que é vendido rende em torno de quatrocentos reais por mês, o suficiente para sobreviver. As condições de trabalho também não são as melhores. Os trabalhadores em geral chegam por volta das 8 horas e vão embora ao final da tarde, às vezes sem vender uma única peça.

A alternativa do governo ao problema da “superlotação” de ambulantes nas ruas é a criação do shopping popular. Ele irá abrigar os vendedores da rodoviária, do calçadão do Conjunto Nacional, Grande Circular e Setor Comercial Sul. Os comerciantes apresentam pontos de vista diferentes sobre o assunto. José Antônio de Freitas, 49, prefere a movimentada calçada da rodoviária a um espaço no shopping. Já Fátima vê essa oportunidade como um meio de fugir da chuva e da poeira que estragam as mercadorias.

As obras não têm previsão para começar mas devem terminar em um ano ou um ano e meio segundo dados da Administração de Brasília. Os ambulantes deverão ocupar, enquanto isso, o estacionamento do estádio Mané Garrincha, disponibilizado durante o período de obras do novo shopping. A transferência dos trabalhadores ainda não foi iniciada. E eles continuam com suas feiras improvisadas nas calçadas.

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