Coluna - Futebol
Questões de prioridade
por Vítor Matos
Um hexacampeonato se parece muito com a lagosta: todo mundo quer, porque é difícil de conseguir. Não é de se admirar que ambos sejam tão valiosos. A lagosta chega a custar 80 reais o quilo nas enseadas mais badaladas do nosso litoral. E o hexa, quanto vale? Leitor, seja sincero, o que você estaria disposto a pagar para que o Brasil conquiste tão sonhado título? Suponhamos, você tem um professor, argentino, diga-se de passagem. O tal é fanático por futebol, mas, que infelicidade, a Argentina vai para a final da Copa. O Brasil disputará a final com a Alemanha. O tal professor, transbordando azedume, resolve marcar a prova final para o grande dia da decisão, 9 de julho. Você reprovaria por um Hexa? Digo mais. E se sua namorada ― não necessariamente argentina ― te chamasse para apreciar um artesanato andino na Torre de Tv na hora do referido jogo? Você renunciaria à sua companheira por um Hexa? Quanto valem seis estrelas no peito para você, meu amigo?
O certo é que 300 habitantes da cidade de Weggis ― sede do Brasil na fase de preparação para o Mundial ― tiveram que pagar um preço muito alto pelo sucesso da nossa Seleção. Para que nossos craques desfrutassem de adequadas condições de trabalho, uma fazenda precisou ser destruída, e em seu lugar foi construído um moderno centro de treinamento. O problema é que nessa propriedade criava-se porcos. Três centenas deles, para ser mais exato. Todos mortos. Naquela pequena cidade cravada nos Alpes suíços, eles representavam quase 10% da população. Massacrados, chacinados, exterminados, sem direito à misericórdia. E o Greenpeace? Omisso. Fossem trezentas baleias azuis, a história era diferente.
Mas o time de Parreira deve se preocupar com outro tipo de animal, se pretende sagrar-se campeão. O Brasil vai ter de matar um leão por dia no seu caminho rumo ao hexa. Seleções fortes como a Espanha, Holanda e República Tcheca provavelmente cruzarão nossa trajetória na 2a fase. Não será surpresa para este colunista, contudo, se o nosso mais truncado duelo seja realizado contra um antigo rival. Prevejo um encontro estremecedor com a Itália. Isso me dá medo. Os italianos sabem montar um ferrolho na zaga quando nos batemos. Esse ano, para piorar, contam com um triunfo na manga. Alberto Gillardino, jovem centroavante da Azzurra, nasceu num dia auspicioso. Veio ao mundo exatamente na data em que, nos idos de 1982, Paolo Rossi desclassificava Zico & cia. da Copa da Espanha. Será Gillardino um predestinado? Vai saber. Os atacantes são como as lagostas. Quando menos se espera, estão no fundo das redes.
Vítor Matos é estudante de Comunicação Social na UnB.
Um comentário:
Você acha que futebol e política se misturam ? Lembra da Soninha da MTV e agora da ESPN ? Fiz um comentário no blog dela e ela me respondeu. Nossas opiniões divergiram. Depois levei a discussão para o meu blog. Gostaria de saber sua opinião.
Um abraço
Marco Aurélio
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