Coluna - Futebol
Falta pagode
por Vitor Matos
A Copa do Mundo (até ela) tem um lado desgastante, do qual eu não me lembrava. Não, não falo das manobras obscuras que precisamos adotar para driblar nossos compromissos e acompanhar a maratona de jogos. Refiro-me, antes, à leviandade da imprensa esportiva, que aflora nessa época. É um show de desinformação, comentários ufanistas e especulações maldosas. Com a profusão de mesas de debate e programas sobre o Mundial, aí é que a ferida fica ainda mais exposta. Basta ligar a TV para ser violentado pelo despreparo e irresponsabilidade de muitos dos profissionais que cobrem o evento.
A impressão que se tem é que, mesmo aqueles cuja profissão é comentar futebol, não acompanham o esporte de maneira adequada e possuem um conhecimento até limitado da área. Saber quem foi o campeão carioca de 44, discutir os jogos numa roda de bar, fazer parte da imprensa esportiva há 30 anos, nada disso significa que o indivíduo esteja apto para falar de futebol. É preciso estar a par dos diversos campeonatos mundo afora (especialmente os europeus), conhecer o perfil e o modo de pensar de jogadores e técnicos das mais variadas nacionalidades, cultivar a leitura de jornais como o Às e o Marca (Espanha), La Gazzetta dello Sport (Itália), A Bola (Portugal), L´Equip (França).
O advogado, por exemplo, está constantemente atualizando-se e estudando as novas concepções e casos que surgem na sua área. Se o jornalista esportivo fizesse o mesmo, não haveria todo esse estarrecimento em torno da má fase de Ronaldo, a seleção do Japão não teria sido cantada como a segunda força do grupo do Brasil e o México não teria figurado, nos prognósticos dos “especialistas”, como a grande surpresa da Copa.
Nessa linha da leviandade, cuja tônica é posar de catedrático e disseminar opiniões sem fundamentação como se fossem verdades absolutas, a bola da vez é o Juninho Pernambucano. A imprensa inteira pede a sua entrada no time e anuncia que daí sairá a salvação da Seleção. Baseada em quê? Em nada. Ninguém lembra que, nos dois primeiros anos da nova Era Parreira, o Juninho foi titular e o time colecionava resultados magérrimos: 1x1 com a Alemanha, 0x0 com a França, 0x1 com o Equador...As melhores atuações do Brasil nos últimos quatro anos foram com o Juninho sentado no banco, exatamente aonde ele está agora.
Contudo, tamanha é a martelação da imprensa, o nome do meio-campo do Lyon virou unanimidade nacional. O próprio Juninho tem se achado um injustiçado. Isso acaba criando um desconforto no clima da Seleção. Tudo graças à irresponsabilidade de jornalistas que fomentam discussões descabidas e que, por fazerem parte da grande mídia, acabam influenciando milhões de brasileiros. Queria eu poder mostrar à população uma opinião diferente da dominante, mas meu público não passa de dez (porém fiéis) leitores.
O que falta na Seleção, amigos, não é o Juninho. Tão pouco é o espírito de grupo ou vontade de vencer, isso sobra na Seleção. Falta pagode. O Gaúcho tem batucado sozinho. Quê isso, gente! Com um pouco mais de pagode, dentro e fora de campo, ninguém segura esse time. “Deixa a vida me levar....”
P.S.: Quando a próxima coluna sair, o Brasil já terá jogado as oitavas-de-final. Discutiremos,então, semana que vem, o adversário das quartas.
3 comentários:
bobagem... grande bobagem...
Grande Feto! boa analise e critica a essa midia desinformada e manipuladora!!!
Você é bom no que faz. Só não é melhor do que eu.
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